A Chevrolet Spin completou em junho dez anos de mercado e quando foi lançada era apenas uma entre tantas minivans, como Nissan Livina, Fiat Idea e Citroën C3 Picasso. Hoje, o segmento de minivans se resume a ela, que segue firme e forte vendendo mais que SUVs como o Renault Captur e VW Taos.
De janeiro a maio deste ano, foram comercializadas 5.362 unidades da Spin, contra 3.064 do Taos e 2.237 do Captur. E esse desempenho não pode ser creditado apenas ao fato de a minivan ser a única opção no segmento. Atrativo maior está em sua relação custo/benefício. A Spin é o modelo de passeio de sete lugares mais barato do Brasil.
Na linha 2023, desde a versão de LT, que parte de R$ 108.000, a Spin já oferece sete lugares. E a oferta é tão em conta que, mesmo na versão intermediária Premier, mostrada aqui, que sai por R$ 122.450, a Spin continua sem rivais. O modelo sete lugares que mais se aproxima é o Caoa Chery Tiggo 8, que custa R$ 201.990.
A minivan tem outros atributos, porém, apesar de já sentir o peso da idade, que podem ser bem incômodos na convivência. Na linha 2023, a Spin recebeu atualizações no motor, no câmbio, na arquitetura eletrônica e nos sistemas de exaustão, admissão e de combustível por conta das regras impostas pelo Proconve L7.
Segundo a fábrica, essas mudanças na minivam foram responsáveis pela redução da emissão média de gases em até 43%. E isso foi conseguido sem sacrifício da potência e do torque do motor, que se mantiveram nos mesmos patamares.
O 1.8 8V Ecotec de quatro cilindros gera 111 cv a 5.200 rpm e 17,7 kgfm a 2.600 rpm. E, dessa forma, não houve perda de rendimento.
No que diz respeito ao consumo de combustível, a Spin 2023 conseguiu as médias de 11,5 km/l, no ciclo urbano, e 15 km/l, no rodoviário, enquanto no teste realizado em 2018, as marcas foram respectivamente 11,4 km/l e 15,3 km/l.
No que diz respeito ao desempenho, pode se dizer que, após a recalibração do motor, a Spin ficou mais lenta. Nas provas de aceleração, de 0 a 100 km/h, ela cravou 12,5 segundos, enquanto em 2018 cumpriu a mesma tarefa em 12 segundos.
Pode-se dizer que, no dia a dia, não há diferença. Mas nas retomadas de 40 a 80 km/h e 60 a 100 km/h, o modelo anterior também mostrou-se ser mais ágil, cumprindo as provas ligeiramente mais rápido que o modelo atual.
Dá conta do recado
O 1.8 Ecotec ainda é um motor aspirado, mas que cumpre bem seu papel, uma vez que a proposta da Spin é ser um modelo barato.
No mercado, há motores equipados com turbocompressores e outras tecnologias, como injeção direta, por exemplo, que favorecem o rendimento. Mas esses recursos custam caro, refletindo no preço final dos veículos.
Os mais atentos podem reclamar da aspereza do motor, sensação evidente também pela falta de um isolamento acústico mais eficiente. O nível de ruído na cabine é alto, principalmente nas altas rotações do motor.
O comportamento dinâmico do conjunto da suspensão privilegia o conforto, mas os ocupantes traseiros, em especial da terceira fileira, sentem as imperfeições do piso, pois a suspensão traseira é equipada com eixo de torção e, portanto, quando a roda de um lado passa por um obstáculo, o outro lado também é afetado.
Espaço e conteúdo
A capacidade do porta-malas é de 162 litros, com a terceira fileira de bancos montada para sete lugares. Mas, se esses assentos forem rebatidos, o volume disponível sobe para 553 litros. O Tiggo 8, por exemplo, oferece 140 litros, quando está com sete a bordo, e 500 litros, com cinco lugares.
Um ponto negativo da Spin é que os bancos recolhidos da terceira fila ocupam um espaço importante, enquanto os SUVs atuais oferecem a opção de esconder esses assentos no assoalho e também permitem montar apenas um assento por vez.
O entre-eixos da Spin é de 2,62 metros e mesmo sendo bem menor que o dos SUVs sete lugares, a minivan consegue oferecer conforto para os passageiros de trás. E como a segunda fileira corre sobre trilhos é possível negociar o espaço entre as fileiras.
O deslocamento é de até 6 centímetros. A vida a bordo na traseira é prejudicada apenas pela falta de entradas USB e também saídas de ar. Com sete ocupantes e apenas quatro saídas de ar no painel dianteiro, fica claro que o sistema não é suficiente para resfriar a cabine como um todo.
A central multimídia MyLink tem conexão com smartphone por cabo, mas sua tela de 8” poderia ser mais responsiva e estar posicionada na altura do olhar do condutor para melhor ergonomia. E ainda oferece Wi-Fi, recurso que está presente em outros Chevrolet como o Onix.
A Spin 2023 traz controle de tração e estabilidade e sensores de chuva e crepuscular, mas não espere tecnologias avançadas de auxílio à condução.
A proposta da última minivan do Brasil é realmente ser a alternativa para quem precisa de um modelo sete lugares pelo menor preço possível.
Veredicto Quatro Rodas
A Spin tornou-se o modelo sete lugares mais barato do Brasil, mas abre mão de tecnologia e de um design moderno
Ficha Técnica – Chevrolet Spin Premier 2023 PL7
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 8V, 1.796 cm3; 111/106 cv a 5.200 rpm, 16,8/17,7 kgfm a 2.800/2.600 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: comprimento, 441,5 cm; largura, 176,4 cm; altura, 168,9 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.275 kg; tanque de combustível, 53 l; porta–malas, 162/553 l
Teste – Chevrolet Spin Premier 2023 PL7
Aceleração
0 a 100 km/h: 12,5 s
0 a 1.000 m: 34 s – 152 km/h
Velocidade máxima: 190 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,8 s
D 60 a 100 km/h: 7,5 s
D 80 a 120 km/h: 9,6 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,1/27,61,4 m
Consumo
Urbano: 11,5 km/l
Rodoviário: 15 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 43,7/72,6 dBA
80/120 km/h: 63,9/71 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em D: 2.000 rpm
Volante: 2,7 voltas
Seu Bolso
Preço básico: R$ 122.450
Garantia: 3 anos
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 28,5 °C; umid. relat., 53%; press., 1.013 kPa. Realizado no TMT Campo de provas