Fiat mata Grand Siena, Doblò e motor 1.8, e Mobi já parte dos R$ 60.000
Fiat se despede de sucessos do passado e abandona o motor 1.8 E.torQ no Brasil
A Fiat aproveitou as últimas horas de 2021 para enxugar sua gama de modelos. Limpou a casa antes da virada e acabou com (quase)| tudo que havia de mais antigo em sua linha de produtos.
Em outras palavras, estão saindo de linha os Fiat Doblò, Grand Siena e o motor 1.8 E.torQ, que estava presente nas versões mais caras de Argo e Cronos, e também na versão de entrada da picape Toro – posição agora assumida pela Toro Endurance 1.3 Turbo, de R$ 133.990.
A Fiat também acabou com algo que ela praticamente inventou: o carro popular. Além da marcante despedida do Fiat Uno, já anunciada com direito a série de despedida, o Fiat Mobi Easy, versão de entrada do subcompacto, que custava pouco menos de R$ 50.000 e não tinha ar-condicionado, também foi retirado do site da fabricante.
Agora seu carro mais barato é o Mobi Like, que custa a partir de… R$ 59.190. Ou R$ 59.940 se for branco ou vermelho, ou R$ 60.790 se a cor escolhida for prata ou cinza. Pelo menos ainda tem ar-condicionado, direção hidráulica e vidros e travas elétricas.
Com o fim do Grand Siena, o Mobi também se torna o último Fiat equipado com o motor 1.0 Fire – e que pode ter perdido potência e torque com as mudanças necessárias para o Proconve L7.
20 anos sem mudanças
Sim, o Fiat Doblò ainda estava à venda no Brasil e custava mais caro que um Jeep Renegade 0km: R$ 120.490. Talvez seu maior feito no Brasil tenha sido passar 20 anos sem mudar de geração. Sua única reestilização foi há 12 anos, quando recebeu o visual que acabara de ser descontinuado na Europa (onde há uma segunda geração).
Abre-alas para o Cronos
A despedida do Grand Siena era esperada pela idade do projeto. Não parece, mas faz cinco anos que o Fiat Palio saiu de linha e desde então o Grand Siena vinha sendo mantido como uma opção de sedã acessível a ponto de ter passado por simplificação no acabamento interno e de ter recebido o motor 1.0 Fire de 73 cv. O 1.4 Fire de 88 cv também seguiu disponível até o fim, com direito a preparação de fábrica para receber GNV.
O encerramento da produção do Grand Siena se tornou ainda mais óbvio quando Quatro Rodas descobriu que a Fiat está prestes de lançar um inédito Cronos 1.0. A nova versão, porém, terá o motor três-cilindros 1.0 Firefly (que também pode ter perdido alguns dos seus 77 cv). Ele será lançado junto com o Cronos 1.3 CVT, substituto dos Cronos Drive 1.8 AT, Precision 1.8 AT e HGT 1.8 AT, nos primeiros meses de 2022.
Despedida à brasileira
Apresentados em 2010, os motores E.torQ são mais antigo do que parecem. Surgiram a partir dos motores da Tritec, empresa formada em 1997 por uma joint-venture entre a Chrysler (que se fundiria com a (que se fundiria com a Daimler no ano seguinte) e a britânica Rover, então subsidiária da BMW.
Em vez de ser construída nos Estados Unidos ou no Reino Unido, a fábrica da Tritec foi instalada em Campo Largo, no Paraná. Ela iniciou suas operações em 1999 e toda sua produção era destinada ao mercado externo – com direito a exportações para a China, onde seriam usados em carros da Lifan e da Chery.
Agora a fábrica paranaense voltará à sua origem. Ela seguirá em operação produzindo motores para carros destinados a exportação – a Fiat Toro 1.3 Turbo ainda não é exportada.
A transformação dos motores Tritec em E.torQ envolveu alterações significativas que garantiram uma sobrevida de 11 anos no Brasil. Houve um investimento de R$ 250 milhões para transformar o 1.6 Tritec (havia, também, um 1.4 16V de 90 cv) nos 1.6 e 1.8 E.torQ, que posteriormente ainda receberia coletor de admissão variável. Mas, pelo visto, não compensaria atualizar novamente o 1.8 16V SOHC para cumprir as novas regras do Proconve L7.
Essa despedida do motor 1.8 E.torQ no Brasil também será estendida ao Jeep Renegade, que terá o motor 1.3 GSE Turbo de 185 cv em todas as versões (inclusive a 4×4) a partir de fevereiro.