Clássicos: Ferrari 308 GTB/GTS, a musa dos anos 80
Desenhada por Pininfarina, ela se tornou uma das Ferrari mais belas e carismáticas
Enzo Ferrari nunca escondeu sua predileção por motores V12, mas um dia percebeu que a redução de cilindros poderia resultar num aumento de lucro.
Assim surgiu a submarca Dino, que em 1968 lançou um esportivo acessível de dois lugares e motor V6: a bela 206 GT, obra do estúdio Pininfarina.
Cinco anos depois, ela foi sucedida pela 308 GT4, agora desenhada pela Bertone, cujas linhas retas e discretas não provocaram o mesmo furor, apesar do novo motor V8 3.0.
Enzo voltou à Pininfarina e pediu uma nova berlineta, que parecesse provocante e sedutora. A tarefa ficou a cargo de Leonardo Fioravanti, pai da Dino 206/246 GT e da possante Ferrari 365 GT4 Berlinetta Boxer.
A combinação de curvas nostálgicas com retas contemporâneas apareceu no Salão de Paris de 1975 com tamanha força que ninguém conseguiu ficar indiferente.
Nascia a 308 GTB (Gran Turismo Berlinetta), um dos esportivos mais carismáticos do mundo.
Primeira Ferrari de fibra de vidro, ela agradou tanto que Enzo autorizou o logotipo do cavalinho rampante no carro, encerrando um ano depois a submarca Dino. Seu desenho era tão feliz que determinou o estilo das futuras Ferrari, como 288 GTO e F40.
A concepção mecânica era a mesma da 308 GT4: chassi tubular, suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas, conjunto que dava conta dos 250 cv do V8 capaz de atingir 249 km/h e chegar aos 100 km/h em 6,9 segundos.
A imprensa aplaudiu de pé: leve (1.050 kg), pequena (4,23 metros) e civilizada, estava mais rápida, silenciosa e confortável, castigando menos o motorista, comparada à 365 GT4 BB.
A 308 GTB ficou 150 kg mais pesada em 1977, quando passou ser feita de aço estampado, indispensável para a produção em escala maior.
Neste mesmo ano chegava a 308 GTS (Gran Turismo Spider), com a parte dianteira do teto removível (targa) e painéis plásticos no lugar das janelas laterais traseiras.
Em tempos de controle de emissões, o carburador quádruplo Weber era o vilão, até ser trocado em 1980 pela injeção mecânica Bosch K-Jetronic, o que a fez cair de 250 para só 214 cv (208 cv na versão americana).
É dessa época a 308 GTSi acima, do empresário paulista José Paulo Parra. “A ergonomia é ruim, mas com um pouco de esforço dá para achar uma boa posição ao volante. Porém, já acomodado, basta dar a partida e sair para curtir o lindo ronco do V8 estrada afora”, diz.
A solução para a queda no desempenho viria em 1982, com a QuattroValvole (quatro válvulas por cilindro), que ganhou potência sem afetar consumo e emissões: 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e máxima de 255 km/h.
Envelhecida, ela já não fazia frente à modernidade de Porsche 944, Corvette C4 e Nissan 300ZX.
Em 1985, após 12 149 unidades produzidas, ela deu lugar à 328, encerrando a linhagem das Ferrari de chassi tubular, mas legando seu estilo apaixonante às novas gerações da marca.
PINTA DE GALÃ
No Brasil, a Ferrari 308 ficou mais conhecida por causa do seriado Magnum, nos anos 80. O farto bigode e o esportivo italiano eram as marcas registradas do detetive particular Thomas Magnum (foto), interpretado pelo ator Tom Selleck.
Ficha Técnica – Ferrari 308 GTS 1981
- Motor: V8 de 3 litros; 214 cv a 6.600 rpm; 24,8 mkgf a 4.600 rpm
- Câmbio: manual de 5 marchas
- Carroceria: aberta, 2 portas, 2 lugares
- Dimensões: comprimento, 423 cm; largura, 172 cm; altura, 112 cm; entre-eixos, 234 cm; peso, 1.297 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h em 7,9 s; velocidade máxima de 240 km/h