Não é de hoje que as peruas vêm perdendo espaço pelo mundo afora – a Europa é o seu último reduto de resistência. O BMW Série 3 GT, que acaba de chegar ao Brasil nas versões 320i Sport (159 950 reais) e 328i MSport (204 950 reais, que avaliamos aqui), mira em quem busca um carro com boa capacidade de carga, desempenho esportivo e sem o visual tradicional das peruas. Mas o resultado está longe da unanimidade – em um fim de semana com o GT eu ouvi, em igual proporção, elogios derretidos e críticas ferrenhas ao seu design.
Como o nome sugere, sua base é o sedã da Série 3, de quem empresta todo o desenho até a coluna dianteira. Daí para trás, a coisa muda de figura. O GT é 20 cm mais longo, 2 cm mais largo e 8 cm mais alto. Seu porte lhe dá um ar de SUV, mas a linha do teto tem uma caída suave de cupê, enquanto a traseira é de hatch. Dos 20 cm de comprimento a mais, 11 foram adicionados ao entre-eixos, garantindo mais espaço aos ocupantes, principalmente no banco de trás. Os outros 9 cm foram para a parte posterior ao eixo traseiro, o que aumentou o porta-malas para 520 litros, contra 480 do sedã e superior até aos 495 litros da versão perua, vendida na Europa. O banco traseiro é tripartido (na proporção 40/20/40, o que ajuda a acomodar volumes maiores) e, rebatido, chega a 1 600 litros.A tampa traseira se abre do para-choque até o teto, facilitando o acesso e a tarefa de organizar a carga.
Ele lembra um SUV por fora e, ao volante, a primeira impressão é a mesma, graças à posição de dirigir 6 cm mais alta. Apesar das dimensões, o GT é um carro no chão, com a típica suspensão rígida da BMW. A Suzana, minha esposa, ficou incomodada até no modo Comfort, que deixa o carro mais macio. O GT também tem o modo ECO PRO, voltado para a economia: a resposta ao acelerador é mais lenta, as trocas de marcha são feitas aos 2 000 rpm e os 245 cv surgem suavemente. O start/stop ajuda a economizar combustível, inclusive nos modos Sport e Sport + (onde a resposta ao acelerador é imediata e as trocas são feitas em rotações mais altas). Mas até nesse sistema a assinatura da BMW está presente: quando o motor acorda, isso acontece de uma forma mais brusca e sonora que, por exemplo, nos modelos da Audi e Mercedes.
VEREDICTO
Controverso, seu design está longe de ser o principal atributo. Mas tem o desempenho e conforto do sedã, com muito mais espaço, para carga e para as pessoas.