Oito truques de psicologia que um carro usa para te enganar
Como as fabricantes ludibriam os sentidos e te fazem pensar que o carro dos sonhos é mais potente, valente, econômico e maior do que realmente é
Com a concorrência cada vez mais acirrada entre os fabricantes de automóveis, as marcas buscam diversas alternativas para atrair consumidores. Ao mesmo tempo, tentam ao máximo conter os custos cada vez mais elevados de desenvolvimento.
Em muitos casos, vale até apelar a truques de psicologia para, digamos, te convencer de que seu carro possui algum atributo que, na prática, ele não tem. Veja abaixo oito exemplos:
1. Simulação de marchas no câmbio CVT
As caixas automáticas de variação contínua, conhecidas como CVT, caracterizam-se pelas mudanças praticamente imperceptíveis das relações de marchas infinitas.
Esse tipo de câmbio usa duas polias variáveis, conectadas por uma correia metálica, para manter o motor na rotação ideal de funcionamento. O princípio do sistema é ser mais versátil para se ajustar às necessidades do carro em cada momento.
No entanto, muitos motoristas torcem o nariz para o CVT por não se sentirem no pleno comando do veículo. Afinal, como a variação é contínua, não há uma troca que gere a sensação de tranquinho.
Para atender à demanda dos consumidores que gostam da sensação das trocas de marchas, algumas marcas emulam esse efeito em suas transmissões de variação contínua.
Embora agrade sensorialmente quem está ao volante, essa simulação, na teoria, compromete a eficiência de fazer o motor trabalhar sempre na rotação mais adequada.
Entretanto, os fabricantes garantem que as marchas de mentirinha não comprometem o consumo nem o desempenho do carro.
2. Todo SUV é menor e menos espaçoso do que parece
Muita gente não sabe, mas a maioria dos parrudos SUVs compactos foi desenvolvida a partir da plataforma de carros pequenos. Por exemplo: o Ford EcoSport é derivado do Fiesta, enquanto o Nissan Kicks aproveita a arquitetura do March.
Salvo algumas exceções, como o Honda HR-V (mesma plataforma do Fit) e o Renault Duster (usa a base do Sandero), os utilitários esportivos compactos são menos espaçosos do que a aparência de suas carrocerias altinhas e musculosas sugerem.
A capacidade do porta-malas é outro quesito que os SUVs, em muitos casos, empatam com hatches e perdem feio quando comparados aos sedãs.
3. Sensação de mais potência
Os fabricantes sabem muito bem que o motorista brasileiro gosta de carros que respondem rápido aos comandos do acelerador.
Por isso, apostam cada vez mais em motores e câmbios calibrados para entregar mais torque em baixas rotações e, consequentemente, proporcionar maior agilidade nas arrancadas e retomadas na cidade.
Além de agradar quem está ao volante, esse ajuste passa a sensação de o carro ser mais potente do que de fato é.
Quem não se lembra do antigo Chevrolet Celta, bastante esperto no trânsito urbano graças à combinação do motor 1.0 VHC de 70 cv com um câmbio de relações bem curtas?
4. Tanque enorme para disfarçar o consumo
Desenvolver um motor mais eficiente ou criar soluções voltadas para a economia de combustível demandam tempo e, principalmente, dinheiro do orçamento das montadoras.
Para “camuflar” o consumo elevado de modelos beberrões, como Jeep Renegade e Citroën C4 Cactus, alguns fabricantes partem para alternativas mais simples e baratas.
Instalar um tanque de combustível maior, por exemplo, é uma das táticas usadas para disfarçar a sede do motor ao iludir o motorista com uma autonomia relativamente superior.
5. Falso refinamento
Algumas marcas tentam conquistar consumidores com um acabamento supostamente sofisticado para o segmento.
Muitas vezes, esse refinamento não passa de imitações de materiais nobres, como peças plásticas que imitam fibra de carbono, madeira e até metal. Mesmo o couro dos bancos, muitas vezes (e cada vez mais), é substituído por revestimento sintético.
6. Robustez e esportividade só no visual
Acrescentar algum tipo de exclusividade é uma das estratégias usadas pelas marcas para aumentar as vendas de algum modelo.
As versões aventureiras e esportivadas são os melhores exemplos para provar que o visual é fator determinante na hora da compra.
Os consumidores que desejam um carro de aparência mais robusta, mas ainda não podem pagar por um SUV, partem para os aventureiros urbanos, como Fiat Argo Trekking, Ford Ka Freestyle, Hyundai HB20X, Renault Stepway e Toyota Yaris X-Way.
Já quem prefere a pegada de hatches esportivos, porém, não pretende arcar com a compra e o seguro mais caro de um Renault Sandero RS ou Volkswagen Polo GTS, acaba optando pelos “estilosinhos” Fiat Argo HGT, Hyundai HB20 Sport ou, futuramente, Chevrolet Onix RS.
7. Diferentes, mas quase iguais
Outro artifício usado pelos fabricantes para aumentar seu portfólio e atrair mais consumidores sem precisar criar um novo carro do zero é aproveitar tudo o que for possível de um modelo existente.
A Honda, por exemplo, adicionou uma roupagem aventureira ao Fit para classificar o WR-V como “SUV compacto”.
Já a Chery aproveitou quase toda a carroceria do hatch Celer para criar o Tiggo 2. E no caso dele, diferentemente da Honda, muita gente jamais faria a associação visual entre os dois modelos.
A Volkswagen está prestes a trilhar o mesmo caminho com o Nivus, SUV de silhueta cupê baseado no Polo, que chegará ao mercado brasileiro em maio.
8. Nova geração com plataforma antiga
Desenvolver um carro totalmente novo demanda um grande investimento técnico, de tempo e, principalmente, financeiro.
Para reduzir custos, as fabricantes dão um tapa em plataformas antigas e adicionam novas tecnologias para renovar determinados modelos, anunciando-os como nova geração.
O Hyundai HB20 e o Renault Duster são os exemplos mais recentes de carros que mantiveram a antiga base com melhorias. Na Europa, a Volkswagen acaba de fazer o mesmo com o novo Golf.
No passado, a mesma VW aproveitou a base da segunda geração do Gol (“bolinha”) para lançar as reestilizações que ficaram conhecidas como geração III e geração IV no Brasil, como se fossem modelos totalmente renovados.