O Hyundai HB20 completa 10 anos de mercado em setembro, mas antes mesmo do seu aniversário ele estreará sua terceira atualização visual desde que fora lançado no Brasil. A intenção, desta vez, é agradar mais do que chocar.
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A fabricante sul-coreana considera que o HB20 está em sua segunda geração, definida pelo aumento de 3 cm no entre-eixos, para 2,53 m, ainda que as diferenças visuais não tenham sido tão notáveis. Passados quase três anos, está chegando a hora de sua reestilização de meia-vida.
Como todas as mudanças anteriores, o projeto é capitaneado pelo centro de design da Hyundai na Coreia do Sul. E, por mais que o carro renovado esteja em testes no Brasil há alguns meses, foi justamente da Coreia que chegaram flagras mais reveladores, até o momento, do Hyundai HB20 2023.
Avistado em uma cegonha com outros carros e também no trânsito, em testes, com camuflagem mais leve, é possível perceber que a Hyundai continua empenhada em fazer com que o HB20 chame atenção nas ruas. Agora, porém, a coesão do design com outros modelos da Hyundai será mais clara. Ou quase isso.
Inspiração global
Acontece que a grade dianteira deixa de ser uma peça única, o que é uma tendência percebida do i20 ao Sonata, lá fora. É provável que seja uma demanda local ter uma peça dividida.
O capô mais curto abre espaço para uma grade superior, onde é posicionado o logo. Essa grade integra os faróis menos rebuscados, em forma de trapézio invertido e com leds diurnos na área superior (algo forte na identidade dos atuais Hyundai). Versões mais baratas terão projetores simples e os mais caros, projetores com bloco elíptico e leds.
As setas foram deslocadas para a grande tomada de ar inferior, como se fossem parte dos nichos. Não chega a ser a solução de camuflar os faróis na grade, como na picape Santa Cruz e no Tucson de nova geração, mas está no caminho. Os faróis de neblina ocupam nicho logo abaixo.
Na traseira, outra solução simplificada que, no fundo, remete ao Tucson. Barras de led (que chegam a invadir a tampa traseira) passam a fazer a vez de lanternas e de luz de freio. Há um prolongamento para baixo, nos para-lamas traseiros, que formam uma espécie de “dente” com efeitos em 3D.
O SUV médio, por sua vez, também tem um “dente” iluminado que invade a tampa, que é cortada de ponta a ponta por uma barra iluminada. Nosso hatch compacto, porém, se contenta com uma barra preta que emoldura o logo da Hyundai.
Luzes de seta, de ré e peças refletivas, por sua vez, foram deslocadas para o para-choque. Ocupam um prolongamento do nicho da placa, enquanto uma barra preta na base do para-choque terá a missão de dar a impressão de que o HB20 é mais largo do que seus 1,72 m sugerem.
As principais mudanças internas estarão ligadas a novos equipamentos. Quadro de instrumentos digital e ar-condicionado automático digital estarão disponíveis nas versões mais caras, além de assistência de permanência em faixa e um novo volante.
Mais importante que tudo isso, porém, será a melhoria na estrutura do carro para melhorar seu desempenho nos testes do Latin NCAP. O HB20 zerou o teste em 2020 e ganhou controles de estabilidade e airbags laterais de série na linha 2022.
Motores 1.0 e nacionais
A Hyundai está construindo uma fábrica de motores anexa à fábrica de HB20 e Creta, em Piracicaba (SP). Já nos próximos meses a unidade passará a montar motores em CKD, com peças importadas da Coreia do Sul (de onde são importados prontos desde o início da operação, em 2012). Depois, passará a usinar componentes ali, usando blocos de fornecedor nacional.
A fabricante nem sequer anunciou o valor do investimento ou quais motores serão fabricados ali. O mais provável é a nacionalização dos motores 1.0 aspirado e 1.0 turbo com injeção direta, usados na grande maioria dos Creta e HB20 vendidos no Brasil.
O mais importante é que a Hyundai aproveitará a reestilização do HB20 e do sedã HB20S para, enfim, promover uma atualização no motor 1.0 12V Kappa aspirado, com 80/75 cv e 10,2/9,4 kgfm desde o lançamento do compacto – que, por sinal, está adequado ao Proconve L7.
Ele será transformado no motor 1.0 Smartstream, com uma atualização bem ao estilo daquela promovida no motor 2.0 aspirado do Creta: novo mapa de injeção, que passa a ter dois injetores para cada cilindro, alternador inteligente e otimização de componentes internos para redução de atrito, para render melhora de até 10% na eficiência.
O ganho de potência é pequeno: 1 cv e 0,3 kgfm na versão a gasolina, usada nos Hyundai Casper e Kia Picanto. Contudo, o motor fica mais elástico. A potência máxima passa dos 6.000 para os 6.200 rpm e o torque máximo aparece mais cedo, aos 3.750 rpm, ante os 4.200 rpm da versão atual. Isso pode mudar na versão flex, mas a tendência é que exista alguma melhora.
O motor 1.0 T-GDI, turbo com injeção direta, seguirá disponível nas versões mais caras. Ele entrega 120 cv e 17,5 kgfm, e seguirá combinado aos câmbios manual e automático de seis marchas.
Nova geração já está prevista
Com o HB20 2023 pronto, os trabalhos da Hyundai se voltam para o desenvolvimento da próxima geração do compacto. O lançamento será em 2026 e promete ser a maior evolução do modelo em toda a sua história, com direito a nova plataforma.
Por sinal, a estreia da terceira geração coincide com um plano de dobrar a capacidade produtiva da nova fábrica de motores. A intenção será dar mais autonomia ao Brasil na fabricação de motores de combustão interna – e, possivelmente, híbridos – enquanto a Coreia estará voltada aos carros elétricos.