Chevrolet Equinox sobe de patamar, mas se esquece do motor
SUV segue com motor 1.5 turbo e tem novo câmbio de 8 marchas, mas apesar de estar mais potente poderia ter melhor desempenho; ele ainda custa mais que os rivais

Pouco mais de um mês se passou desde que o novo Chevrolet Equinox estreou no Brasil. Mas era apenas o início da renovação da gama do SUV, em sua inédita configuração elétrica. Agora, é a vez do novo Equinox a combustão, chamado pela marca de Equinox Turbo, justamente para que não haja confusão – mesmo porque os modelos são completamente diferentes.
O modelo estreia em duas versões: Activ, de pegada aventureira, e RS, de aspecto mais esportivo. Para que a escolha do consumidor entre elas seja puramente por gosto, a Chevrolet os colocou em pé de igualdade não apenas no conjunto mecânico, mas também nos preços. Tanto o Equinox Activ quanto o RS custam R$ 267.000.
Andamos na configuração Activ, que tem entre as suas exclusividades a cor Verde Cacti sólida da carroceria que aparece nas imagens de divulgação – além dos clássicos preto, prata e branco. Outros itens exclusivos da versão serão apontados mais adiante.

Aparência de off-road e ‘espaço de elétrico’
A proposta mais aventureira não está apenas na versão Activ do Equinox, mas na aparência como um todo da quarta geração do SUV. Em relação à anterior, que tinha aspecto de perua e tendia para linhas mais elegantes, a nova adota apliques plásticos sem pintura nos para-lamas e uma carroceria mais “musculosa” e quadrada. Isso mantendo as janelas laterais que se unem à coluna D, uma característica de todas as geração do modelo.

Na dianteira entra também a nova identidade visual da Chevrolet, já vista na Montana, com faróis divididos. Eles são full led. A versão Activ tem um exclusivo aplique cromado nas laterais e acima da grade. A traseira remete ao novo Blazer EV, com lanternas em led que nascem na tampa do porta-malas e seguem em duas direções diferentes.
As rodas têm desenho mais robusto, com fundo preto e face diamantada, e são de 19 polegadas com pneus de perfil mais alto, 235/55. Na RS, são rodas de 20 polegadas com pneus 235/50.

O interior segue o visual “fazendeiro” com o uso da cor bege em revestimentos do banco e do painel, contrastando com o preto. O acabamento, por sinal, teve um bom salto na qualidade e passa a usar materiais mais variados e com toques mais refinados, no caso dos emborrachados ou revestidos. A porção bege das portas, por exemplo, é almofadada e com revestimento texturizado, assim como o centro do painel.
Ainda no painel, as saídas de ar laterais são inspiradas nas do Blazer elétrico, assim como as telas – de 11 polegadas no quadro de instrumentos e 11,3 polegadas na central multimídia. Logo abaixo dela, há diversos botões físicos para comandar as funções de ventilação, inclusive dos bancos, que têm ainda aquecimento.

O console central é bastante limpo e tem apenas o seletor giratório para os modos de condução, deixando bastante espaço útil para alocar objetos. Isso foi possível graças à realocação da alavanca de câmbio, agora no lado direito da coluna de direção, como faz a Mercedes-Benz.
A alavanca esquerda é exclusiva para comandar os limpadores dos vidros e cria um inconveniente: os comandos dos faróis estão na central multimídia, nada prático. Embora sejam automáticos, há ocasiões em que se deseja alternar a iluminação manualmente.

Além do bom espaço para objetos, também há suficiente para passageiros e bagagens. Quem vai atrás, além de aquecimento nos bancos das laterais, saídas de ar-condicionado e portas USB, tem boas acomodações para pernas, cabeça e ombro, com o bônus do assoalho plano, como normalmente se vê em carros elétricos. Isso beneficia um possível ocupante central. O porta-malas também vai bem com seus 469 litros, perto dos 476 litros do Jeep Compass.

Enfim, o Equinox tem ACC
O Equinox Activ é ainda mais completo em relação ao RS. Embora tenham o mesmo preço, algumas trocas precisaram ser feitas para compensar o volante com base achatada e o conjunto de rodas e pneus do RS, mais caros. Só o Activ tem sistema de câmeras 360° e retrovisor interno com projeção de vídeo.
Mas a lista vai muito além: há ar-condicionado dual zone, sensor de chuva, bancos dianteiros com ajustes elétricos (e memória para o motorista), ventilação e aquecimento, lavador da câmera de ré, teto solar panorâmico elétrico, carregador de celulares por indução, porta-malas com abertura elétrica e wi-fi embarcado.

Há também sensores de estacionamento traseiros (ficam faltando os dianteiros), frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, assistente de pontos cegos com correção, assistente de permanência em faixa, alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro, farol alto adaptativo e alerta de tráfego cruzado dianteiro e traseiro. O Equinox também passa a ter piloto automático adaptativo (ACC), inexistente na geração anterior.
A central multimídia é equipada com sistema nativo do Google, no qual é possível instalar diversos aplicativos, como Maps, Waze e Spotify. Porém, diferentemente de outros modelos recentes da marca com a plataforma, o Equinox também tem Android Auto e Apple CarPlay, ambos sem fio, em uma oferta mais democrática.

Foco no conforto, mas sem emoções
Não espere pelo retorno do motor 2.0 turbo para o Equinox. O modelo segue equipado com motor 1.5 turbo a gasolina, agora com 177 cv e 28 kgfm (antes, eram 172 cv e 27,8 kgfm), e acompanhado pelo novo câmbio automático de oito marchas – contra seis do modelo antigo. Outra novidade é a tração nas quatro rodas sob demanda.
Com esse conjunto, segundo a Chevrolet, o modelo pode ir de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos, um bom tempo. Porém, desempenho passa longe de ser o foco do Equinox, que demonstra falta de fôlego em retomadas e em aclives. Culpa não apenas do motor, que deve números mais robustos para um carro que cresceu e ficou cerca de 100 kg mais pesado (eram 1.561 kg e, agora, são 1.678 kg), mas também do câmbio, que apesar de ter trocas suaves, não é dos mais rápidos.

A suspensão condiz com a proposta do modelo e é a maior “culpada” pela ótima entrega de conforto. Há boa absorção de irregularidades em áreas urbanas e comportamento suave em rodovias (mas não abuse em curvas a altas velocidades), ao menos na versão Activ, com pneus de perfil mais alto. A direção vai pelo mesmo caminho, com ajuste leve, assim como o bom isolamento acústico.
O SUV tem três modos de condução, em uma composição um pouco fora do comum. Há os modos Normal, Neve/Gelo e Off-Road, nas duas versões. Ou seja, a opção pelo off-road faz sentido pela tração, mas não há um modo econômico e, muito menos, um esportivo. No consumo, segundo a GM junto ao Inmetro, os números ficam na média. São 9 km/l em ciclo urbano e, 10,7 km/l, no rodoviário.

Veredicto
O Chevrolet Equinox evoluiu e subiu de patamar, e até justificaria o preço mais alto em relação à concorrência se não fosse o motor de entrega mediana.
Ficha técnica – Equinox Activ
Preço: R$ 267.000
Motor: gasolina, dianteiro, 4 cilindros 16V, injeção direta, turbo, 1.490 cm³; 177 cv a 5.600 rpm, 28 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: independente McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 235/55 R19
Dimensões: comprimento, 466,7 cm; largura, 205,6 cm; altura, 171,3 cm; entre-eixos, 273 cm; peso, 1.678 kg; porta-malas, 469 l; tanque, 59 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 9,3 s; velocidade máxima, n/d.
*Dados de fábrica