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Comparativo: Toyota Prius x Ford Fusion Hybrid

Os híbridos mais populares do mercado mostram que sabem como economizar combustível sem perder a diversão

Por Guilherme Fontana Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 mar 2018, 14h06 - Publicado em 23 mar 2017, 15h56
Prius Fusion
Prius abusa dos recortes; Fusion mantém a elegância (João Mantovani/Quatro Rodas)

A tecnologia híbrida caminha a passos lentos no Brasil, mas dois representantes dessa geração de carros que utilizam dois motores (um elétrico e outro a combustão) já rodam por aqui. E ambos têm relevância mundial.

O Prius, há mais de uma década, é praticamente um embaixador dessa categoria – virou moda entre artistas de Hollywood. Nas vendas, o japonês já superou 2 mil emplacamentos em 2017 e vende mais que o VW Golf. Já o Fusion desfila como um representante da capacidade de inovação da Ford americana.

Colocamos o Prius e o Fusion lado a lado para mostrar o que eles têm de comparável – afinal, tratam-se dos dois híbridos mais vendidos no país. Mas, sobretudo, mostrar como são diferentes.

A começar pelo estilo: enquanto o Fusion mantém o mesmo visual elogiado das demais versões (com elementos idênticos ao Titanium Ecoboost, como as rodas diamantadas de 18 polegadas), o Prius aposta em linhas ousadas e polêmicas, justificadas em nome da eficiência aerodinâmica.

Ambos chamam bastante atenção nas ruas, mas por motivos diferentes
Ambos chamam bastante atenção nas ruas, mas por motivos diferentes (João Mantovani/Quatro Rodas)

No caso do japonês, há vincos por todos os lados. Os faróis têm formato irregular e as lanternas parecem escorrer pela traseira – que, além de alta, possui o tradicional vidro duplo, separado por um arco que faz as vezes de aerofólio.

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O visual “diferentão” do Prius fica completo com as desproporcionais rodas de 15 polegadas cobertas por calotas com função aerodinâmica e melhor dissipação de calor.

O Fusion, por sua vez, mantém o perfil equilibrado entre a sobriedade e a agressividade que tanto sucesso faz no Brasil, onde um sedã do seu tamanho ainda chama a atenção positivamente.

O funcionamento dos ecologicamente corretos, entretanto, deixa as diferenças de lado. Ou quase isso. Tanto Prius como Fusion não são híbridos do tipo plug-in, ou seja, não possuem tomada externa para recarregar as baterias de íon-lítio – elas só são abastecidas pela recuperação de energia nas desacelerações e frenagens ou pelo motor a combustão, em condições específicas, como quando o nível das baterias está muito baixo.

Em ambos, uma central eletrônica gerencia o uso dos motores. O elétrico é utilizado em manobras e velocidades até cerca de 50 km/h, desde que o motorista não tenha o pé pesado – o mesmo vale para velocidades mais elevadas, quando é possível utilizar apenas eletricidade pressionando o acelerador com suavidade.

Nas ocasiões em que só o elétrico está em uso, o único som emitido é o produzido pelos pneus. Chega a ser assustador sair da garagem em silêncio.

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O propulsor a combustão entra automaticamente em ação com uma pressão mais forte no pedal, seja qual for a velocidade. Em descidas, tanto o Prius quanto o Fusion possuem no câmbio uma função (B no Toyota e L no Ford) que amplia a ação do freio motor, o que poupa os discos de freio e ajuda a recarregar as baterias.

Seletor de marchas rotativo substitui a alavanca no Fusion
Seletor de marchas rotativo substitui a alavanca no Fusion (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)
No Prius, câmbio fica na parte central do painel e remete a um joystick
No Prius, câmbio fica na parte central do painel e remete a um joystick (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Quando se fala em consumo, ao contrário de modelos convencionais, as médias de consumo dos híbridos são melhores em ciclos urbanos, situação em que o motor elétrico trabalha sozinho a maior parte do tempo. Nas rodovias, o propulsor a combustão é quem manda, tornando menor a diferença para os convencionais.

O Fusion Hybrid é equipado com um motor 2.0 aspirado de ciclo Atkinson (clique aqui para saber mais sobre este ciclo de funcionamento) e um elétrico que, juntos, entregam 190 cv gerenciados por um câmbio CVT.

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Direto ao que interessa: o sedã alcançou as médias de consumo de 19,2 km/l na cidade e 16,8 na rodovia. Para ir de 0 a 100 km/h, levou rápidos 10,2 segundos.

Já o Prius combina um 1.8 (também a gasolina de ciclo Atkinson) e um elétrico, resultando em 123 cv. O câmbio também é CVT, e não por acaso: ele privilegia a economia de combustível por manter o giro do motor mais constante, aproveitando as relações infinitamente variáveis desse tipo de transmissão.

Motor 2.0 do Fusion é do tipo Atkinson e trabalha em conjunto com um propulsor elétrico, somando 190 cv
Motor 2.0 do Fusion é do tipo Atkinson e trabalha em conjunto com um propulsor elétrico, somando 190 cv (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)
Toyota Prius
No Prius, conjunto mecânico 1.8 / elétrico resulta em 123 cv (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Os números de consumo do Toyota são ainda melhores que os do Ford. Em ciclo urbano, o japonês apresentou a média de 23,8 km/l, contra 18,2 km/l no rodoviário. A aceleração de 0 a 100 km/h é mais lenta, feita em 12,1 segundos, e as retomadas são todas um pouco piores que as do Fusion.

O Prius oferece como diferencial em relação ao Fusion um seletor com quatro tipos de condução: Normal, Eco (que privilegia a eletricidade), Power (com foco na combustão para rodovias, por exemplo) e EV (destinada para manobras, com autonomia de aproximadamente 2km).

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Apesar dos sistemas praticamente idênticos, o funcionamento de cada carro é mais uma das diferenças citadas lá no início do texto.

O Prius deixa clara sua nascença como um legítimo híbrido, com um melhor gerenciamento que, por consequência, leva a mais economia, suavidade e maior duração da bateria. A entrada do motor a combustão é quase que imperceptível, enquanto, no Fusion, há um ruído mais acentuado.

Painel do Fusion Hybrid é igual ao das demais versões, mas o quadro de instrumentos tem funções específicas
Interior do Fusion é amplo e espaçoso, com saídas de ar-condicionado para os passageiros de trás (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)
Prius tem tela superior configurável e central multimídia JBL
Prius tem tela superior central configurável e central multimídia JBL (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Mais uma oposição se dá no conforto dos modelos. O Prius leva com tranquilidade cinco pessoas e 412 litros de bagagens, tem suspensão suave e pneus de perfil alto que ajudam a filtrar as irregularidades do solo.

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Mas é bom ter cuidado com as valetas: ele é baixo e raspa a dianteira com facilidade. Também é bom você se acostumar com o freio de estacionamento no pé, como em picapes mais antigas.

O Fusion, mesmo ecologicamente correto, continua sendo um sedã grande de luxo (para os padrões brasileiros), com espaço de sobra para todos os ocupantes e maior refinamento.

No porta-malas, porém, a adaptação híbrida fica clara: o porta-malas cai para 392 litros (ante os 514 das demais versões) pela invasão da bateria.

No Prius, justamente para não interferir no compartimento de bagagens, ela fica instalada debaixo do banco traseiro.

Bateria compromete o volume no porta-malas do Fusion
Bateria compromete o volume no porta-malas do Fusion (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)
Tampa de vidro do Prius forma uma peça única, facilitando a colocação e retirada de malas
Tampa de vidro do Prius forma uma peça única, facilitando a colocação e retirada de malas (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Em equipamentos, o Fusion sai na frente – também, pudera, ele é quase R$ 35 mil mais caro que o Prius. O americano de R$ 160.900 e o japonês de R$ 126.600 têm, em comum, ar digital de duas zonas, chave presencial com partida do motor por botão, faróis e luzes diurnas em leds, central multimídia com USB, AUX, Bluetooth e GPS, controle de estabilidade e tração, bancos com aquecimento e câmera de ré.

Só o Toyota tem carregador sem fio para smartphones, head up display, sete airbags e alerta sonoro ao engatar a ré (se lembra do silêncio em manobras?).

Em compensação, só o Ford tem bancos com resfriamento e ajustes elétricos, alertas de pontos cegos, piloto automático adaptativo, freio de estacionamento eletrônico, oito airbags, faróis altos adaptativos, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de estacionamento semi-autônomo, rodas aro 18, saídas de ar-condicionado traseiras e partida do motor pela chave. 

Painel é igual ao das demais versões, mas o quadro de instrumentos tem funções específicas
Painel do Fusion Hybrid é igual ao das demais versões, mas o quadro de instrumentos tem funções específicas (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)
Carregador sem fio de celular é de série no Prius
Carregador sem fio de celular é de série no Prius (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Limpeza sem tédio

Silenciosos e confortáveis, ambos são carros muito agradáveis e lúdicos no cotidiano – as telas que mostram o funcionamento e configuração dos sistemas híbridos são interessantes, e é quase impossível não entrar na brincadeira de buscar os melhores índices de consumo ou a maior recarga de bateria.

Em trechos urbanos, o Prius leva a melhor: é mais macio e compacto, e seu gerenciamento de motores transmite maior harmonia. Na estrada, apesar de o Fusion Hybrid sentir o peso extra em relação ao Titanium EcoBoost (uma diferença de 177 kg, totalizando 1.670 kg no Hybrid), ele acelera e faz retomadas mais rápido que o Toyota, e permanece mais grudado no chão e estável em curvas.

Não que o Prius seja estritamente urbano: em nosso teste, ele se mostrou um bom companheiro de viagem, com direito à uma subida de serra onde não faltou disposição e torque. A carroceria se inclina um pouco mais que a de um Corolla, mas a autonomia chega a entusiasmar na hora de pegar estrada: com o tanque cheio, é possível rodar mais de 900 km sem reabastecer.

Veredicto

Mesmo direcionados para públicos parecidos (consumidores abastados e ousados, mais preocupados com as emissões de poluentes do que com o dinheiro economizado com a gasolina), Prius e Fusion Hybrid são muito diferentes entre si. O primeiro é um híbrido nato, que dispensa luxos em favor de sua meta de vida, a eficiência.

O segundo, apesar de cumprir muito bem a função de um híbrido, às vezes dá sinais de que não foi concebido para isso, e sim adaptado. O belo Fusion é um carro maior, mais rápido e luxuoso, mas custa quase R$ 40 mil a mais que o Toyota. Pena que o visual do Prius seja exagerado demais até para o seu perfil de cliente descolado.

Testes de Pista (Gasolina)

Ford Fusion Hybrid Toyota Prius
ACELERAÇÃO
0 a 100 km/h: 10,2 s 12,1 s
0 a 1000 m: 31,6 s 33,4 s
VELOCIDADE MÁXIMA*: n/d n/d
RETOMADAS
De 40 a 80 km/h (em D): 4,9 s 7,3 s
De 60 a 100 km/h (em D): 7,1 s 7,8 s
De 80 a 120 km/h (em D): 9,1 s 10,1s
FRENAGENS
60/80/120 km/h a 0: 17/28,8/62,2 m 16,2/28,8/66,2 m
CONSUMO
Urbano: 19,2 km/l 23,8 km/l
Rodoviário: 16,8 km/l 18,2 km/l
* Dados do fabricante

Ficha Técnica

Ford Fusion Hybrid

Toyota Prius

Preço inicial: R$ 160.900 R$ 126.600
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, 1.999 cm³, 143 cv a 6.000 rpm, 17,8 mkgf a 4.000 rpm + elétrico = potência somada de 190 cv gas., diant., transv., 4 cil., 16V, 1.798 cm³, 98cv a 5.200 rpm, 14,2 mkgf a 3.600 rpm + elétrico de 72 cv = potência somada de 123 cv
Câmbio/tração/direção: aut. CVT, dianteira, elétrica aut. CVT, dianteira, elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.) McPherson (diant.) e duplo A (tras.)
Freios: discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.) discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.)
Rodas e pneus: liga leve, 235/45 R18 liga leve, 195/65 R15
Dimensões: comprimento, 487,1 cm; altura, 148 cm; largura, 185,2 cm; entre-eixos, 285 cm; peso, 1.670 kg; porta-malas, 392 l; tanque de combustível, 52,7 litros comprimento, 454 cm; altura, 149 cm; largura, 176 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.400 kg; porta-malas, 412 l; tanque de combustível, 43 litros
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