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Briga entre as 1.3 turbo: nova Renault Oroch é melhor que a Fiat Toro?

Atualizada e com novo motor 1.3 turboflex, a Renault Oroch, enfim, pode se posicionar como alternativa à Fiat Toro?

Por Henrique Rodriguez | Fotos Fernando Pires
Atualizado em 9 fev 2023, 16h19 - Publicado em 16 Maio 2022, 11h11

Esse embate nunca foi tão parelho. Quando Renault Duster Oroch e Fiat Toro estrearam, era difícil encontrar um alinhamento entre as duas picapes além do porte intermediário e da carroceria monobloco.

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A Oroch tinha motores 1.6 e 2.0 flex, enquanto a Toro trazia 1.8 flex e 2.0 diesel. A Oroch vinha com câmbio manual ou automático de quatro marchas e tração 4×2. A Toro oferecia câmbio manual de seis marchas e automáticos de seis e nove marchas e tração 4×4, na versão diesel. Agora o alinhamento existe.

Oroch
Faróis foram mantidos. Santantônio impede retirada da capota (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Oroch 2023 foi rebatizada. Perdeu o Duster do nome. A intenção da Renault foi a de romper a relação que havia entre a picape e o SUV que lhe deu a plataforma (assim como o Renegade fez com a Toro). É justo, porque o SUV teve grandes alterações técnicas em 2020 que a picape não acompanha nesta linha 2023.

As mudanças visuais se resumem ao para-choque frontal, rodas (exceto na versão PRO, com rodas de aço), lanternas (mantiveram o formato, mas agora têm fundo preto), para-choque traseiro (deixou de ser pintado) e o que pode atrair mais olhares: o nome da picape ainda maior adesivado na tampa traseira.

Oroch
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O painel é novo e tem estrutura exclusiva, mas com peças que estavam na prateleira: as saídas do ar-condicionado vieram do Duster, o quadro de instrumentos com velocímetro digital é do Captur e o volante estreou nos Sandero e Logan em 2019. Há um porta-objetos no meio do painel, abaixo de botões que comandam sistemas como o start-stop (agora em todas as versões).

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O que todos os outros Renault poderiam invejar é a central multimídia de 8 polegadas destacada no topo do painel, única entre os modelos nacionais da marca com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, que faz par com a base de carregamento wireless – um acessório de concessionária. A interface do aparelho é parecida com a dos outros e a resposta ao toque melhorou, mas é mais lenta no uso.

São três versões. A Oroch PRO (R$ 105.800) é voltada para frotistas e a Oroch Intense (R$ 111.300) é a intermediária e mais recomendada ao consumidor comum por ter central multimídia, vidros elétricos, computador de bordo e sensor de ré.

Oroch
Oroch ganha em espaço interno, mas seus assentos são menos confortáveis, na frente e atrás (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Oroch

Ambas já saem da fábrica com pneus de uso misto e controles de estabilidade (ESP) e tração (TCS), que eram inéditos na picape até agora. Mas o motor 1.6 16V SCe flex, com 120 cv e 16,2 kgfm de origem Nissan permanece.

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A novidade é o câmbio manual de seis marchas, que promete uma vida mais digna que a proporcionada pelo antigo, com cinco marchas.

A versão convocada para este comparativo é a topo de linha Oroch Outsider, com um pacote visual que antes era opcional, com protetor frontal ainda maior, faróis adicionais, alargador de para-lamas, santantônio e grade de proteção do vidro traseiro e capa dos retrovisores e maçanetas pretos.

Oroch
No novo painel de linhas horizontais, o destaque vai para a central na parte superior (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Oroch
Painel reúne informações analógicas e digitais. Ar-condicionado é automático (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O mais importante, porém, é o motor 1.3 TCe, turbo com injeção direta flex que gera 170 cv e 27,5 kgfm, um excelente substituto para o velho 2.0 16V F4R de 148 cv. E o novo câmbio CVT simula oito marchas, o dobro das relações do antigo (e malfadado) automático de quatro marchas AL4.

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A Fiat Toro foi atualizada em 2021, quando estreou o motor 1.3 GSE Turboflex de 185 cv e 27,5 kgfm com o câmbio automático de seis marchas desde a versão mais simples. Na virada do ano, abandonou o velho motor 1.8 aspirado, mas o 2.0 turbodiesel continua disponível nas versões mais caras e com tração 4×4 permanente.

Pé de igualdade

Agora as picapes Renault e Fiat usam o motor 1.3 turbo. A topo de linha Oroch Outsider custa R$ 137.100, enquanto a Toro 2023 básica é Endurance 1.3 turbo, que sai por R$ 138.390.

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Oroch

Oroch vem com protetor e capota marítima de série

Oroch
Motor 1.3 TCe apresenta mais disposição nas saídas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A nova Renault Oroch 2023 ocupa a lacuna entre as Fiat Strada e Toro. Tem maior espaço interno e a mesma capacidade de carga da Strada (680 kg na Oroch PRO e 650 kg nas demais), mas não é tão equipada a ponto de ameaçar outras versões da Toro.

A Toro Endurance 2022 é bem completa para o padrão de carros básicos da Fiat. Não há bancos ou volante de couro, rodas de liga leve (as calotas disfarçam bem as rodas de aço aro 16), barras longitudinais no teto ou mesmo câmera de ré como na Oroch (e nas demais Toro).

A Endurance, porém, tem de série seis airbags, direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, luzes diurnas e lanternas de led (todas as versões da Oroch contam com apenas os dois airbags dianteiros, como o Duster, enquanto qualquer Kwid, Sandero ou Logan tem quatro airbags).

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Fiat Toro
Toro também tem maçanetas e capa dos retrovisores pretos, sem pintura (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Na Renault, ainda mantiveram a direção eletro-hidráulica, que poderia ser uma boa solução (não rouba potência do motor como a hidráulica e é mais comunicativa que a elétrica), mas é muito pesada em manobras e dá fortes rebotes ao passar por ondulações ou buracos. E o volante só tem ajuste de altura. A Toro, por sua vez, tem direção elétrica, mais leve, e ajuste de profundidade.

Vida a bordo 

Quando a Fiat Toro não tem a enorme central multimídia vertical, surge um porta-objetos logo abaixo da tela, como há na Oroch. Na Fiat, é um nicho mais inclinado e emborrachado. Na picape Renault, é um espaço quase plano e tudo que se coloca ali (carteira, celular, troco do pedágio, caneta…) acaba escorregando.

A Oroch tem bancos de vinil. Mas se o assunto é conforto, a Toro leva vantagem pelos seus, de tecido, serem mais anatômicos e confortáveis. Se tivessem adotado os novos bancos de Sandero e Duster, estariam equivalentes.

Fiat Toro

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Atrás, a situação é semelhante. A Renault é mais espaçosa, mas quem tem mais de 1,80 m de altura está sujeito a raspar as pernas no encosto da frente nos dois modelos. O assento da Toro é melhor, mais firme e elevado e ainda oferece porta USB além da tomada 12 V, que a Oroch também tem.

Picapes precisam ser tratadas como tal. Para muita gente a caçamba será mais útil que os bancos traseiros. O entre-eixos 16 cm maior na Toro (2,99 m contra 2,83 m) também não mostra vantagens na caçamba, que tem perímetro pouco menor que o da Oroch.

Sua grande vantagem está na capacidade volumétrica, de 937 litros contra 683 l, graças às paredes mais altas. E ainda pode levar 750 kg de carga, ante os 650 kg da Renault.

Fiat Toro
Toro Endurance exibe visual mais simples. Mas, no conteúdo, não tem grandes carências frente à Oroch Outsider (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Fiat Toro

Há outras vantagens que você só percebe no uso. A Fiat Toro tem trava elétrica para a tampa traseira (dividida em duas) e o compartimento é iluminado. A Oroch ainda depende da chave e a tampa é muito pesada para abrir e fechar – faltaram molas para atenuar essa carga.

Uma coisa é inegável: a Renault anda muito bem com o novo motor 1.3 turbo, especialmente porque nela o câmbio CVT é programado para trabalhar com relações mais curtas do que no Duster, justamente para lidar melhor com a carga transportada.

É necessário se acostumar às respostas ao acelerador, pois o 1.3 TCe reage cedo e até faz a direção virar com a força gerada. Mesmo sendo pesada. A disposição é tamanha que o motor não precisa estar a mais de 2.000 rpm em uma subida, por exemplo.

Fiat Toro
Na Toro, há nichos à esquerda e à direita do volante, que é multifuncional (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Renault Oroch tem suspensões McPherson na frente e multilink na traseira, como a Toro, mas teve mudanças para se adequar ao novo conjunto mecânico. Na prática, a picape roda como antes, absorvendo bem os buracos e com estabilidade.

O que incomoda ao volante é o barulho de vento nos retrovisores e no para-brisa, que aumenta exponencialmente com velocidade. O motor, em compensação, está bem isolado.

Essas considerações não existem para a Fiat Toro. Seu motor 1.3 GSE Turboflex precisa de mais tempo de aceleração para reagir, e o câmbio trabalha para deixar o rodar o mais suave possível.

Fiat Toro
Toro tem quadro de instrumentos digital, mas ar-condicionado é analógico (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Enquanto o CVT da Oroch simula marchas, o automático da Toro parece simular um CVT quando não está em modo Sport. É confortável, mas não é divertido.

A Toro tem direção leve em manobras e pesada em alta velocidade – quando preserva o silêncio na cabine muito bem. A Fiat também roda com mais conforto, quase não transmite imperfeições para a cabine e freia melhor.

O desempenho das duas em nossos testes, porém, foi semelhante. Enquanto a Oroch precisou de 10,5 s para chegar aos 100 km/h, a Toro levou 10,2 s. Há uma ressalva: a Fiat não emprestou uma Toro adequada às normas do Proconve L7.

Fiat Toro
Capota marítima da Fiat é opcional de R$ 1.112 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Fiat Toro
1.3 GSE Turbo fica devendo reações mais vigorosas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Muda a programação da injeção, que a Fiat diz ter melhorado a eficiência em 7,4% sem comprometer o desempenho. Mesmo sem essa atualização a Toro se saiu melhor que a Oroch, que é PL7.

Estar posicionada entre Strada e Toro é um acerto da Renault. Mas as vantagens da Oroch Outsider sobre a Toro Endurance são cosméticas e fáceis de serem superadas após a compra.

A picape da Fiat se destaca em aspectos como segurança e por ter um conjunto superior ao da rival. Por isso, vence o confronto.

Veredicto Quatro Rodas

O motor 1.3 turbo e o câmbio CVT mudaram o apelo da Oroch para melhor. Mas, se agora sobra motor, falta conteúdo para ameaçar a Toro. Como está, precisaria custar ainda menos que a concorrente para ganhar atratividade como opção mais racional.

Testes feitos por QUATRO RODAS

Oroch Toro
0 a 100 km/h 10,5 s 10,2 s
0 a 1.000 m 31,8 s – 165,5 km/h 31,7 s – 163,5 km/h
Velocidade máxima n/d 200 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h 4,7 s 4,7 s
D 60 a 100 km/h 5,5 s 5,7 s
D 80 a 120 km/h 7 s 7,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 18,1/29,4/63 m 16,3/26,9/58 m
Consumo
Urbano 8,3 km/l 8,9 km/l
Rodoviário 11,8 km/l 12,6 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 48,4/67,5 dBA 42,9/65,7 dBA
80/120 km/h 66,2/73,8 dBA 60,6/70,8 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h 97 km/h 98 km/h
Rotação do motor
a 100 km/h em 5a marcha
1.750 rpm 1.800 rpm
Volante 3 voltas 2,5 voltas
Seu Bolso
Preço básico R$ 137.800 R$ 138.990
Concessionárias 119 202

Condições de teste: alt. 660 m; temp., 33,5/29,5 °C; umid. relat., 45,5/45%; press., 1.036/1.013 mmHg

Ficha Técnica – Renault Oroch

Motor: flex, diant., transv. 4 cil., turbo, injeção direta, 16V, 1.332 cm³, 162/170 cv entre 5.500 e 6.000 rpm, 27,5 kgfm a 1.600 rpm
Câmbio: automático CVT, 8 marchas, tração dianteira
Direção: elétro-hidráulica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Peso: 1.432 kg
Dimensões: compr., 471,9 cm; larg., 183,4 cm; alt., 163,4; entre-eixos, 282,9 cm; caçamba, 683 l, 650 kg; tanque de combustível, 45 l; alt. livre, 21,2 cm

Ficha Técnica – Fiat Toro

Motor: flex, diant., transv. 4 cil., turbo, injeção direta, 16V, 1.332 cm³, 180/185cv entre 5.570 rpm, 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 215/65 R16
Peso: 1.650 kg
Dimensões: compr., 494,5 cm; larg., 184,5 cm; alt., 173; entre-eixos, 299 cm; caçamba, 937 l, 750 kg; tanque de combustível, 55 l; alt. livre 24,8 cm

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