A teoria do “menos é mais” pode ser convenientemente aplicada em alguns casos. O Honda HR-V 2023, de nova geração, começa a ser vendido no Brasil em agosto com o mesmo motor 1.5 aspirado com injeção direta de 126 cv que equipa o City. Ele substitui o 1.8 de 140 cv sem buscar desempenho, mas figurar entre os SUVs compactos mais econômicos do Brasil.
Os preços do HR-V 2023 serão divulgados apenas no lançamento, daqui a um mês. Neste primeiro contato com o carro, porém, pudemos dirigir o HR-V mais fraco e tivemos acesso ao conteúdo de todas as versões, até mesmo ao das versões com o novo motor 1.5 turbo flex que serão lançadas apenas em outubro – quando seus números de potência e torque também serão revelados.
Como anda o novo HR-V?
De acordo com os números de consumo homologados pela fabricante junto ao Conpet, o Honda HR-V 2023 com motor aspirado faz 12,7 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada quando com gasolina e 8,8 km/l e 9,8 km/l, respectivamente, quando com etanol. O HR-V 2021 1.8 registrava 11 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada (gasolina) e 7,7 km/l e 8,6 km/l, respectivamente, com etanol.
É um dos mais eficientes do Brasil, no mesmo patamar de Nissan Kicks e Chevrolet Tracker 1.0 turbo, mas ainda fica atrás do Fiat Pulse. Mas só de figurar entre os mais eficientes já é uma evolução notável. A Honda só não divulgou números de desempenho.
Não pudemos realizar nossos próprios testes e posicionar o HR-V 2023 em nosso ranking de consumo: esse primeiro contato com o SUV foi dentro da sede da Honda, em Sumaré (SP).
O Honda HR-V foi disponibilizado em uma pista com alguns obstáculos para simular comportamentos dinâmicos. Nas acelerações, pouca empolgação: o câmbio atua muito bem para o SUV ter boas arrancadas e não parecer pesado como outros modelos com câmbio CVT. Neste caso, também é o mesmo do City, que simula sete marchas e é capaz de interpretar desacelerações e frenagens para forçar o freio-motor. Ou seja, minimiza ao máximo as piores sensações proporcionadas por esse tipo de câmbio.
A pista da Honda ainda tem um trecho feito para reproduz o péssimo asfalto de algumas regiões da cidade de São Paulo, com ondulações, remendos e valetas. A ideia era mostrar o resultado do esforço da fabricante japonesa em adequar as suspensões do HR-V à realidade brasileira.
A Honda se preocupou em aumentar o curso do amortecedor com a ajuda de um stop de poliuretano de densidade mais especifica e com um flange com mais borracha, cuja missão é conter a movimentação lateral do conjunto. Barra estabilizadora dianteira mais rígida e bieletas com atrito reduzido completam a suspensão com acerto próprio para o Brasil. O vão livre do solo do Honda HR-V aumentou de 17,7 cm para 18,5 cm.
É uma mudança um tanto radical. Até então o HR-V era um dos SUVs compactos com mais vocação urbana. Tinha rodar firme e era baixo para um SUV. Agora proporciona maior conforto de rodagem ao filtrar melhor as imperfeições, porém permite uma maior inclinação da carroceria em curvas. Pelo menos a carroceria inclina, apoia-se na suspensão, e completa a curva sem passar insegurança.
A Honda diz ter tornado as respostas da direção mais rápidas na comparação com a geração anterior, mas ainda é desmultiplicada na comparação com outros SUVs. O peso da direção, porém, é bom.
Como é o Honda HR-V 2023?
O visual rebuscado e cheio de vincos arqueados da geração anterior deram lugar a linhas retas e vincos criados para reforçar volumes do carro. A frente do HR-V 2023 tem capô mais alto e mais volumoso nas laterais, enquanto os faróis mais estreitos com formato quase triangular agora são sempre full-led. Na versão topo de linha, Touring, os faróis têm máscara negra.
As versões aspiradas têm grade frontal filetada de plástico preto fosco, enquanto as turbo terão grade preto brilhante com elementos 3D, além de apêndices aerodinâmicos na base do para-choque, exclusivo e com um batimento cardíaco estilizado em um friso na tomada de ar inferior.
Na lateral, as rodas são sempre aro 17 com pneus de perfil 60, mais altos que os antigos de perfil 55 – outro segredo do conforto da suspensão. Agora será possível reconhecer a versão pelas rodas, sendo que apenas na Touring serão diamantadas. Vale notar que as barras longitudinais no teto foram abandonadas em todas as versões.
A versão topo também tem molduras das caixas de roda com acabamento preto brilhante. As maçanetas das portas traseiras continuam escondidas na coluna C, dando a conhecida impressão de se tratar de um carro de duas portas.
A traseira com caimento do teto bem marcado, quase de um SUV cupê, também permite reconhecer a mecânica. Nas versões 1.5 turbo as lanternas interligadas por uma barra iluminada são cinza quando estão apagadas. E ainda tem as duas saídas de escape destacadas pelo para-choque com visual próprio.
Uma curiosidade: a tampa do porta-malas, das lanternas para baixo, tem sua superfície feita de plástico. É um alento para quem tiver receio de a tampa ficar cheia de amassadinhos como acontecia com o Fit quando, assim como esse HR-V, não tinha para-choque traseiro tão saliente.
Por dentro, o Honda HR-V continua sua revolução. Nada foi aproveitado do antigo. Agora o painel tem linhas horizontais e destaca a central multimídia no topo. O grande e alto console central do antigo modelo deu lugar a um projeto mais conservador: não há mais porta-objetos sob a alavanca do câmbio, mas um grande compartimento à frente dela e outro acima.
Só as versões turbo terão quadro de instrumentos parcialmente digital com tela de 7 polegadas bem como o ar-condicionado digital de duas zonas, mas todas têm saídas de ar traseiras e as dianteiras laterais com posição que dispersa o ar sobre os ombros dos ocupantes dos assentos dianteiros.
O espaço nos bancos traseiros está 3,5 cm maior para as pernas mesmo que tenha mantido os 2,61 m de entre-eixos, pois o encosto dos bancos foi deslocados para trás. Em compensação, o porta-malas encolheu de 437 litros para 354 litros.
Versões e equipamentos do Honda HR-V 2023
A Honda se preocupou muito mais com a segurança do que com outros equipamentos no HR-V 2023. Desde a versão de entrada EX há seis airbags e o pacote de equipamentos avançados Honda Sensing. Consiste em assistente de faixa, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, farol alto automático e piloto automático adaptativo com função stop and go.
Em vez de monitor de pontos cegos, tem o chamado lanewatch, uma câmera no retrovisor direito que exibe suas imagens na central multimídia quando o motorista dá seta para o seu lado. Uma novidade é o assistente de descidas, enquanto o freio de estacionamento com auto-hold foi mantido. Câmera de ré é item de série, assim como ar digital e a partida por botão. O que a versão EX não tem é o desbloqueio das portas por proximidade.
Fotos do Honda HR-V EXL 2023
A versão EXL soma apoio de braço traseiro, chave presencial, bancos de material sintético e couro, faróis de neblina (de leds), retrovisor interno eletrocrômico, sensor de estacionamento traseiro, tweeters dianteiros e volante de couro com borboletas para trocas sequenciais.
Talvez para compensar o motor menor, o inédito Honda HR-V Advance será a versão mais em conta com o motor 1.5 turbo flex. Ela ainda soma carregador de smartphone por indução, sensor de chuva, ar-condicionado de duas zonas, quadro de instrumentos parcialmente digital, sensor de estacionamento dianteiro, rebatimento elétrico dos retrovisores e os adereços visuais desta mecânica.
Fotos do Honda HR-V Touring 2023
Contudo, só o Honda HR-V Touring terá banco do motorista com ajustes elétricos, partida do motor remota, porta-malas com abertura elétrica e tweeters traseiros. A versão deixou de ter teto-solar: de acordo com a fabricante, nesta geração há apenas teto panorâmico fixo disponível para o modelo.
Com tudo isso posto, fica a impressão de que a Honda quer posicionar o HR-V 2023 entre os SUVs compactos mais completos, que têm preços entre R$ 130.000 e R$ 140.000, com as versões aspiradas e na faixa dos SUVs médios de entrada, que custam entre R$ 160.000 e R$ 175.000, com as versões turbo.
Ficha técnica – Honda HR-V EXL 2023
Motor:1.5 DOCH VTEC, flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha; injeção direta, 126 cv a 6.200 rpm, 15.8/15,5 kgfm a 4.600 rpm
Câmbio: CVT, sete marchas simuladas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 215/60 R17
Dimensões: comprimento, 433 cm; largura, 179 cm; altura, 159 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.309 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 354 l; vão livre do solo, 18,5 cm; ângulo de ataque, 17,8°; ângulo de saída, 22°