VW Golf GTI Clubsport: fôlego de 20, corpinho de 40
No aniversário de quatro décadas do primeiro GTi, a VW lança o Clubsport – o mais potente da história
Quando a VW se aventurou a fazer uma versão esportiva do seu novo modelo Golf, em 1976, o objetivo era produzir 5.000 unidades. O carro havia estreado apenas dois anos antes e a realidade exigia projeções sem exageros. Mas o fenômeno GTi ganhou asas: estamos prestes a comemorar 40 anos da sua primeira geração, e durante esse período mais de 2 milhões desse Golf foram vendidos em todo o mundo, o que faz do GTi um desses raros sucessos de crítica e público, uma franquia capaz de seduzir de leigos a fissurados por carros.
Nestes tempos em que as notícias ruins são bem mais ruidosas do que as boas no Grupo Volkswagen, a empresa resolveu celebrar esse marco da sua história com o lançamento de uma versão especial, a Clubsport, a mais rápida e potente na história do Golf GTi (que, aliás, agora passa a existir na Europa em três configurações: a básica, com 220 cv, a GTi Performance, com 230 cv, e a GTi Clubsport, com até 290 cv no motor).
O GTi Performance já é um avanço à família: tem escapamento cromado, pneus 225/45 R17, a tradicional linha vermelha desenhando a grade de radiador, suspensão rebaixada em 15 milímetros em relação às versões normais do Golf. O Clubsport começa onde o Performance termina. Assim, recebeu, entre outras adições, um para-choque frontal com entradas de ar generosas, pneus mais largos e mais baixos (235/40), spoiler traseiro e amortecedores mais duros – todas medidas que contribuem para seu desempenho grudado ao solo.
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No interior, não há surpresas (ainda bem) em relação à ótima qualidade de materiais e acabamentos. A central multimídia, que pode ter até 8 polegadas, recebeu também o comando dinâmico do carro, com as opções Conforto, Normal e Sport.
O sistema pode ser combinado ao perfil de direção desejado pelo motorista, com quatro opções pré-configuradas de fábrica: Eco, Sport, Normal, Individual. Cada uma delas oferece um novo mapa de respostas do motor, do sistema de ar-condicionado, da suspensão e do câmbio, que por sua vez tem duas opções: o já conhecido DSG, de dupla embreagem, e o manual, com seis marchas.
Rodando a chave de ignição, os ponteiros do velocímetro e conta-giros logo dão o ar da graça, saltando até o extremo oposto do mostrador. O ruído gutural entrega o aumento de potência: 60 cv em relação ao GTi Performance e 70 cv comparado ao GTI normal. O motor de 2 litros, com injeção dupla (direta e indireta) e turbo, usa a mesma base do motor do Golf R, mantendo o comando de válvulas variáveis na admissão e escape.
Injeção na veia
Em condições normais, a real potência máxima do Clubsport é de 265 cv. Mas neste Golf, é possível alterar a realidade. Há um boost de desempenho que, por 10 segundos, pode elevar a entrega final a 290 cv, combinada a um incremento temporário do torque de 35,6 para 38,7 mkgf. É uma solução bastante útil nas solicitações urgentes de potência – uma ultrapassagem, por exemplo.
Não que falte aceleração ao conjunto: além de ir de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, a resposta ao acelerador é esmagadora, porque todo o torque é entregue ao motorista logo a partir das 1.700 rpm, e lá fica eternizado até para lá das 5.000 rpm. Na versão automática, as acelerações bruscas são ainda mais agressivas, pelo efeito de kickdown do excelente DSG. Para completar o pedigree esportivo, há, de série, sistema de controle de largada.
E como tudo isso anda na pista? Dirigimos o GTi Clubsport no circuito de Portimão, em Portugal. E foi impressionante ver a capacidade de o carro responder aos comandos do piloto e manter sua trajetória. A maior pressão sobre a frente do veículo, os pneus largos e com perfil baixo e a suspensão com afinação seca, além de fazer do Clubsport provavelmente o mais eficaz Golf já fabricado, impedem que os seus genes de tração dianteira alarguem as trajetórias nas curvas mais impetuosas.
A direção progressiva também tem seu mérito: além de passar o número de voltas ao volante de 2,6 para 1,9, tem desmultiplicação variável, evitando aquelas situações em que parece que há mais braços do que volante.
Mas o principal responsável pela eficácia em curva deste GTI é o diferencial autoblocante dianteiro. Ele é eletrônico e trabalha na companhia de uma nova geração do controle de aderência, capaz de travar individualmente as rodas e intervir mesmo quando os freios não são acionados. O resultado, conforme pudemos comprovar, é a neutralização da tendência de subesterço, comum em carros com as características do Clubsport – tração dianteira e doses consideráveis de potência. Com outra vantagem: faz tudo isso eletronicamente, o que torna a ação muito mais suave do que nos diferenciais mecânicos.
Na Alemanha, o GTi Clubsport custa 34.500 euros, 4.000 euros a mais do que o GTi Performance e 4.000 euros a menos do que o Golf R (300 cv, com tração nas quatro rodas).
VEREDICTO
O Clubsport foi pensado como edição comemorativa aos 40 anos do GTi – e acabou se tornando o melhor GTi de todos os tempos. Combina potência e dirigibilidade como poucos carros são capazes de fazer.
Motor | diant. longitud., 4 cil., 16V, injeção direta e indireta, turbo de geometria variável, 1.984 cm³, 82,5 x 92,8 mm, 9,6:1, 265 cv a 5.350-6.600 rpm (290 cv em overboost, 10 segundos), 35,6 mkgf a 1.700-5.000 rpm (38,7 mkgf) |
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Câmbio | manual de 6 marchas (ou automatizado de dupla embreagem, 6 marchas) |
Direção | cremalheira, assistência elétrica variável |
Suspensão | independente multilink (diant. e tras.) |
Freios | discos ventilados |
Pneus | 225/40 R17 |
Dimensões | comprimento, 426,8 cm; altura, 144,2 cm; largura, 179,9 cm; entre-eixos, 263,1 cm; peso, 1.375 kg |
Porta-malas | 380 litros |
Tanque | 50 litros |
Desempenho | 0 a 100 km/h em 5,9 s; vel. máx. 259 km/h (DSG) |