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Longa Duração: o desmonte do Audi A3 1.4 TFSI

Desmontado, o motor do A3 se mostrou o mais limpo da história do Longa Duração. Mas e o restante do carro, será que foi tão bem?

Por Péricles Malheiros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 Maio 2018, 16h58 - Publicado em 14 jun 2017, 17h48
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  • (Xico Bunny/Quatro Rodas)

    As mudanças trazidas pela nacionalização do A3 no início de 2016 botavam medo: o rápido (mas ruidoso) câmbio de dupla embreagem e sete marchas fora substituído por um mais simples, com conversor de torque e seis marchas; a sofisticada suspensão multi­link deu lugar a uma mais simples, baseada em eixo de torção; o motor seguia o mesmo 1.4 turbo com injeção direta da versão importada, mas passou a ser flexível.

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    O A3 nacional parecia ser um prato cheio para o Longa Duração. E foi mesmo.

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    Compramos o A3 assim que as vendas começaram e, em fevereiro de 2016, ele iniciava sua trajetória ao nosso lado.

    Passados 60.000 km, podemos afirmar: os principais pontos alterados no processo de nacionalização tiraram, sim, parte do refino da direção do A3, mas ele segue sendo um sedã confortável, obediente e, como você verá a seguir, confiável.

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    Conhecimento prévio

    Longa Duração - Audi A3
    Rede Audi vacilou nas primeiras revisões, mas depois se redimiu (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Antes de iniciar a desmontagem, nosso consultor técnico, Fabio Fukuda, assume o volante e dá uma volta no bairro.

    “Faço o mesmo percurso com todos os carros de Longa. O trecho é curto, mas tem valetas, lombadas, buracos e também uma parte com asfalto bom, com curvas, subida e uma reta. É perfeito para buscar ruídos de suspensão, direção e acabamento, além de dar alguma referência de motor e câmbio”, diz.

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    De volta à Fukuda Motorcenter, o A3 é submetido a uma meticulosa inspeção visual. “O ponto alto do desmonte é a análise dimensional das peças, mas a verificação prévia é de suma importância. Assim como a última rodagem, ela nos dá pistas sobre quais pontos devemos concentrar atenção especial durante a desmontagem”, diz Fukuda.

    O desmonte

    Algumas medições são feitas antes do desmonte. Nas três medições de pressão de óleo (em marcha lenta, a 2.000 rpm e a 4.500 rpm), tudo certo. Aferimos, respectivamente, 1,0, 2,0 e 3,2 bar ante 0,6, 1,5 e 2,8 bar indicados pela Audi como valor mínimo tolerado.

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    Distância da tolerância

    A pressão de compressão também trouxe bons números, com média de 9,65 bar nos quatro cilindros, sem variação de pressão entre eles. Segundo o manual técnico da Audi, o mínimo tolerado é 7 bar, com diferença entre os cilindros de até 3 bar.

    Pneu furado? No A3, a troca é fácil e rápida
    Estepe provisório teve de ser utilizado duas vezes ao longo dos 60.000 km (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Cilindros, pistões e virabrequim estavam com todas as medidas folgadamente distantes do mínimo estipulado pela marca.

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    Ainda assim, notamos desgaste na superfície do casquilho superior das bronzinas de bielas. Fizemos as medições, mas, infelizmente, a Audi não divulga os valores tolerados.

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    A abertura do motor também nos permitiu encontrar o responsável por um ainda discreto vazamento de óleo no cárter: “Uma pequena falha na aplicação de cola, decretou Fukuda. Mas o técnico ressaltou: “O que vaza por ali é mínimo. Não era suficiente sequer para formar gotejamento”.

    Os sistemas de alimentação e ignição se despedem aprovados, com corpo de borboleta e velas com baixo grau de contaminação, comprovando a eficácia do filtro de ar.

    Mas o que mais surpreendeu Fabio Fukuda foi o baixo índice de contaminação das válvulas e da cabeça dos pistões: “Sem dúvida, este é o motor mais limpo que eu já vi em carros do Longa Duração”.

    O sedã também passou pelo Museu Memorial JK
    Em Brasília, um destino constante, em frente ao Museu Memorial JK (Péricles Malheiros)

    O câmbio recebeu críticas pelos trancos decorrentes do engate da primeira marcha com o carro ainda em movimento. Mas não era um defeito: é uma característica do projeto sentida do início ao fim da trajetória e até nas unidades seminovas cedidas pela própria Audi para testes e comparativos.

    Sem resíduos metálicos no óleo da transmissão nem registro de falhas guardadas na memória da central eletrônica, adotamos o procedimento padrão do Longa Duração e não abrimos o câmbio – em carros automáticos, ele só é aberto no desmonte da QUATRO RODAS quando há indícios de problemas.

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    Nos freios, nenhuma surpresa: com pastilhas dianteiras trocadas na revisão dos 50.000 km, o conjunto chegou ao final da jornada em plena forma, com boa espessura do material de atrito das pastilhas e discos com riscos e desvios compatíveis com a quilometragem.

    Carga no celular, só com uso de adaptador
    Falta de portas USb foi uma das reclamações no dia-a-dia: para recarregar celulares, só com adaptador na tomada 12V (Marcos Camargo)

    Amortecedores sem sinais de vazamento e respectivos batentes com desgaste compatível com a quilometragem e buchas, terminais e barras axiais sem folga levaram à aprovação dos sistemas de suspensão e direção.

    Carroceria isenta de sinais de invasão de poeira e água, acabamentos bem fixados e livres de deformação e circuito elétrico adequadamente isolados e com terminais de engate confiável também se destacaram.

    Com sua robustez comprovada, não deu outra: o Audi A3 se despede do Longa Duração aprovado.

    Peças aprovadas

    Bloco, velas e pistões

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Sobre o excelente estado das válvulas e dos pistões, nosso consultor e responsável técnico pelos desmontes, Fabio Fukuda, disse: “O A3 terminou o teste com o menor índice de carbonização dentre todos os motores já desmontados. Isso não é pouco”.

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    Suspensão

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    O processo de nacionalização cuidou bem da suspensão. Sem folga ou vazamento, os amortecedores cumpriram bem sua função ao longo dos 60.000 km. Buchas e terminais, ainda justos, mantiveram o conjunto silencioso, assim como os batentes com nível de desgaste compatível com a quilometragem.

     

    Carroceria e isolamento

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Água e pó no interior do A3? Nem pensar. Sistema elétrico bem isolado e com terminais livres de oxidação e acabamentos fixados adequadamente colaboraram para criar um dos pontos mais destacados do sedã ao longo doteste: o conforto a bordo.

     

    Coxins

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Todos os coxins chegaram aos 60.000 km cumprindo seu papel adequadamente. Apenas o torcional mostrou certo desgaste (quase imperceptível), ainda distante de comprometer a sua performance.

     

    Sistema de alimentação

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Ainda que com troca espaçada (a cada 30.000 km), o filtro de ar se mostrou adequado, como prova o bom estado das pás do rotor frio do turbo, do corpo de borboleta e do próprio filtro. Bicos injetores de alta pressão e velas de ignição também chegaram aos 60.000 km em plena forma. Ou seja, sistemas de alimentação e ignição também têm mérito no excelente estado do motor.

     

    Freios

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Substituídas aos 50.000 km, as pastilhas dianteiras foram encontradas com boa espessura do material de atrito. Os quatro discos chegaram ao final doteste em estado compatível com a quilometragem.

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    Peças que demandam atenção

    Virabrequim e bielas

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Casquilhos superiores das bronzinas de biela foram encontrados com sinais de desgaste. “Isso é típico de motores sobrealimentados, que aplicam uma pancada repentina de torque no virabrequim. Mas é evitável”, diz o responsável técnico pelo desmonte, Fabio Fukuda.

     

    Cárter

    (Silvio Gioia/Quatro Rodas)

    Era um vazamento tão pequeno que nem chegava a gotejar. Mas era um vazamento. Uma falha na aplicação de cola (que também funciona como vedante) entre o cárter e o bloco foi indicada como culpada.

     

    Veredicto QUATRO RODAS

    Sair do desmonte com o título de dono do motor com o menor índice de carbonização da história do Longa Duração é para os fortes. Com poucos pontos a melhorar, o A3 mostra que, ao menos no que se refere à sua construção e durabilidade, ele é, de fato, premium.

     

    Linha do tempo (clique nos links para ler as matérias)

     

    Ocorrências

     

    Folha corrida

    Tabela de Preço

    Quilometragem

    Combustível

    Manutenção (revisão/alinhamento)

    Extras

    Custo por 1.000 km

     

    Testes de pista (com etanol)

    1.036 km 60.023 km diferença
    Aceleração de 0 a 100 km/h 8,8 s 8,7 s – 1,14%
    Aceleração de 0 a 1.000 m 29,8 s / 176,1 km/h 29,6 s / 177,9 km/h – 0,67% / + 1,02%
    Retomada de 40 a 80 km/h (em D) 3,7 s 3,7 s 0%
    Retomada de 60 a 100 km/h (em D) 4,9 s 4,8 s
    Retomada de 80 a 120 km/h (em D) 5,6 s 5,9 s
    Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 15,8 / 26,7 / 61,4 m 16,2 / 28 / 63,7 m
    Consumo urbano 8,9 km/l 10 km/l
    Consumo rodoviário 12,5 km/l 13,8 km/l

     

    Ficha técnica – Audi A3 Ambiente 1.4 TFSI Flex

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