Comparativo de sedãs compactos: Cronos x City x Yaris x Virtus
Com tanta opção em diversas faixas de preço, o Yaris encara os sedãs rivais no primeiro desafio com sua versão intermediária
A Toyota demorou a lançar o Yaris no Brasil, mas ao oferecê-lo em dez versões, com preços de R$ 59.590 a R$ 79.990, a empresa já estreou entrando em quase todos os segmentos de hatches e sedãs compactos do mercado.
Neste primeiro comparativo, alinhamos o Yaris com outros três sedãs: Fiat Cronos, Honda City e VW Virtus. As unidades disponibilizadas pelas fábricas, que aparecem nas fotos, são as seguintes: Cronos 1.8 Precision (R$ 69.900), City LX (R$ 72.500), Virtus 200 TSI Highline (R$ 79.990) e Yaris XS 1.5 (R$ 76.990).
Para deixar o confronto mais equilibrado, porém, consideramos algumas mudanças na hora da comparação. Usamos como referência a versão XL Plus Tech do Yaris que, segundo a Toyota, deverá ser a mais vendida da linha com cerca de 28% de participação e custa R$ 73.990.
A partir daí, ao Cronos Precision básico adicionamos o pacote de opcionais Kit Tech (chave presencial, retrovisores com rebatimento elétrico e luz de conforto, ar-condicionado digital, quadro de instrumentos TFT, sensores de chuva e crepuscular e retrovisor interno eletrocrômico, por R$ 4.080) e seu preço chegou a R$ 73.980.
No City LX não foi necessário mexer. Ainda caberiam R$ 1.500 de equipamentos, mas o City não tem opcionais – e a configuração imediatamente superior à LX é a EX, bem mais cara, de R$ 77.900. No caso do Virtus, ficamos com a versão intermediária, Comfortline 200 TSI, de R$ 73.490.
As diferenças entre as versões fotografadas e as consideradas no teste se concentram na quantidade de equipamentos. Alguns dos itens que aparecem nas fotos não fazem parte dos pacotes que serão detalhados nos textos.
A exceção é o Yaris, que ao trocar a versão XS pela XL Plus Tech perde itens de acabamento como o revestimento de couro em bancos e laterais das portas, que passa a ser de tecido, e provavelmente detalhes (a Toyota não liberou fotos nem cedeu a versão) como frisos cromados e a faixa em preto brilhante no console (como o Honda perdeu na versão LX).
4º – Honda City LX – R$ 72.500
O City é o projeto mais antigo dos quatro alinhados aqui e é o modelo mais caro do segmento, apesar de não ter ESP nem como opcional. A versão LX está de acordo com a proposta deste comparativo, mas o o City pode chegar a R$ 83.400, na versão mais completa, EXL.
A consequência direta dos preços altos é uma relação custo/benefício desfavorável. Na mesma faixa de preço dos concorrentes, o City LX é o único sem recursos como central multimídia, sensor de estacionamento, assistente de partida em rampa e ESP.
E o único equipamento que se pode mencionar como sendo exclusivo seu são as lanternas traseiras de led. Além disso, resta seu acabamento simples e sem brilho, além do estilo antiquado dos instrumentos.
Falando ainda dos custos, contra o City pesa também a manutenção. Somando os valores das revisões programadas até 60.000 km, o Honda é o que sai mais caro: R$ 4.819 contra os R$ 2.914 cobrados pela Toyota (o mais econômico nos gastos).
A favor do City é possível evocar a boa posição de dirigir, a direção precisa e a suspensão confortável e equilibrada ao mesmo tempo.
Na pista, ele ficou no segundo pelotão, com o tempo de 12,2 segundos nas provas de 0 100 km/h, junto com o Yaris (12,3 segundos) e atrás de Cronos (11,2 segundos) e Virtus (10,1 segundos).
No consumo, houve equilíbrio entre os sedãs. Mas o City ficou entre os primeiros, com as médias de 12,5 km/l na cidade e 17 km/l na estrada, e o melhor foi o Virtus, com 12,7 km/l e 17,6 km/l, respectivamente.
O City superou os demais nas frenagens. Vindo a 80 km/h parou em 26,6 metros, enquanto Yaris, que foi o pior, precisou de 29 metros.
Vale destacar ainda a maior capacidade do porta-malas do Honda. São 536 litros de espaço contra 525 litros do Cronos, 521 litros do Virtus e 473 litros do Yaris, o menor.
A versão LX custa menos que as dos rivais aqui alinhados. Mas, em razão da escassez de equipamentos, a idade do projeto e o rendimento apenas mediano na pista, o City fica no quarto lugar.
Ficha técnica – Honda City LX
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, SOHC, VTEC, 1.497 cm³, 116/115 cv a 6.000 rpm, 15,3 mkgf a 4.800 rpm
- Câmbio: CVT, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Pneus: 185/55 R16
- Peso: 1.137 kg
- Peso/potência: 9,8/9,9 kg/cv
- Peso/torque: 74,3 kg/mkgf
- Dimensões: comprimento, 445,5 cm; largura, 169,5 cm; altura, 148,5 cm; entre-eixos, 260 cm; porta-malas, 536 l; tanque, 46 l
3º – Toyota Yaris XL Plus Tech – R$ 73.990
Lançamentos costumam vencer comparativos porque, como últimos a chegar, se beneficiam de tecnologias mais novas e do conhecimento das características dos rivais. No caso do Yaris, isso não se aplica porque ele não é novo.
Trata-se de uma variação da terceira geração que estreou no exterior em 2013 – e chega a um segmento renovado. Os rivais de Fiat e VW foram lançados este ano.
Seu motor 1.5 (com bloco e cabeçote de alumínio e comando de válvulas duplo e variável na admissão e no escape) é o mais fraco do comparativo. Ele gera 110 cv de potência e 14,9 mkgf de torque, enquanto o 1.8 da Fiat, que é maior mas bem mais simples (bloco de ferro fundido e comando de válvulas único) entrega 139 cv e 19,3 mkgf – sempre com etanol.
O campeão é o VW, que, apesar de ser 1.0, conta com recursos como turbo e injeção direta e rende 128 cv e 20,4 mkgf. O Honda, 1.5 16V com comandos variáveis (abertura e tempo), chega a 116 cv e 15,3 mkgf.
Na pista, o Yaris foi o lanterna nas provas de desempenho (0 a 100 km/h em 12,3 segundos) e ficou no segundo pelotão no consumo (12 km/l, na cidade, e 14,8 km/l, na estrada).
Além do rendimento fraco, o Toyota é o dono do menor espaço interno. Comparando, por exemplo, as distâncias para cabeça no banco detrás, as medidas dos rivais são as seguintes (do menor para o maior): 75,6 cm (Yaris), 90,3 cm (City), 94,7 cm (Cronos) e 95,2 cm (Virtus).
E seu porta-malas leva 473 litros, enquanto o do Cronos (o maior da turma) tem capacidade de 525 litros.
Entre os pontos fortes do Yaris é possível citar o design jovial e o acabamento de qualidade. No dia a dia, seu comportamento dinâmico é neutro principalmente na cidade. Na estrada, porém, a sensibilidade do sedã a ventos laterais incomoda.
A posição de dirigir é correta, mas o Toyota é o único entre os sedãs alinhados aqui com direção ajustável apenas em altura. Nos demais, há também regulagem em distância. Pelo pouco que apresentou neste comparativo, o Yaris ficou com terceiro lugar.
Ficha técnica – Toyota Yaris XL Plus Tech
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, Dual VVTi, 1.496 cm3; 110/105 cv a 5.600 rpm, 14,9/14,3 mkgf a 4.000 rpm
- Câmbio: CVT, 7 m, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Pneus: 185/60 R15
- Peso: 1.130 kg
- Peso/potência: 10,3/10,8 kg/cv
- Peso/torque: 75,8/79 kg/mkgf
- Dimensões: comprimento, 436,9 cm; largura, 173 cm; altura, 149 cm; entre-eixos, 255 cm; porta-malas, 473 l; tanque, 45 l
2º – Fiat Cronos Precision – R$ 73.980
Na faixa de preço contemplada, o Cronos é o único que pode ser adquirido na versão topo de linha, enquanto os outros são configurações intermediárias.
Pelo mesmo preço, a Fiat oferece um carro com acabamento mais requintado, com materiais de melhor qualidade percebida no painel e nas maçanetas externas cromadas, e uma lista de equipamentos mais completa.
Por R$ 73.980, o Cronos Precision com o Kit Tech é imbatível quando se analisa o conteúdo. O Fiat é o único com piloto automático, assinatura led nos faróis e sensores de chuva, crepuscular e de pressão dos pneus.
Outra virtude do Fiat é seu comportamento dinâmico. Ao volante, ele é um carro gostoso de dirigir, com a direção direta porém progressiva e a suspensão macia mas bem apoiada.
Em outros aspectos, o Cronos é quase insuperável. No espaço interno, sua cabine é mais ampla que as de City e Yaris, mas perde para a do Virtus, na maior parte das medidas analisadas.
Um exemplo: distância para pernas na dianteira. No Fiat há 95,6 cm e no VW, 103 cm. No porta-malas, o Fiat fica aquém apenas do Honda: 525 litros contra 536 litros.
No desempenho, a situação se repete: o Cronos fica em segundo, atrás do Virtus. Nas acelerações, o Fiat obteve o tempo de 11,2 segundos de 0 a 100 km/h, e o VW fez o mesmo em 10,1 segundos.
Nas medições de consumo, o Cronos fez as médias de 12 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada ante 12,7 km/l e 17,6 km/l do Virtus, respectivamente.
Porém, pesa contra o Fiat os custos de pós-venda ligeiramente superiores aos de Yaris e Virtus. Somando o preço das revisões até 60.000 km, do valor mais barato para o mais caro, a ordem é Yaris (R$ 2.914), Virtus (R$ 3.036), Cronos (R$ 3.422) e City (R$ 4.819).
E, no que diz respeito aos serviços de assistência 24 horas, a Fiat é a única que oferece planos de 12 e 24 meses pagos. As demais marcas têm coberturas gratuitas durante 12 meses, na Toyota e na VW, durante 24 meses, na Honda. No final das contas, o Cronos fica com o segundo lugar.
Ficha técnica – Fiat Cronos Precision (kit tech)
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.747 cm³, 16 V, 139/135 cv a 5.750 rpm, 19,3/18,8 mkgf a 3.750 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
- Pneus: 205/45 R17
- Peso: 1.271 kg
- Peso/potência: 9,1/9,4 kg/cv
- Peso/torque: 65,9/67,6 kg/mkgf
- Dimensões: comprimento, 436,4 cm; largura, 172,6 cm; altura, 151,6 cm; entre-eixos, 252,1 cm; porta-malas, 525 l; tanque, 48 l
1º – VW Virtus Comfortline – R$73.490
Apresentado na versão intermediária, Comfortline, o Virtus não tem acabamento tão vistoso e nem é tão equipado quanto o Cronos (no teste de estreia em que o Cronos venceu o Virtus, a versão do VW alinhada era a Highline, que perdeu pontos por conta do preço elevado).
A aparente simplicidade do VW, porém, não é sinônimo de qualidade inferior. E, em relação ao conteúdo, a VW compensa em parte a ausência de alguns recursos com outros menos evidentes. Um exemplo é a aplicação de freios a disco nas quatro rodas (ventilado na frente, sólido atrás), enquanto os outros usam tambores atrás.
O outro é o uso de quatro airbags (contra dois dos demais) e pré- -tensionadores e limitadores de tensão nos cintos dianteiros. Por último, há a oferta de saídas de ar-condicionado para o banco traseiro.
Sua central multimídia App-connect é a mais simples da linha VW, mas é compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, comando de voz e teclas físicas para funções como volume e sintonia do rádio.
A Uconnect da Fiat é mais completa, tem GPS e suas informações podem ser replicadas pelo visor TFT de 7 polegadas no centro do painel. E a da Toyota é a mais simples, com compatibilidade limitada aos smartphones da Apple.
Ao volante, o Virtus é um carro que exige maior interação do motorista, em razão das respostas mais vigorosas de seu motor. Se quiser uma condução relaxada, o motorista deve calibrar bem o pé do acelerador. A direção é precisa e a suspensão macia (mas não tanto quanto a do Fiat).
O VW se destaca pelo porte. Ele é o dono da maior distância entre-eixos entre os rivais, com 265 cm, contra 260 cm (City), 255 cm (Yaris) e 252 cm (Cronos). Como consequência, leva vantagem no espaço interno.
Na pista de testes, ele fez o menor tempo de 0 a 100 km/h (10,1 segundos), foi o mais rápido na retomada de 60 a 100 km/h (6,2 segundos) e obteve o melhor consumo: 12,7 km/l no ciclo urbano e 17,6 km/l no rodoviário. Com tantas qualidades, o Virtus venceu fácil o confronto.
Ficha técnica – Volkswagen Virtus Comfortline
- Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 999 cm³, 12 V, turbocompressor, injeção direta, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 mkgf a 2.000 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
- Pneus: 205/50 R17
- Peso: 1.192 kg
- Peso/potência: 9,3/10,3 kg/cv
- Peso/torque: 58,4 kg/mkgf
- Dimensões: comprimento, 448,2 cm; largura, 175,1 cm; altura, 147,2 cm; entre-eixos, 265,1 cm; porta-malas, 521 l; tanque, 52 l
Veredicto
Na mesma faixa de preço, o Virtus vence por oferecer maior espaço e melhor rendimento (desempenho e consumo). O Cronos é bem equipado, mas traz um motor tecnologicamente defasado.
O Yaris, em terceiro, perde pontos por ter menor espaço interno e desempenho acanhado. E o City, fica em quarto porque é o projeto mais antigo e menos equipado.
Teste de pista
Honda City | Toyota Yaris | Fiat Cronos | VW Virtus | |
Aceleração de 0 a 100 km/h: | 12,2 s | 12,3 s | 11,2 s | 10,1 s |
Aceleração de 0 a 1000 km/h: | 35,5 s – 158,4 km/h | 33,7 s – 158 km/h | 32,7 s – 160 km/h | 31,5 s – 163,4 km/h |
Velocidade máxima: | n/d | n/d | n/d | n/d |
Retomada de 40 a 80 km/h: | 5,9 s | 5,4 s | 5 s | 4,8 s |
Retomada de 60 a 100 km/h: | 6,8 s | 6,7 s | 6,6 s | 6,2 s |
Retomada de 80 a 120 km/h: | 8,2 s | 8,8 s | 8,3 s | 7,3 s |
Frenagens de 60/80/120 km/h a 0 m: | 15,2/26,6/58,5 m | 16,9/29/68,4 m | 16,1/27/64,8 m | 18,7/28,3/60,6 m |
Consumo urbano: | 12,5 km/l | 12 km/l | 12 km/l | 12,7 km/l |
Consumo rodoviário: | 17 km/l | 14,8 km/l | 14,2 km/l | 17,6 km/l |
Ruído interno neutro/RPM máx.: | 36,3/74 dBA | 37,1/71,2 dBA | 42,8/70,9 dBA | 39/66,1 dBA |
Ruído interno 80 km/h/120 km/h: | 61,4/73,5 dBA | 60,3/67,9 dBA | 61,8/69,8 dBA | 64,3/67,5 dBA |
Velocidade real a 100 km/h: | 97 km/h | 95 km/h | 98 km/h | 96,4 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5º marcha: | 2.000 rpm | 1.700 rpm | 2.000 rpm | 1.900 rpm |
Volante: | 3 voltas | 3,5 voltas | 2,8 voltas | 3,2 voltas |
Preço básico: | R$ 72.050 | R$ 73.990 | R$ 73.980 | R$ 73.490 |
Garantia: | 3 anos | 3 anos | 3 anos | 3 anos |
Concessionárias: | 219 | 216 | 600 | 540 |