Novos investimentos de montadoras no Brasil já passa dos R$ 80 bilhões
Investimentos bilionários das fábricas miram na renovação e na eletrificação das linhas; o medo das chinesas (que também investem) é outro motivo
A indústria automotiva brasileira passou por maus bocados nos últimos anos. Questões econômicas e a chegada da pandemia causaram quedas sem precedentes e frearam planos e investimentos. Porém, bons ventos voltaram a soprar: diversas marcas passaram a anunciar investimentos bilionários no Brasil, buscando modernizar fábricas, renovar portfólios e eletrificar o mercado. Entre os motivos estão os bons índices econômicos atuais, além das boas perspectivas, e a tentativa de frear as chinesas.
Ainda em 2023, a Toyota anunciou a injeção de R$ 1,7 bilhão no Brasil para produzir um novo híbrido flex em Sorocaba (SP) no próximo ano. A marca não confirma, mas se trata do SUV Yaris Cross, que ficará entre os híbridos mais baratos do país.
Neste ano, a marca foi além e anunciou um aporte total de R$ 11 bilhões, que incluem o R$ 1,7 bilhão de 2023. O destino do dinheiro seria a introdução de mais um híbrido flex, além da produção de novos motores e a expansão da fábrica de Sorocaba para produzir, além dos novos modelo, o Corolla, que é produzido desde 1998 na unidade de Indaiatuba (SP). Esta unidade será fechada e toda a sua operação, bem como os funcionários, serão transferidos.
Também no ano passado, a Renault revelou um investimento de R$ 2 bilhões para um novo SUV médio, que chegará em 2025 de olho em Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. Sua base será a do SUV Kardian.
A Chevrolet injetará R$ 7 bilhões até 2028 para renovar sua linha no Brasil e, possivelmente, lançar híbridos nacionais. Começando pela nova Spin, prevista para muito breve, ainda este ano a marca terá mais cinco lançamentos: S10, Trailblazer, Equinox EV (elétrico) e Blazer EV (elétrico). O sexto lançamento não foi confirmado, mas é possível que seja uma versão Z71 para a Silverado. Para 2025, são esperadas as reestilizações de Onix, Onix Plus e Tracker – que ganharão injeção direta de combustível.
A Volkswagen apresentou a previsão de investir R$ 9 bilhões até 2028, que incluem a produção de carros híbridos flex nacionais, uma nova picape para brigar com a Fiat Toro, além de um SUV compacto abaixo do T-Cross. Contando com os dois modelos, a marca pretende lançar 16 novos modelos até o final do ciclo de investimento. O aporte se soma aos R$ 7 bilhões anunciados anteriormente.
Além de mudar o acordo de importação e produção com a Caoa, a Hyundai começou 2024 investindo R$ 5,4 bilhões para serem aplicados em tecnologias ligadas a carros híbridos e elétricos, além do hidrogênio verde. Não há maiores detalhes, mas é possível que a marca dê mais enfoque aos eletrificados (como as importações já confirmadas de Kona e Ioniq 5). O destaque, porém, deverá ser a produção nacional de hidrogênio verde, que poderia ainda ser exportado.
Já a Stellantis anunciou o maior investimento já feito na indústria automotiva brasileira: R$ 30 bilhões, de 2025 a 2030. Também, pudera, o aporte engloba todas as marcas do grupo, como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram.
Entre os destinos de tanto dinheiro estão a produção nacional de motores híbridos flex, a modernização de fábricas e novos produtos. A previsão é de que 40 novos modelos do grupo (entre reestilizações, novas gerações e carros inéditos) sejam lançados até 2030 no Brasil.
As chinesas, porém, não ficarão atrás. A Caoa Chery, em 2023, anunciou R$ 3 bilhões para até 2028, que inclui o aumento da produção em Anápolis (GO). Entre as aplicações está um reforço na produção do Tiggo 5X e na rede de concessionários, além da criação de 800 novos empregos. O Tiggo 7 Sport também é fruto disso.
A GWM já deu início ao seu plano de R$ 10 bilhões, com compra da fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), onde produzirá o Haval H6. É possível que a marca também inicie em breve a produção do Haval H4, menor que o H6, e desenvolvido especificamente para o Brasil. O Ora 03 também está nos planos de nacionalização da chinesa.
A BYD também já iniciou as obras de sua fábrica, comprada da Ford, em Camaçari (BA), onde começará a produzir em 2025. O investimento foi de R$ 3 bilhões e, recentemente, a marca anunciou que produzirá localmente os elétricos Dolphin, Dolphin Mini e Yuan Plus, além do híbrido plug-in Song Plus.