Como carga, ar-condicionado e pneus vazios influenciam o consumo do carro
Estilo de condução, carga, pneus descalibrados e ar-condicionado podem trazer grandes variações no consumo, aponta estudo da Renault e Instituto
Que o preço dos combustíveis está um absurdo, todo mundo sabe. Em momentos como esse, qualquer litro economizado pode render uma boa economia no final do mês. Mas, além de sistemas pensados para aumentar a eficiência, como start-stop, seus hábitos ao volante também podem afetar o consumo do veículo.
É isso que aponta um estudo elaborado pela Renault em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia e que considerou diversas situações cotidianas.
Usando dois carros bem diferentes, o Kwid e a Oroch, fizeram a medição de consumo nas seguintes situações: uso normal, contando apenas com os pesos do motorista e dos veículos em ordem de marcha; com a pressão ideal dos pneus reduzida em 30% (de 30 psi para 21 psi) e com o ar-condicionado ligado no máximo e com carga máxima – que no compacto é de 375 kg e na picape, 650 kg.
A versão da picape usada nos testes foi a Outsider, topo de linha e a única com motor 1.3 TCe de 170 cv e 27,5 kgfm (turbo com injeção direta). Já Kwid utilizado foi o Intense, que assim como as demais versões (Zen e Outsider), é equipado com o motor 3 cilindros 1.0 flex de até 71 cv e 10 kgfm.
Nos dois modelos, o combustível usado para as medições foi gasolina comum. E todas as situações foram simuladas com o mesmo carro. O percurso também se repetiu em todas as situações, tendo cerca de 10 km e a velocidade média de 60 km/h.
De acordo com a medição do Instituto Mauá, em situação normal, o Renault Kwid fez uma média de 20,88 km/l e a Oroch chegou aos 15,59 km/l.
Já com os pneus levemente descalibrados, o consumo aumentou 2,1% no hatch e 2,3% na picape.
Com o ar-condicionado ligado no máximo, o Kwid sofreu mais. O consumo subiu 9,4%, o que significa que em um trajeto diário de 10 km e contando apenas os dias úteis, em um mês seu gasto com gasolina subiria cerca de R$ 7,03, levando em consideração o preço médio nacional da gasolina de R$ 6,07. Isso só por usar o ar-condicionado no máximo.
Vale lembrar que, graças a sistemas de gerenciamento mais sofisticados, os carros são capazes de desligar o compressor do ar-condicionado – um dos grandes responsáveis por “roubar” força do motor – sempre que é exigida potência do motor e o carro está na temperatura ideal.
Contudo, ao selecionar a temperatura máxima, o compressor passa a funcionar a todo momento, afetando ainda mais o consumo. Em carros com motores menores, como o Kwid, a diferença é bem mais perceptível.
Com carga máxima a Oroch pagou pela sua vocação. Carregando 650 kg, incluindo o motorista, o consumo da picape subiu 22,3%, tendo média de 12,3 km/l. Claro que, no dia-a-dia, carregar tanto peso assim não será tão comum – exceto em casos onde o carro é usado para trabalho.
Um exemplo prático para isso é o uso de bagageiro no teto. Ele pode até ser útil em viagens, mas além de desfavorecer a aerodinâmica do veículo, o peso adicional – principalmente se você esquecer objetos dentro dele – vai gerar uma diferença no consumo do seu carro. O mesmo vale para os esquecidos que sempre deixam diversos objetos no porta-malas.
Na pista, pudemos dirigir a Oroch com os pneus descalibrados, com carga máxima e sem alterações.
Embora não tivéssemos todo o rigor do teste oficial, foi possível perceber algumas coisas. A diferença no comportamento do carro é pequena, o que é uma armadilha: você estará gastando mais sem notar. Sem contar com o desgaste maior dos pneus.
A situação se inverte quando dirigimos carregados com 650 kg de areia e água. O esforço do motor foi muito perceptível pelo barulho nas retas e, principalmente, nas subidas. De acordo com o Driving Eco, sistema da Renault que calcula o consumo e dá notas para a condução do motorista, em um trecho de 6,2 km a uma velocidade média de 40,5 km/h, a picape teve média de 10,2 km/l. Isso porque o sistema deu nota 94/100 para a condução.
O jeito de dirigir também faz diferença?
Parte do teste proposto pela Renault, também levou em consideração os hábitos de condução de cada motorista. Sete duplas e um motorista solitário – que teve a falta de um carona compensada no cálculo final – fizeram o mesmo percurso do ponto A ao ponto B, trocando a direção no meio do caminho.
No final, uma diferença de 5 km/l entre as duplas mais e menos econômicas. Todos estavam usando o mesmo modelo (Oroch Outsider) com o GPS para a mesma rota. As diferenças provam que o problema está na condução.
Hábitos como pisar fundo no acelerador, frear bruscamente ou esticar demais as marchas são os principais inimigos do consumo, e podem fazer uma boa diferença na hora de economizar.
Em resumo, o principal vilão na hora de economizar combustível é quase sempre o motorista. Mesmo que seu carro seja “beberrão”, prestar atenção nos detalhes, como no peso que está carregando ou na calibragem do pneu, assim como manter a velocidade o mais constante possível podem fazer uma boa diferença no final do mês.