Case com um destes carros usados e tenha problemas para se divorciar
No dia dos namorados, QUATRO RODAS separou uma lista com dez carros que podem ser um problema para o dono quando o amor acabar
Quando o amor entre um casal acaba, o normal é que seja realizado o divórcio e cada um siga sua vida. A lógica é similar para motoristas e automóveis: o dono ou dona se apaixona, compra o veículo desejado e vive tempos de amor. Quando a relação se desgasta, coloca o carro à venda e busca outro.
Entretanto – assim como ocorre entre os humanos – às vezes a separação do carro pode ser conturbada, litigiosa, dolorosa e muito demorada. Tem carro usado que causa arrepios em concessionárias e revendedores, e ninguém quer.
Os motivos vão desde problemas mecânicos crônicos até alto custo de manutenção, má fama e pouca aceitação do mercado de usados.
Pensando nisso, QUATRO RODAS separou uma lista com dez carros que podem render um casamento mais duradouro que o esperado com seus donos.
1. Fiat Linea 1.9 Dualogic
O sedã médio da Fiat foi lançado no Brasil em 2008 e seguiu à venda até 2016. Seu acabamento interno e itens de série, como airbags laterais e de cortina e GPS integrado ao painel, até renderam elogios no lançamento.
Mas o conjunto câmbio-motor escolhido pela Fiat à época do lançamento é o grande responsável por colocar o Linea nesta lista.
Sob o capô, o fabricante optou por um 1.9 flex de 130 cv e 18,1 kgfm, que na verdade era uma versão, com deslocamento aumentado, do antigo 1.6 de origem argentina usado nas famílias Palio e Strada.
A combinação deste propulsor com o câmbio automatizado Dualogic não deixou o Linea emplacar. Tanto que, apenas um ano após o lançamento, a Fiat aposentou o 1.9 e passou a utilizar o 1.8 Etorq, que equipou modelos como Strada, Grand Siena, Argo, Toro, Renegade… Isso sem falar na versão T-Jet, com motor 1.4 turbo de 152 cv e câmbio manual, que só teve cerca de 700 unidades vendidas.
2. Ford Focus Powershift
Descontinuado no Brasil em meados de 2019, o Ford Focus é uma boa opção de usado para quem preza por conforto, desempenho e tecnologia.
As versões topo de linha vêm equipadas com um motor 2.0, capaz de render até 178 cv e 22,1 kgfm, e tem até sistema de frenagem autônoma (versão Titanium Plus).
O problema está no câmbio automatizado de dupla embreagem Powershift. A peça apresentou problemas crônicos que vão desde superaquecimento, trepidação e ruídos até desgaste precoce da embreagem dupla.
A própria Ford admitiu as falhas e estendeu a garantia do câmbio para dez anos ou 240.000 km. Mesmo assim, há concessionárias que nem aceitam o Focus na troca e muitos proprietários descontentes com a garantia prestada pela Ford.
3. Hyundai Elantra 1.8
O sedã médio chegou ao Brasil importado da Coreia do Sul em 2011 com a missão de competir com Honda Civic, Toyota Corolla e VW Jetta.
No entanto, não empolgou tanto os brasileiros nos primeiros anos. Além do pouco apelo comercial, as versões equipadas com o motor 1.8 a gasolina de 150 cv geraram resistência, já que o desempenho era somente “normal” e não podia usar álcool.
No design, as rodas aro 17, que deixavam os freios a tambor à mostra, também pesavam contra o Elantra entre 2011 e 2013.
E quando o sedã médio ganhou o motor 2.0 flex de 167 cv e freios a disco na traseira já havia ficado para trás. As vendas do modelo foram minguando, até que a Caoa encerrou suas importações em janeiro de 2020.
4. Peugeot 408 com câmbio de quatro marchas
O sedã médio francês chegou ao Brasil em 2011 trazendo uma boa cesta de equipamentos, design elogiável e os motores 2.0 aspirado de 143 cv.
O calo do modelo, no entanto, também é o câmbio. Até 2013, o 408 era vendido com uma caixa automática de apenas quatro marchas na versão 2.0, que afetava não só o consumo como também o desempenho do motor 2.0.
Para tentar alavancar as vendas, a partir de 2014 o sedã passou a ser vendido com o câmbio de seis marchas que era usado nas versões com motor e 1.6 THP de 165 cv desde 2013. O rendimento melhorou consideravelmente, mas os emplacamentos continuaram baixos e o modelo saiu de linha em 2019. Alta mesmo, só a desvalorização do usado.
5. Chevrolet Captiva V6
Assim como o Ford Fusion V6, o Chevrolet Captiva tem câmbio automático de seis marchas que recorrentemente apresenta problemas.
As falhas são mais frequentes nas unidades equipadas com o motor V6 de 261 cv, que foi substituído por outro mais potente em 2011.
Os defeitos variam desde rompimento no disco de mola até a quebra total da transmissão, passando por falhas no módulo eletrônico.
O alto custo do reparo, que pode chegar a R$ 35.000, faz o SUV não ser tão querido no mercado de usados. As versões V6, inclusive, são mais baratas que as com motor 2.4 de quatro cilindros.
6. Mitsubishi Pajero Sport V6 flex
O SUV japonês foi o primeiro a ter um motor V6 movido a etanol e gasolina. E pode-se dizer que a estreia não foi boa.
Segundo dados do próprio fabricante, a Pajero chegava a marcar 3,5 km/l na cidade e não mais que 7 km/l no trecho rodoviário com etanol no tanque.
A fama merecida de carro beberrão faz os compradores muitas vezes virarem a cara e nem quererem se sentar à mesa para negociar as versões flex. Quem há de julgá-los?
7. Nissan Tiida Sedan
O sedã compacto chegou ao Brasil em 2011 importado do México e teve vida curta, saindo de linha em 2013 para dar lugar ao Versa.
O modelo tinha preços atrativos (faixa dos R$ 44.000 quando zero), mas pecava por ser, já naquela época, pouco recheado na comparação com a versão hatch. Era vendido apenas com rodas de aço e airbags frontais eram itens opcionais.
O motor 1.8 flex de 126 cv, acoplado a câmbio manual ou automático de seis marchas, também não era dos melhores: atingia os 100 km/h em 11 segundos e fazia apenas 6,9 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada, quando movido a etanol.
Por todas essas razões, o Tiida Sedan pode dar trabalho para o dono na hora da venda.
8. Fiat Freemont
O SUV de cinco ou sete lugares chegou ao Brasil em 2011, mas não foi exatamente uma novidade em nosso mercado.
Isso porque desde 2008 (e até hoje) a Dodge já comercializava por aqui o Journey, irmão gêmeo do Freemont no design, mas com motor V6 e equipamentos mais sofisticados. Pode-se dizer que a estratégia da marca (controladora de Fiat e Dodge) não funcionou.
Mesmo custando até R$ 20.000 a menos, o desempenho e consumo do motor 2.4 a gasolina – utilizado até pouco tempo atrás em versão flex pela Fiat Toro – não deixaram o Freemont decolar. O comportamento era ainda pior com o câmbio automático de quatro marchas, usado entre 2011 e 2013.
A cesta de equipamentos de série, bem menos recheada que a do Dodge, também pesa contra o modelo da Fiat, que saiu de linha em 2015.
9. Citroën C4 Picasso
Os carros franceses, em si, já não têm uma boa fama quando o assunto é revenda. Em muitos casos, no entanto, isso pode ser considerado lenda. Mas não para o Citroën C4 Picasso.
Primeiro porque a grande maioria dos compradores de minivans foi seduzida pelo tsunami de SUVs que inundou nosso mercado nos últimos seis anos.
Além disso, o custo de reposição de peças do carro não é dos mais baratos, já que o modelo vinha importado da Espanha até meados do ano passado, quando saiu de linha.
Por outro lado, o motor 1.6 THP, espaço interno e itens de série são pontos positivos do Citroën.
10. Volkswagen Touareg
O SUV de luxo da VW saiu de linha por aqui em janeiro de 2019, após emplacar somente seis unidades ao longo de 2018. Era vendido com duas opções de motorização: V6 de 280 cv e V8 de 380 cv, com etiquetas de R$ 337.630 e R$ 402.744, respectivamente.
Era relativamente barato para um SUV grande, mas o fato de ser, na prática, um Porsche Cayenne da Volkswagen, torna suas peças e manutenção muito caras. Tudo isso pode (e vai) trazer problemas na hora da revenda. Mais ainda se for blindado.