Ranger Storm, S10 Z71, Frontier Attack: as picapes diesel com apelo visual
S10 Z71, Ranger Storm e Frontier Attack são para quem abre mão de itens tecnológicos, mas não da aparência descolada
Jeito de versão topo de linha, mas conteúdo enxuto. Assim são as picapes de apelo aventureiro que apostam em uma aparência mais chamativa, com direito a rodas pretas, santantônio exclusivo e adesivos por toda a parte, mas que ficam devendo itens básicos de conforto, tecnologia e segurança para a faixa de preço em que se posicionam.
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Nenhuma delas tem chave presencial, faróis automáticos ou de led, e muito menos frenagem automática de emergência ou monitoramento de pontos cegos, por exemplo.
No Brasil, a tendência ganhou recentemente mais uma representante: a Chevrolet S10 Z71, que chega por R$ 274.800 para fazer companhia à veterana Nissan Frontier Attack (de R$ 263.790) e à Ford Ranger Storm, apresentada há cerca de dois anos e é a mais barata, custando R$ 246.190.
Os valores considerados foram os praticados na data de produção deste comparativo, em janeiro de 2022 e poderão sofrer variações.
Para dar as boas-vindas à novata da GM, chamamos as rivais. Apesar de idênticas na proposta e de grande semelhança em nível de equipamentos, desempenho e espaço interno, as picapes têm variações significativas de preços e conjuntos mecânicos com receitas diferentes.
Enquanto a S10 aposta no básico quatro-cilindros turbo, a Frontier incrementa a fórmula com um biturbo. Por fim, a Ranger traz seu motor de cinco cilindros. Todas são movidas a diesel, já que suas versões flex foram extintas.
Qual delas terá o melhor equilíbrio entre as obrigações de uma picape e o compromisso com a imagem aventureira? Veja a seguir.
3º – Nissan Frontier Attack
A Frontier Attack é a oponente mais “raiz” desta disputa. Ela mantém uma dirigibilidade que transmite robustez e remete a picapes mais antigas, que, por sua vez, queriam ser caminhões com dimensões reduzidas. Se por um lado isso agrada a quem busca um modelo mais parrudo, algumas características a tornam cansativa no dia a dia.
Um dos pontos de maior incômodo é a direção pesada, que acaba dificultando manobras em baixas velocidades, como estacionar ou fazer conversões. A suspensão, mesmo muito eficiente para superar terrenos acidentados, tem um ajuste que faz a picape pular bastante.
Debaixo do capô a Frontier leva um motor 2.3 biturbo diesel. Mesmo tendo o “caracol” em dose dupla, ela tem 190 cv e 45,9 kgfm, os menores números de potência e torque.
Assim, seu desempenho é o pior do trio, apesar do empate técnico com a Ranger: a Nissan vai de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos. Em contrapartida, ela é a mais silenciosa em movimento, também graças ao trabalho do câmbio automático de sete marchas.
Por dentro, ela tem acabamento mediano, com personalidade no desenho, mas peças que denunciam simplicidade, como as saídas de ar circulares emprestadas do antigo March. Os bancos, por sua vez, têm tecidos de toque muito agradável, que até parecem veludo.
Espaço também é um ponto positivo e quem vai atrás encontra saídas de ar-condicionado. A caçamba, porém, é a menor do trio.
Um dos maiores escorregões da picape nipônica está no nível de equipamentos, inferior ao das duas rivais aqui presentes. Há os básicos ar-condicionado analógico, multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, faróis de neblina e rodas aro 16 (as menores).
Porém, não há sensores de estacionamento traseiros (apenas câmera de ré), protetor de caçamba e capota marítima (a das imagens é um acessório) e piloto automático. Ela também peca na segurança, já que tem apenas os dois airbags frontais obrigatórios. Porém, tem o menor valor do pacote de revisões até 60.000 km.
A Frontier fica em último lugar pela dirigibilidade menos amigável e por ser menos equipada, o que implica também na segurança, mesmo custando R$ 263.790. Mais do que isso, a picape é a mesma desde 2018 e já se prepara para mudar: ainda em 2022 ela ganhará visual renovado e ficará mais equipada e tecnológica.
Ficha Técnica – Nissan Frontier Attack
Motor: 4 cil., 16V, diesel, biturbo, 2.298 cm³, 190 cv a 3.750 rpm, 45,9 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: aut., 7 m.
Suspensão: indep., braços sobrepostos (diant.), eixo rígido (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 255/70 R16
Dimensões: compr., 526,4 cm; larg., 185 cm; alt., 185,5 cm; entre-eixos, 315 cm; peso, 2.075 kg; caçamba, 1.054 l; capacacidade de carga, 1.040 kg
2º – Chevrolet S10 Z71
Qualidade percebida é o lema da S10 Z71 para conquistar os seus compradores, já que ela é a dona da aparência mais interessante entre as rivais aventureiras.
Por fora, o visual tem proposta esportiva com ponteira dupla de escape, rodas de 18 polegadas, adesivos relativamente discretos e logotipos em preto. Por dentro, ela traz o melhor acabamento do trio, com direito a partes macias no painel, simulando costuras aparentes, e bancos com material que imita couro.
Apesar disso, o interior da S10 já mostra sinais da idade no desenho retilíneo e no formato vertical do painel, além do quadro de instrumentos com tela central monocromática. Nas demais picapes, é colorida. Os vários botões sem função também denunciam a ausência de alguns equipamentos.
A picape da GM segue apostando nos “mimos”, já que é a única com luz diurna de led (apesar dos faróis halógenos), protetor de caçamba, capota marítima e mola a gás para suavizar a abertura da tampa traseira.
Por outro lado, o ar-condicionado é analógico, a central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay tem a menor tela (de 7 polegadas) e são seis airbags (contra dois da Frontier e sete da Ranger). Também pesa contra o alto custo de revisões (veja tabela). O espaço interno fica na média e há saídas de ar-condicionado traseiras.
Outro trunfo da S10 é o motor 2.8 turbodiesel, que, mesmo sem as duas turbinas vistas na Frontier, é dono do melhor torque: 51 kgfm. Os 200 cv de potência são os mesmos da Ranger. Com esses números, e o câmbio de seis marchas, a Z71 obtém o melhor desempenho entre as concorrentes.
Em nossos testes, ela foi de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos. O consumo também é o melhor, com médias de 9,3 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada. O problema está no conforto acústico, já que a S10 é a mais ruidosa das três em movimento.
Sua dirigibilidade é bem acertada e transmite uma boa sensação de robustez, mas a suspensão é rígida e passa os impactos de forma incômoda aos ocupantes, com pancadas secas. A direção tem ajuste entre o conforto da Ranger e o peso da Frontier. O espaço fica na média das rivais.
Mesmo com desempenho e acabamento superiores, a S10 fica em segundo lugar pelo nível intermediário de equipamentos, que não compensa o fato de ela ser, de longe, a mais cara do comparativo, por R$ 274.800.
Ficha Técnica – Chevrolet S10 Z71
Motor: 4 cil., 16V, diesel, turbo, 2.776 cm³, 200 cv a 3.400 rpm, 51 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: aut., 6 m.
Suspensão: indep., braços articulados (diant.), eixo rígido (tras.)
Freios: disco vent. (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 265/60 R18
Dimensões: comprimento, 536,1 cm; largura, 187,4 cm; altura, 183,1 cm; entre–eixos, 309,6 cm; peso, 2.042 kg; caçamba, 1.061 l;
capacidade de carga, 1.046 kg
1º – Ford Ranger Storm
A Ranger não tem o melhor acabamento, o melhor desempenho e, tampouco, o visual mais chamativo do trio. Ela também deve em tecidos mais macios ao toque para os bancos, saídas de ar-condicionado para quem vai atrás, além de cuidados na caçamba, que não tem capota marítima e protetor para a lataria.
Os custos de revisão da Ford também são os maiores. Seus pontos positivos, porém, compensam os negativos.
Uma das principais vantagens da Ranger está debaixo do capô. O motor 3.2 turbo diesel de 200 cv de potência e 47,9 kgfm de torque é o único do segmento com cinco cilindros.
Seu trunfo não é maior desempenho, mas funcionamento mais suave, graças à maior quantidade de explosões nos cilindros a cada volta de virabrequim, em comparação com motores de quatro cilindros.
Por isso, ela tem um comportamento mais “liso” em acelerações e, principalmente, em marcha lenta, com a típica vibração de motores a diesel reduzida. Isso influencia diretamente no conforto.
Além do motor, a picape da Ford também entrega maior suavidade no rodar, com suspensão mais macia e confortável, mas sem ser molenga e sem o pula-pula clássico da categoria, direção leve e câmbio de seis marchas sem trancos.
Tudo isso aproxima a dirigibilidade da Ranger à de um carro de passeio, incluindo a percepção de dimensões, que parecem reduzidas, sem perda de noção de espaço. Espaço, aliás, ocupantes e bagagens têm de sobra: a caçamba é a maior entre as três picapes, com 1.180 litros.
Em nossos testes, a Ranger Storm foi de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos e registrou as médias de consumo de 9,1 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada, próximas das concorrentes.
O nível de equipamentos está um degrau acima da média, com central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, sistema FordPass (que conecta o carro a um aplicativo de celular, permitindo checar informações e realizar ações para com o veículo), faróis de neblina, capô com molas a gás e ar-condicionado digital bizona.
Ela também se sai melhor na segurança, com sete airbags. Por fim, a garantia de cinco anos é a maior do trio.
A Ranger Storm é superior em mecânica, dirigibilidade, equipamentos e segurança, isso custando R$ 17.600 a menos do que a Frontier Attack e R$ 28.610 a menos do que a S10 Z71. Assim, ela vence o comparativo.
Ficha Técnica – Ranger Storm
Motor: 5 cil., 20V, diesel, biturbo, 3.198 cm³, 200 cv a 3.000 rpm, 47,9 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: aut., 6 m.
Suspensão: McPherson (diant), eixo rígido (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 265/65 R17
Dimensões: 535,4 cm; altura, 182,1 cm; largura, 197,7 cm; entre-eixos, 322 cm; vaõ livre do solo, 23,2 cm; peso, 2.230 kg; caçamba, 1.180 l; capacidade de carga, 1040 kg
Testes de desempenho:
RANGER | S10 | FRONTIER | |
Aceleração | |||
0 a 100 km/h | 11,2 s | 10,9 s | 11,3 s |
0 a 1.000 m | 32,9 s – 156,8 km/h | 32,5 s – 159,7 km/h | 33 – 159,4 km/h |
Velocidade máxima* | n/d | n/d | n/d |
Retomadas | |||
D 40 a 80 km/h | 4,9 s | 4,5 s | 4,9 s |
D 60 a 100 km/h | 6,5 s | 5,9 s | 6,3 s |
D 80 a 120 km/h | 8,6 s | 7,9 s | 8,7 s |
Frenagens | |||
60/80/120 km/h a 0 | 16,2/28,1/64,2 m | 15,22/26,6/61,6 m | 14,1/25,1/55,2 m |
Consumo | |||
Urbano | 9,1 km/l | 9,3 km/l | 9 km/l |
Rodoviário | 10,9 km/l | 12,3 km/l | 11,7 km/l |
Ruído interno | |||
Neutro/RPM máx. | 44,8/75 dBA | 47,7/70,9 dBA | 47,9/71 dBA |
80/120 km/h | 62,3/71 dBA | 66,6/70 dBA | 59,4/68,9 dBA |
Aferição | |||
Velocidade real a 100 km/h | 96 km/h | 97 km/h | 94 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em D | 1.750 rpm | 1.600 rpm | 1.750 rpm |
Seu Bolso | |||
Preço | R$ 246.190 | R$ 274.800 | R$ 263.790 |
Garantia | 5 anos | 3 anos | 3 anos |
Concessionárias | 322 | 553 | 185 |
Revisões** | R$ 8.074 | R$ 8.100 | R$ 6.597 |
*Dados de fábrica / **Revisões até 60.000 km
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 19/20/26°C; umid. relat., 76/50/71,5%; press., 1.015/1.020/1.012,5 kPa
Veredicto Quatro Rodas
Com espaço interno, estilo e capacidade de carga semelhantes, a decisão do comparativo ficou para quem tem o melhor nível de tecnologia e segurança, além da dirigibilidade. Assim, a Ranger é a campeã.