Teste: dirigir a antiga Fiat Strada é uma viagem de volta para o passado
Primeira geração da picapinha é uma ponte entre o passado e o presente, mas com pedágio bem caro
Quanto você pagaria para embarcar em uma máquina do tempo? Bem, a Fiat cobra R$ 81.490 de quem quer estacionar na garagem uma Strada Freedom Cabine Dupla.
E a central multimídia, que não permite escolher um ponto no espaço-tempo para voltar, custa mais R$3.800 junto com a câmera de ré.
A viagem aqui é para cada uma das fases da Strada desde seu lançamento, em 1998. A picapinha ganhará uma nova geração em abril, mas a versão antiga continuará viva até 2022 em configuração cabine simples.
Nenhuma das quatro reestilizações foi capaz de substituir as palhetas dos limpadores, totalmente visíveis ao motorista na base do para-brisa, a embreagem acionada por cabo, as saídas de ar-condicionado centrais na altura do joelho e o desenho dos bancos dianteiros.
O próprio motor 1.4 EVO é uma atualização daquele 1.4 Fire estreado pela Strada Trekking em 2005.
Agora são 88 cv, em vez de 81 cv. Ele preservou a boa entrega de força em baixas rotações quando recebeu variador de fase, em 2010, mas continua com pouco fôlego em giros mais altos.
O câmbio manual de cinco marchas hoje tem engates melhores, mas a alavanca ainda faz um longo percurso entre cada uma das relações.
Os faróis monoparábola não enganam. São aqueles do malfadado Palio 2007 e que depois foram reaproveitados pelo Siena EL.
Eles também emprestaram o forte vinco nas portas, adotado na última mudança da picape, em 2013, e o interior – que é uma atualização daquele lançado na família Palio em 2004.
Ser um amálgama de peças de vários Fiat não parece ser um problema. Dos 21 anos que tem de mercado, a Strada é a picape mais vendida há 19.
É que usar peças de reposição baratas e soluções já superadas, mas simples e robustas, como a suspensão traseira por eixo rígido com molas semielípticas reforçam sua vocação – e disposição – para o trabalho.
A sensação de robustez que o conjunto transmite é maior que a de muitos SUVs vendidos no Brasil. Mas não controla tão bem a inclinação da carroceria em curvas.
Não à toa, empresas compraram mais de 95% das Strada vendidas em 2019. Também é um sinal de que o consumidor comum, que no passado foi atraído pela versão Adventure e pela cabine dupla, já se distanciou da Strada.
Nem esta versão Freedom, lançada no final de 2018 para quem usa a picape para o lazer e o trabalho, resolveu. E olha que ela tem alguns luxos, como duas portas USB iluminadas e volante revestido de couro.
Quem pode virar o jogo é a segunda geração da Strada, que chega às lojas em abril com frente de Mobi e opções cabine simples e dupla, esta com quatro portas. Com ela, enfim, poderemos voltar a 2020.
Veredicto
Poucos carros ficam tanto tempo sem mudanças e vendendo bem. É um mérito da Fiat Strada. Mas não perde quem esperar pela nova geração. Até porque ela dificilmente será muito mais cara.
Teste – Fiat Strada Freedom Cabine Dupla 1.4
Aceleração
0 a 100 km/h: 15,9 s
0 a 1.000 m:
37,1 s – 138,1 km/h
Retomadas (D)
3a 40 a 80 km/h: 9,2 s
4a 60 a 100 km/h: 14,5 s
5a 80 a 120 km/h: 25,3 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15,4/27,1/62,4 m
Consumo
Urbano: 9,9 km/l
Rodoviário: 15 km/l
Ficha técnica – Fiat Strada Freedom Cabine Dupla 1.4
Preço: R$ 85.290
Motor: flex, diant., transv., 4 cil. em linha, 1368 cm³, 8V, 70 x 86,5 mm, 13,2:1, 88/85 cv a 5.750 rpm, 12,5/12,4 mkgf a 3.500 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo rígido (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Direção: hidráulica, 2,8 voltas
Pneus: 175/70 R14
Dimensões: comprimento, 443,8 cm; largura, 166,4 cm; altura, 158,0; entre-eixos, 271,8 cm; caçamba, 680 l; cap. de carga, 650 kg; tanque, 48 l; peso, 1174 kg