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O teste do raro (no Brasil) Citroën C4 VTS com motor de 180 cv

Hatch teve poucas unidades da versão mais potente importadas para o Brasil, mas só foi vendido na versão VTR entre 2006 e 2009

Por Paulo Campo Grande
7 nov 2020, 18h18
Hatch duas portas tinha traseira bastante singular (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em dezembro de 2004

Desde que André Citroën (1878-1935) começou a fazer carros, em 1919, a marca que leva seu sobrenome ficou associada a inovação sobre rodas. O mais novo lançamento da montadora, o C4, talvez não seja tão revolucionário quanto os lendários Traction Avant, de 1934, e DS, de 1955 — o primeiro introduziu a carroceria monobloco e o segundo a suspensão hidráulica, entre outras novidades. Mas, com seu design instigante, ele está longe de ameaçar a tradição de mudanças.

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Se a ousadia tem lá seus riscos (alguém se lembra da Matra e do seu projeto em parceria com a Renault, o Avantime?), o projeto avançado do C4 parece ter passado no primeiro teste. Segundo a Citroën, a aparição do modelo no Salão de Paris, em setembro deste ano, motivou 20.000 encomendas ao longo dos dez dias do evento.

Dianteira ganhou continuidade com o sedã Pallas e com o hatch quatro portas, ambos fabricados na Argentina (Marco de Bari/Quatro Rodas)

“Foram mais pedidos do que os recebidos pela Peugeot e Renault juntas”, afirma o presidente da Citroën no Brasil, Sérgio Habib. “Embora apenas metade desse volume deva se confirmar “, diz. Só como comparação, o vovô DS, quando apareceu no mesmo salão, em 1955, teve 12.000 pedidos de compra só no primeiro dia da exposição.

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Por aqui, ele também parece agradar. Basta uma volta no quarteirão para medir o impacto que sua presença causa nas ruas. Não há quem não se vire para observar as surpreendentes linhas do carro que tem versões de duas e quatro portas.

A de duas, mostrada aqui, é a mais original e interessante (externamente, a outra lembra o C3). A linha de teto rebaixada e interrompida de forma abrupta na traseira, as rodas aro 17 e o amplo entre eixos de 2,61 metros lhe dão um visual ousado e esportivo.

 

Interior do C4 inovou com o volante de centro fixo (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Mas não é só isso. Repare no vidro lateral traseiro, amplo e estreito, que afina a coluna traseira e provoca a sensação de movimento, mesmo com o carro parado. Essa impressão é reforçada pelo aerofólio, na traseira.

 

Visto de frente, o capô abaulado remete ao 2 CV, de 1948, assim como o emblema estendido até os faróis vem do Traction Avant — antes que alguém questione o grau de originalidade do projeto, os faróis não são inspirados nos do BMW Série 5, mas sim nos do conceito C Air Lounge, exibido no Salão de Frankfurt de 2003.

Leque variado de comandos no volante (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Internamente, a hora do espanto continua. O motorista tem em mãos uma direção cujo centro é fixo, apenas o aro se movimenta. Além dos comandos que normalmente aparecem nos volantes multifuncionais (como buzina, piloto automático e sistema de som), estão ali os controles do computador de bordo, da iluminação do painel e da recirculação do ar, além do airbag.

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Junto ao volante ficam conta-giros e luzes indicadoras de direção. Ao centro, um painel satélite reúne velocímetro, hodômetros total e parcial e os sinais de alerta, como o de cintos desatados. No console, há dois visores. O superior serve ao sistema de som e ao computador de bordo e o inferior é do ar-condicionado.

No C4, o motorista pode até se imaginar a bordo de um veículo do futuro, daqueles que flutuam no ar e têm motores que não poluem. Infelizmente, o sonho é interrompido pela primeira sacudida provocada pelas irregularidades de nossas ruas, cuja conservação nos remete ao início do século passado.

Nesse momento, o motorista se lembra de que o C4 tem rodas, eixos e motor como qualquer outro carro. E não consta das atribuições da suspensão do C4 poupar seus passageiros dos sacolejos provocados por vias em mau estado.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Os ruídos e vibrações são recebidos sem cerimônia pela carroceria. Em asfalto de primeira linha o C4 vai muito bem. Mas falta um pouco mais de robustez à suspensão e à carroceria, como a que existe no Golf, por exemplo.

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Ainda assim, a suspensão do C4 demonstra ambições esportivas. O conjunto, tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, é bastante sensível e, ajudado pelos pneus Michelin Pilot Exalto 205/50 ZR 17, deixa a condução bastante interativa.

Quadro de instrumentos era no meio do painel (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Segundo a Citroën, o carro avaliado era uma versão feita para rodar na França. Entretanto, saiu direto do Salão de Paris, que foi em setembro, para o Salão de São Paulo, em outubro.

De acordo com a fábrica, a versão vendida aqui, a partir de maio de 2005, passará por adaptações, não só ao combustível mas também às nossas ruas e ao estilo de condução do brasileiro. A suspensão será recalibrada e deverá receber reforços, além de ficar 15 milímetros mais alta, assim como outros carros da marca vendidos aqui. No lugar das rodas e pneus de aro 17, virão os de aro 16.

Conta-giros no visor digital e indicações luminosas ficavam atrás do volante (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Nos demais sistemas, a Citroën fechou com o conforto. A direção é leve, o câmbio tem relações longas e os pedais são peso-pluma, exigindo pouca força para serem acionados. Nos carros que serão vendidos aqui, a caixa de marchas deverá ser mais curta, para aproveitar melhor o torque do motor.

A versão que mostramos é a top de linha, com um novo motor 2.0 com comando de válvulas variável e 180 cavalos de potência. Mas ela só deve desembarcar no Brasil no começo de 2006. A primeira versão a chegar será equipada com motor 2.0 de 143 cavalos, câmbio automático e carroceria de quatro portas. Depois, em outubro, virá um C4 equipado com câmbio mecânico e carroceria de duas portas. Segundo Sérgio Habib, esse escalonamento se deve ao trabalho de adaptação dos motores ao álcool presente na gasolina nacional.

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Motor do C4 2.0 VTS tinha 180 cv, contra 143 cv do VTR que foi, de fato, vendido no Brasil (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Na pista de testes, o C4 andou dentro do que era esperado, para seus 1.337 quilos. Acelerou de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e retomou de 40 a 80 km/h, em terceira marcha, em 7 segundos. O Golf na versão 1.8 turbo de 180 cavalos, testado em 2002, foi mais rápido. Fez de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos e de 40 a 80 km/h em 6,2.

No uso diário, o bom volume de torque (e uma curva plana) acima das 3.000 rpm agradou. A partir dessa rotação, a força disponível dispensa a troca constante de marchas. Mas, abaixo desse patamar, o motor não se apresenta e o carro fica lento.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

No que diz respeito aos equipamentos, a Citroën ainda não definiu com que pacote o C4 vai desembarcar no Brasil. Mas a versão avaliada chegou com tudo: faróis de xenônio direcionais, sensores de estacionamento, de chuva e de pressão dos pneus, além de bancos de couro e disqueteira para cinco CDs. E duas surpresas.

Uma delas é um tipo de sachê instalado no sistema de ventilação, que deixa a cabine perfumada. Trata-se de um refil que dura 45 dias e exala fragrâncias elaboradas pela Casa Robertet, uma conceituada perfumaria francesa. Outra é um sistema que avisa a mudança involuntária de faixa.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

O Afil, do francês Alerte de Franchissement Involontaire de Ligne, trabalha com sensores instalados sob o carro que detectam a passagem do veículo sobre as linhas que dividem a estrada. Esses sensores são ligados a uma central inteligente e dois atuadores localizados um de cada lado do assento do motorista.

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O sistema só funciona quando o veículo está em uma estrada ou avenida, acima de 80 km/h. Se o carro cruzar uma faixa, sem que o motorista tenha acionado o indicador de direção, uma vibração no assento vai interromper algum involuntário cochilo.

Se fosse vendida no Brasil, esta versão custaria cerca de R$ 130 mil, enquanto a que estreará no mercado deverá chegar ao redor de R$90 mil, segundo Habib. E a Citroën pretende oferecer versões mais simples e baratas. Existe a possibilidade de o C4 de quatro portas ser produzido na Argentina, na mesma fábrica de onde sai o Peugeot 307.

Porta-malas do C4 2.0 VTS (Marco de Bari/Quatro Rodas)

De acordo com Habib, o C4 compartilha 60% de suas peças com o 307, o que representa uma baixa necessidade de investimento para a produção do C4 na mesma fábrica da PSA, que controla as duas montadoras. Segundo Habib, o C4 feito na Argentina poderá chegar no prazo de dois anos. A versão mais em conta, na faixa de R$50.000, terá motor 1.6 nacional.

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