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Versões esportivas são parcela irrisória de modelos mais vendidos em 2020

Baixa demanda favorece oferta cada vez menor de modelos especiais, que cedem espaço a versões aventureiras

Por Eduardo Passos
Atualizado em 29 out 2020, 12h55 - Publicado em 28 out 2020, 14h30
Chevrolet traçou metas ambiciosas para seu novo Onix RS, ‘esportivado’ (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Um breve passeio pelas ruas brasileiras mostra que, por aqui, potência e estilo são documento. Não é raro ver automóveis que fazem questão de ostentar aspecto e desempenho esportivo — muitos desses modificados após a compra.

No mercado de 0 km, porém, essa lógica parece não vingar e as versões esportivas vêm representando uma parcela cada vez menor dos nacionais que saem de fábrica.

Com base em dados fornecidos pela Mobiauto, QUATRO RODAS analisou as vendas de versões esportivas do Onix, HB20, Argo, Polo, Virtus, Sandero e Cronos, Jetta e Tiguan. E foram raros os casos em que a participação de vendas desses modelos superou 2% do total.

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O vice-campeão nessa categoria foi o Cronos HGT (R$ 81.990) — versão top do carro lançado em 2018 pela Fiat. O sedã compacto traz apenas modificações visuais, como detalhes em preto nas rodas, teto e retrovisores. O desempenho, entretanto, é o mesmo do seu irmão Cronos Precision, R$ 3 mil mais barato.

Mesmo sem motor exclusivo, Cronos HGT vendeu razoavelmente bem para a média (Divulgação/Fiat)

A opção em não alterar o desempenho do carro partiu duma pesquisa de mercado da Fiat, concluindo que o público-alvo não estava disposto a abrir mão do conforto de rodagem em troca de melhor desempenho.

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Essa aposta deu resultado, e as vendas da versão HGT totalizaram 7,9% ou 889 unidades do total de 11.254 Cronos emplacados em 2020.

No Argo HGT as mudanças já foram mais significativas, e o uso do motor 1.8 E.torQ representa um ganho de mais de 30 cv em relação ao 1.3 da versão Drive. Além disso, o Argo esportivo conta com câmbio automático de seis marchas e estética bem mais distinta que seus pares. 

Porém, a opção de uma versão Trekking com mesmo motor e câmbio por R$ 5 mil a menos pesou em tempos de arrocho financeiro. Assim, o aventureiro urbano deu um ‘baile’ e vendeu quase três vezes mais que o esportivo. 

A Fiat até tentou baratear o seu hatch, retirando itens de série, mas, no fim das contas, de todos os Argo emplacados em 2020, apenas 1,1% — 473 unidades — foram HGT.

Sem concorrência de aventureiros dentre as versões especiais, há o caso da Volkswagen, que vendeu um pouco mais de sua linha GTS comparado ao Argo.

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O Polo GTS contabilizou 3,5% dos emplacamentos do hatch em 2020. Se por um lado essa atraente versão faz jus ao GTS do passado e entrega 22 cv a mais que Polo 200 TSI, por outro, o elevado preço de R$ 107.190 faz com que muitos compradores optem pelo já requintado TSI Highline, R$ 17 mil mais em conta.

Polo GTS tem presença e aspira honrar a família GTI da VW (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A situação do Virtus é praticamente a mesma: sua versão GTS custa R$ 15 mil a mais que a TSI Highline. Desse modo, não surpreende que a variante esportiva do sedã compacto represente cerca de 3% — ou 631 — do total de unidades vendidas.

Nos esportivos da VW cuja motorização é mais distinta, os resultados já são bem melhores. É o caso do Jetta GLI — importado mas incluído na lista a fins de comparação. 

O sedã traz motor comparável ao do Golf GTI, com 230 cv e 35,7 kgfm. Ainda que seja R$ 30 mil mais caro que o Jetta R-Line, esse montante representa, proporcionalmente, menos do que no caso de Polo e Virtus, e o ganho estético e físico se justificam. Dito isso, a parcela do modelo esportivo abocanha 24,9% dos 4.558 Jettas emplacados em 2020.

Contra a maré

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Um ponto fora da curva, entretanto, é o Tiguan, cuja versão R-Line está R$ 37 mil acima do modelo intermediário. Os 50 cv a mais, além de mimos como sistema de som premium e câmbio DSG de sete velocidades, fizeram do SUV de 220 cavalos campeão em vendas, representando nada menos que 53% dos emplacamentos até agora.

Conforto, exclusividade e potência fizeram do R-Line o Tiguan mais vendido em 2020 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Entre possíveis explicações para essa tendência, há até o aumento da desigualdade econômica durante a pandemia, apontado pela FGV e ONU. Desse modo, as parcelas menos ricas da população optam por modelos sóbrios, enquanto as mais abonadas podem se dar ao luxo de pagar caro pelos detalhes.

Endossando essa tendência, há dados aparentemente contraditórios, como o fato da Porsche bater recorde de vendas dos seus modelos enquanto o acumulado geral da indústria automotiva em 2020 é o pior em anos.

Vendas ruim freiam novidades

No caso dos carros mais vendidos no Brasil, as versões esportivas também patina muito. O HB20 Sport com motor 1.0 turbo não decolou, e a própria Hyundai optou por prestigiar o 1.6 no modelo Vision — curiosamente mais barato e 10 cv mais potente. 

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Não é surpresa que, dos 57.728 HB20 emplacados, sejam apenas 758 ‘esportivados’, contra 5.569 com motor de 130 cv.

Versão Sport sequer é a mais potente do HB20 (Divulgação/Hyundai)

Ainda que as versões ‘esportivadas’ sejam alvo de críticas por valorizar mais a estética que o desempenho de fato, o Sandero RS mostra que mesmo acrescentando 32 cv, o preço é fator impeditivo, e a versão Zen, R$ 20 mil mais barata e com cerca de metade da potência, saiu de fábrica cerca de 40 vezes mais que o irmão ‘apressadinho’.

Todos esses números ruins parecem ter influenciado a Chevrolet, que, mesmo produzindo seu Onix RS no Brasil, lançou a versão primeiro no mercado latino do que cá. 

Interior exclusivo e mais potência não parecem justificar o preço do Sandero RS (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Se tratando de um ‘esportivado’, até que as apostas da montadora são ambiciosas, com planos de ter o RS como responsável por 5% a 10% do carro mais vendido do Brasil. 

Dado que seu companheiro de performance, o Onix LTZ, vem ficando abaixo dessa margem, resta saber quais motivos podem fazer o esportivo, mil reais mais caro, cair no gosto do público.

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