VW Gol e Fiat Uno: coronavírus ameaça os 2 carros mais populares do Brasil
Crise gerada pela covid-19 congelou projetos dos sucessores dos respectivos compactos e deixou grande ponto de interrogação acerca do futuro deles
Executivos dos principais fabricantes automotivos instalados no Brasil já avisaram que a crise do coronavírus gerará um rombo bilionário no setor. A Volkswagen, por exemplo, estima um prejuízo na casa dos R$ 40 bilhões.
Quem mais deve sofrer são os projetos ainda em estágio embrionário de desenvolvimento. Por quê?
Porque investimentos como o de VW Nivus, VW Tarek, novos SUVs da FCA, nova família de compactos da PSA e Toyota Corolla Cross já estão provisionados.
Simplesmente não dá mais para voltar atrás, em especial porque as adaptações nas respectivas fábricas já começaram. O jeito é colocar os veículos no mercado e torcer para que tragam o retorno esperado nas vendas, ajudando a estancar a sangria.
No entanto, projetos que ainda dependem de aprovação da matriz ou de aporte financeiro se encontram congelados. Há boas chances de que muitos deles subam no telhado.
Entre eles estão as novas gerações daqueles que são, nada mais nada menos, os dois automóveis mais vendidos na história da indústria automotiva nacional: Volkswagen Gol e Fiat Uno.
Não estamos exagerando: até o final do ano passado, o Gol fora responsável por quase 6,5 milhões de unidades comercializadas em todos o país, contra 3,3 milhões de exemplares do Uno.
Ambos superam as 3 milhões de unidades do VW Fusca, as 2,9 milhões do Fiat Palio e a 1,7 milhão do Chevrolet Celta, modelos mais próximos de ambos no ranking.
No caso do Gol, QUATRO RODAS vinha assuntando bem de perto a evolução do desenvolvimento de seu sucessor, projeto conhecido internamente como A0 SUV, VW246, Polo SUV ou… Novo Gol.
Com lançamento inicialmente previsto para o primeiro semestre de 2022, o modelo vinha sendo projetado para substituir Gol, Fox e Up! de uma só vez.
Sua plataforma seria a MQB A0 de Polo, Nivus, Virtus e T-Cross, porém com simplificações e dimensões reduzidas. Já havia, inclusive, um acordo fechado com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté para produção do A0 SUV naquela fábrica.
O estilo seria de um hatch altinho e com vão livre generoso do solo, como um Renault Kwid, só que mais comprido e largo. O visual teria dianteira inspirada na oitava geração do Golf.
Com a crise do coronavírus, o andamento do projeto está congelado pelo menos até agosto, quando a VW decidirá sobre sua continuidade ou não.
Já o grupo FCA discutia no ano passado se iria criar ou não uma nova geração para o hatch Uno. A ideia seria substituir de uma vez o atual hatch e também o Mobi, diretamente dele derivado e que nunca vingou.
Assim como a nova Strada, o novo Uno muito provavelmente usaria uma plataforma com elementos do Argo e também do atual Uno. Sua chegada não ocorreria antes de 2023.
Sobre ele, as informações são ainda mais obscuras: o projeto simplesmente deixou de ser discutido internamente, o que dá indícios para acreditar que tenha sido abortado (e não apenas congelado).
Sendo assim, o que esperar? A morte de Gol e Uno, dois projetos que remetem aos anos de 2008 e 2010, respectivamente? Ou uma sobrevida das atuais gerações?
O caso do Gol parece ser mais fácil: o modelo ainda vende relativamente bem e tem apelo entre frotistas. Caso a VW o equipe com controle eletrônico de estabilidade, ele ficará pronto para mais alguns anos de existência.
Quanto ao Uno, este recentemente foi relegado à condição de coadjuvante pela Fiat, com uma gama de versões muito enxuta e participação modesta nos emplacamentos.
Para recuperar relevância, certamente terá de passar por uma reformulação de pacotes e motorização, talvez até visual. Mas também tende a ter sua vida útil esticada até onde a corda permitir.
Ou seja: na ausência de Gol e Uno novos, as marcas farão de tudo para conseguir vender os modelos veteranos por mais alguns bons anos. A ver até onde o fôlego de ambos os permite chegar.
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