Estes são os carros menos seguros à venda no Brasil em 2024
Mesmo que os automóveis tenham ficado mais seguros, alguns ainda ficam devendo muito no quesito
Existe um grande descompasso entre as exigências de segurança para homologar um carro no Brasil e as normas usadas em outros lugares do mundo. Isto foi mostrado pelo Latin NCAP, organização não governamental que testa os carros vendidos na América Latina desde 2010.
Ao passar a usar regras mais rígidas, o Latin NCAP logo mostrou a enorme falta de segurança dos carros nacionais ao serem testados com um protocolo baseado no Euro NCAP – a divisão é responsável pelo teste oficial dos veículos na União Europeia. Vários modelos como Chevrolet Agile, Fiat Palio e Volkswagen Gol receberam notas baixas ou zeraram no crash-test em anos anteriores.
Hoje, a situação é bem diferente. Passados 14 anos de testes de colisão, as fabricantes começaram a se preocupar mais com a segurança, além do governo ter feito mudanças ao exigir mais equipamentos de série, como airbags, freios ABS e, mais recentemente, controle de estabilidade em todos os carros novos.
Mesmo com esta mudança, ainda há carros novos sendo vendidos no Brasil que apenas fazem o mínimo para cumprir as regras oficiais para homologação exigidas pelo Governo. Isto, porém, não é suficiente para que obtenham boas notas na avaliação do Latin NCAP.
Abaixo listamos todos os carros ainda vendidos no Brasil que foram mal nos últimos testes de segurança. O Latin NCAP usa um sistema de pontuação final de até cinco estrelas, o que faz com que três estrelas seja o resultado médio. Assim, consideramos somente os veículos que receberam até duas estrelas.
Desconsideramos casos em que o carro testado não é vendido no Brasil, por conta de uma diferença de equipamentos. Foi o polêmico caso do Jeep Renegade, avaliado em uma versão com apenas dois airbags, inexistente em nosso mercado.
Citroën C3
Carros de entrada costumam não ir tão bem nos testes de colisão, mas o Citroën C3 decepcionou muito ao receber nota zero. Equipado com apenas dois airbags, o hatch mostrou uma baixo nível de segurança durante o crash-test em diversos quesitos, o que rendeu duras críticas sobre a fragilidade estrutural – mesmo com uma plataforma nova. Sem airbags laterais, não pode fazer o teste de colisão contra poste, além de não ter nenhuma tecnologia de segurança ativa.
Fiat Argo/Cronos
Assim como o C3, o hatch e o sedã da Fiat também zeraram no crash-test do Latin NCAP. A falta de equipamentos como airbags laterais e, na época, controle de estabilidade, pesaram bastante. Recebeu uma avaliação ruim no impacto frontal, principalmente na região do tórax e cabeça do motorista e do passageiro, assim como na prova do efeito chicote.
Fiat Mobi
O teste mais antigo da lista é o do Fiat Mobi, realizado em 2017 e com o protocolo anterior do Latin NCAP. Mesmo passando por uma avaliação menos rígida do que a atual, o subcompacto não foi nada bem e recebeu somente uma estrela. Decepcionou no teste de impacto lateral contra uma barreira móvel, não apenas por não ter protegido o passageiro por não ter airbags laterais como também pela porta ter aberto. Desde então, a única evolução que teve em termos de segurança foi a adoção do controle de estabilidade como equipamento de série.
Fiat Pulse
Com um resultado bem polêmico, o Fiat Pulse teve uma avaliação de duas estrelas, que foi contestado pela Stellantis. O crash-test mostrou que a proteção é limitada, por conta dos airbags laterais não serem o suficientes, usando bolsas que deveriam cobrir tanto o tórax quanto a cabeça, de forma a dispensar o airbag de cortina. Foi penalizado na proteção para crianças, após o boneco usado no teste ter batido a cabeça. Já a fabricante reclama sobre ter perdido pontos por causa do aviso do cinto de segurança traseiro, que havia sido atualizado e que o teste foi feito com um modelo anterior.
Fiat Strada
A única picape compacta que passou pela avaliação do Latin NCAP foi a Fiat Strada, recebendo apenas uma estrela. Testada em 2022, foi criticada por ter uma estrutura instável e a ONG ainda reclamou da diferença nos assentos após o teste de impacto traseiro. Mesmo a versão de cabine dupla foi mal no crash-test, pois os airbags laterais acionaram de forma incorreta e não protegeram o passageiro corretamente.
JAC E-JS1
O JAC E-JS1 foi o primeiro e, até o momento, único carro elétrico a ser avaliado. A JAC gosta de destacar que o hatchback elétrico foi desenvolvido junto com a Volkswagen, mas isto não ajudou na segurança, pois também tomou nota zero. Ainda foi o pior avaliado desde que a organização adotou o protocolo atual em 2020, sem obter um único ponto na proteção para adultos. Fora o resultado ruim no teste de colisão, ainda mostrou outros problemas, como a falha no sistema de corte de energia em caso de emergência (para evitar um choque elétrico após a colisão) e até um desgaste do pneu no teste do controle de estabilidade, a ponto de terem interrompido a avaliação.
Peugeot 208
Mesmo com uma plataforma mais moderna, o Peugeot 208 ficou abaixo da média, com duas estrelas. Segundo o Latin NCAP, o hatch mostrou um desempenho aceitável no crash-test frontal e bom no lateral, mas a falta de airbags de cortina atrapalhou seu desempenho e não permitiu que fizesse o teste de impacto contra poste. Enfrentou problemas na avaliação para crianças, pela falta de interruptor para desligar o airbag dianteiro do passageiro e a geometria do cinto de segurança dificultar a instalação de uma cadeirinha no banco dianteiro. Um outro caso apareceu no primeiro teste, com o encosto do banco traseiro saindo da posição, o que teria causado a perda de pontos, mas a Stellantis resolveu esta falha.