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Impressões: novo Toyota Prius está mais bonito, potente e faz até 125 km/l

De híbrido monótono e de visual polêmico, o Toyota Prius ficou sedutor e divertido; na quinta geração, une a racionalidade ao inédito fator emotivo

Por Joaquim Oliveira, de Atenas (Grécia)
17 abr 2023, 07h01
Prius 2023
Tecnologias que ainda não foram lançadas poderão ser instaladas posteriormente em modelos como o novo Toyota Prius (Divulgação/Quatro Rodas)
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Faz mais de 25 anos que o primeiro Prius foi lançado nos Estados Unidos e no Japão, com o objetivo de cortar em 50% o consumo em relação à média dos carros de seu segmento na época. Mas, a despeito de seus méritos, o Toyota cristalizou a imagem de automóvel aborrecido de ver e de guiar, quer na vida real, quer em muitos filmes, onde sempre foi tratado jocosamente como uma espécie de eletrodoméstico com rodas.

Na quinta geração, apresentada agora, tudo mudou. O engenheiro-chefe do projeto, Satoki Oya, diz com um sorriso discreto: “Me pediram um Prius que apagasse a imagem de ‘carro de táxi’ e pelo qual as pessoas suspirassem quando o vissem na rua”. Parece que o objetivo foi cumprido, e o sapo virou príncipe.

O Prius está 5 cm mais baixo, 2,2 cm mais largo e 4,5 cm mais curto, proporções que lhe conferiram um aspecto mais compacto e esportivo. Já o entre-eixos esticado em 5 cm melhorou o espaço interno.

fgPrius 2023
Sedã acelerou feito esportivo: de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos (Divulgação/Quatro Rodas)

Além do visual finalmente cativante, o desempenho é outro. Na terceira geração do sistema híbrido plug-in da Toyota, o motor a gasolina 1.8 foi trocado por um 2.0, o que permitiu aumentar o rendimento de 98 cv/14,5 kgfm para 152 cv/19,4 kgfm. O motor elétrico também é mais potente: 163 cv/212,2 kgfm, ante 72 cv/16,6 kgfm. Isso explica o salto na potência combinada, de 123 cv para 215 cv (a Toyota não revela a somatória do torque).

Também significativa é a utilização de uma bateria de maior capacidade, com 13,6 kWh, em vez dos anteriores 8,8 kWh, determinante para o aumento da autonomia elétrica, que passa de 45 km para 69 km (esse dado ainda carece de homologação).

Prius 2023
Sedã ficou mais curto no comprimento, mas cresceu na distância entre-eixos (Divulgação/Quatro Rodas)
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Graças à química mais sofisticada, o conjunto tem capacidade 50% maior, mesmo tendo quase 30% menos células (72, em vez de 96). Ela apresenta densidade energética superior, sem aumento de tamanho e de peso. Oya san não revela detalhes químicos da bateria de íons de lítio, mas diz que “os eletrólitos são mais densos do que na bateria anterior”. A única desvantagem é demorar mais tempo para carregar: antes uma carga completa demorava, no mínimo, quase duas horas, agora serão quatro.

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O primeiro contato dinâmico com o novo Prius ocorreu nos arredores de Atenas, na Grécia, a maior parte percorrendo estradas secundárias, em traçados sinuosos. A primeira coisa que salta à vista é a estabilidade, resultado do carro mais baixo e mais largo, mas também da superior rigidez da estrutura. Só que, com rodas de 19” (ante as de 15” da geração anterior) em pneus 195/50, como na unidade avaliada, as passagens por alguns buracos se transformavam em pancadas mais fortes.

Prius 2023
Houve aumento de largura e altura. E as rodas passaram de aro 15 para aro 19 (Divulgação/Quatro Rodas)

Média de consumo de 125 km/l

O rolamento controlado da carroceria e a boa resposta do sistema de propulsão fariam qualquer um duvidar de que estamos em um Prius. A aceleração de 0 a 100 km/h, que demorava eternos 11,1 s, agora demanda 6,8 s. A máxima de 162 km/h foi para 177 km/h.

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Quanto ao consumo – até hoje o grande argumento de vendas do modelo –, os números oficiais ainda dependem de homologação, mas a Toyota sinaliza para um gasto na ordem de 125 km/l, em ciclo misto!

Esta é uma ótima constatação. Já ao volante, há boas e más notícias. Começando pelas boas, a tela da central multimídia, horizontal de 12,3 polegadas, tem resolução muito boa, além de iluminação e gráficos bem mais avançados do que é comum se encontrar a bordo dos carros da Toyota (além, é claro, de conectividade Android Auto e Apple CarPlay).

Prius 2023
Porta traseira tem maçaneta embutida, na altura da coluna. O porta-malas cresceu. Mas, com 284 litros, ainda é pequeno (Divulgação/Quatro Rodas)

Os comandos de climatização são físicos, evitando que o usuário tenha de procurar pelas funções nos menus da tela tátil. E há vidros duplos nas janelas dianteiras, o que é próprio de automóveis de classes mais altas, que ajudam a manter o silêncio a bordo (embora sejam mais pesados).

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A combinação entre redução de comprimento, entre-eixos maior e altura menor poderia resultar em perda de volume no porta-malas, mas isso não ocorreu porque a bateria saiu da parte inferior do bagageiro e agora está sob o banco traseiro. Com isso, houve incremento do volume do porta-malas em 33 litros (para 284 litros, o que continua a ser muito pouco).

Prius 2023
(Divulgação/Quatro Rodas)

Passageiros do banco traseiro têm mais espaço para pernas, e, como o assento é mais alto do que os dianteiros, eles conseguem ter boa visibilidade, graças ao efeito de anfiteatro. Mas precisam tomar cuidado ao entrar no carro, para não bater a cabeça.

Em altura o hatch não é brilhante, mas não se perde tanto como o esperado. Quem medir até 1,80 metro não terá de se preocupar com toques involuntários no teto. O vidro traseiro e as colunas largas prejudicam a visibilidade, razão pela qual o Prius dispõe de uma câmera traseira, que projeta imagens no retrovisor interno.

2023 Prius

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Já nos aspectos negativos, a Toyota utiliza a configuração de painel do elétrico bZ4X, com muitos plásticos duros. Além disso, obriga o motorista mudar o foco do olhar demasiadas vezes durante a condução. Primeiro na estrada, depois na instrumentação, depois nos botões do volante e depois na tela central, mais próxima do motorista do que o quadro de instrumentos. Ou seja, são quatro planos entre os quais o olhar se alterna constantemente.

Com plug e sem plugue

Acrescente-se que o display do painel (LCD-TFT de 7 polegadas) tem caracteres pequenos e grafismo datado, obrigando ainda mais o motorista a procurar informação ou a fazer regulagens de maneira nada intuitiva. Um exemplo: se quisermos alterar a força de frenagem regenerativa da função B (de “Brake”) – que permite três níveis de ajuste –, é preciso parar o carro. Perguntei a Satoki Oya se não seria mais fácil adotar borboletas atrás do volante para a função (como em diversos elétricos), mas ele se limitou a concordar com um encolher de ombros.

Prius 2023

Na Europa, o Prius 2023 estará disponível apenas como híbrido plug-in (PHEV), mas a versão sem tomada de recarga (HEV), como a que era vendida no Brasil, continuará a existir em outros mercados.

Falando em Brasil, a Toyota informa que a quinta geração do Prius “neste momento” não está nos planos da empresa, embora destaque a importância que o modelo teve na introdução da tecnologia híbrida no país, que serviu para preparar o terreno para o sistema híbrido flex, com o Corolla.

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Veredicto Quatro Rodas

Continua racional, mas sem abrir mão de estilo e esportividade. Só falta vender no Brasil.

Ficha Técnica

Preço: 46.500 euros (R$ 259.400)
Motor: híbrido; gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, injeção direta e indireta, 1.987 cm3, 152 cv a 6.000 rpm, 19,4 kgfm; elétrico diant. 163 cv; 212,2 kgfm
Bateria: íons de lítio, 13,6 kWh
Câmbio: automático, CVT, dianteira
Direção: elétrica; diâm. giro, 10,6 m
Suspensão:  McPherson (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Pneus: 195/50 R19
Dimensões: compr., 460 cm; larg. 178,2 cm; alt., 142 cm; entre-eixos, 275 cm; peso, 1.545 kg; tanque, 40 l; porta–malas, 284 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 6,8 s; veloc. máx. de 177 km/h; autonomia, 69 km
* Dados provisórios (dependem de homologação)

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