Fiat Elba era muito mais que um Uno esticado e ganhou o mundo
Com foco em espaço e praticidade, a Fiat Elba S 1.3 foi a perua nacional com maior capacidade de carga nos anos 1980

Em meados dos anos 1980, o Fiat 147 e seus derivados Oggi, Panorama, City e Fiorino começaram a dar lugar aos descendentes do Uno, lançado em 1984. O sedã Prêmio veio em 1985 e a perua Elba, no ano seguinte. Em 1988 viria a Fiorino nas versões picape e furgão.
A Elba ressaltou o foco da Fiat em aproveitamento de espaço, qualidade já demonstrada nos Uno e Prêmio. Ainda que mantivesse a timidez da antecessora Panorama no que diz respeito ao desempenho, a Elba conseguiu a proeza de ter o maior espaço para bagagem de uma perua nacional, com 847 litros entre o assoalho e o teto.

Um feito respeitável, uma vez que era dela também a marca das menores dimensões externas. E bastava rebater o assento traseiro para que nada menos que 1.749 litros de carga pudessem ser transportados.
O espírito cargueiro contava com a tampa do porta-malas que elevava a parte central do para-choque traseiro, criando um vão livre de 89 centímetros para o entra-e-sai da bagagem. A traseira se distinguia de Uno e Prêmio por um desenho mais esguio, com lanternas verticais finas e janela mais baixa.

Havia duas versões de acabamento, S 1.3 e CS 1.5, ambas a álcool ou a gasolina. Além do motor, a versão superior dispunha de computador de bordo, vidros com acionamento elétrico, faróis halógenos, apoio de cabeça, lavador elétrico do para-brisa com temporizador e rodas de liga leve, entre outros itens.
Valor nacional
No primeiro teste da QUATRO RODAS, em abril de 1986, a Elba CS 1.5 a álcool entregava 71,4 cv, atingindo 157,9 km/h e acelerando de 0 a 100 km/h em 14,83 s. Já a versão S 1.3, testada em julho do mesmo ano, chegava a 146,3 km/h e fazia o 0 a 100 km/h em 17,38 s.

Nem a economia compensou. Se na estrada a Elba 1.5 carregada rendeu 12 km/l, a versão 1.3 quase empatou, com 12,09 km/l. Na cidade, a média da 1.3 foi ainda pior, com 7,07 km/l contra 8,02 km/l.
O veterinário paulista Fabrício Oliveira Siqueira, dono da Elba S 1986 mostrada nesta reportagem, confirma: “Já cheguei a fazer 15 km/l”. O carro, herdado do avô, ficou dez anos parado antes de voltar à ativa. Hoje, serve às entregas da clínica veterinária, e segue com todos os componentes originais.

Além do espaço de sobra do interior, chama atenção a leveza da direção mecânica e a maciez dos bancos. Os retrovisores pequenos dificultam manobras e mudanças de pista, e o engate do câmbio de cinco velocidades, como era comum nos Fiat da época, pede prática para não irritar o motorista.
De Elba CSL a Duna Weekend
Se a VW Parati começou a ser exportada como perua Fox em 1987, a Elba teve seu passaporte carimbado para a Europa como Duna Weekend. Do modelo de exportação se adaptou o painel na nossa versão CSL 1989, quando o motor 1.5 passou a render 82 cv e o acabamento interno melhorou. A Elba CS saiu de linha e a S continuava praticamente igual.

Para 1990, veio a mudança mais significativa da história da Elba. Ganhou duas portas a mais e motor 1.6 de 88 cv. Já com a frente nova, com faróis mais estreitos, no comparativo de QUATRO RODAS em junho de 1991 com a Parati 1.8 e a Chevrolet Ipanema 1.8, a Elba foi a menos veloz, mas foi a mais econômica e freou melhor.
Em 1992, a Elba Weekend 1.5 i.e. adotou injeção eletrônica e potência de 67,3 cv. Em 1994, a Elba CSL 1.6 também abandonou a carburação, ganhando 1 cv. A perua saiu de linha em 1997, substituída pela Palio Weekend, que manteve como herança o foco em espaço interno e versatilidade — qualidades que garantiram duas décadas de sucesso.