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Chevrolet Caravan Diplomata SE, uma perua tão rara quanto cara

Ela era uma senhora perua que soube enfrentar o passar dos anos com disposição e sem perder a pose jamais

Por Sergio Berezovsky
Atualizado em 20 jan 2024, 23h08 - Publicado em 28 Maio 2021, 23h22
Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

Ao ser apresentada à sociedade local, em novembro de 1974, a Caravan já não era uma menina. Estava mais para uma senhora de meia-idade e era uma antiga conhecida das famílias europeias. A perua já rodava no Velho Mundo desde 1966, ano em que foi anunciado pela GM brasileira o início do projeto 676, que seria o embrião do Opala, o patriarca do clã, lançado no fim de 1968.

A perua tinha opção de motores 2500 e 4100, de quatro e seis cilindros. Ao contrário da perua Opel, que tinha cinco portas, a nossa Caravan tinha apenas três. Ainda que não pudesse ser classificada como uma station wagon, ela era uma evolução e tanto em relação às opções nacionais Ford Belina e VW Variant, de menor porte e limitados motores.

Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

A Caravan conseguiu a proeza de se manter atualizada e ganhar status sem passar por mudanças mais profundas. Ao longo de seus 17 anos, incorporou itens de conforto e ganhou requintes no acabamento. Suas versões incluíram até a esportiva Caravan SS, oferecida com motores de quatro ou seis cilindros. E quem não se satisfizesse com o modesto câmbio de três marchas com alavanca na coluna poderia optar pela versão automática.

Essa versatilidade ajudou a encarar com dignidade o peso dos anos e enfrentar a concorrência da Quantum. Esta, que apareceu em 1985, além de um corpinho mais jovem, tinha a praticidade das quatro portas, mais estabilidade e consumo consideravelmente mais baixo.

Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

A Caravan Diplomata SE 1989 que nós fotografamos para esta reportagem é um exemplo do bom nível atingido pela perua da GM. Último ano do modelito saia-e-blusa (pintura de duas cores), uma onda que começou em 1985 na linha Opala, era dela o título de carro mais caro (só perdia para ela mesma na versão automática).

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Seu dono, Sylvio Luiz Pinto e Silva, dirige carros antigos quando está com os pés no chão, mas profissionalmente pilota máquinas de ultimíssima geração. Sylvio é piloto de linha aérea e comanda modernos Airbus.

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Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)
Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

Segundo ele, sua paixão pela Caravan (pela linha Opala, diga-se) justifica-se pelo acabamento caprichado com forrações de veludo, pelo rodar silencioso e macio e pela boa posição de dirigir. O espaço e a boa área útil para bagagem também contam pontos. Andando no carro, é difícil não concordar com ele.

A voz do seis cilindros em funcionamento soa familiar. Em compensação, a posição das marchas na alavanca traz de volta o esquecido tempo em que os carros tinham quatro marchas (a quinta só chegou à linha Opala em 1991). Os 137.000 km registrados no hodômetro não alteraram a exuberância do motor 4100.

Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)
Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

O seis-cilindros a álcool é elástico e, com torque abundante desde as mais baixas rotações, mostra-se ávido por engolir asfalto rapidamente – assim como litros de combustível.

Discreto, o motor trabalha suave e silencioso, com a ajuda dos tuchos de válvula hidráulicos. E a rapidez com que o ponteiro do marcador de combustível se inclina mostra a velocidade com que 88 litros podem desaparecer de um tanque. Coisas do carburador Weber 446.

De certo modo, é até bom que o consumo iniba o entusiasmo na hora de esmagar o acelerador. É que a relação da Caravan com o piso vai até o momento em que a traseira se despede em direção ao seu próprio destino. Como paliativo, alguns usavam 4 libras a mais nos pneus para atenuar o requebrado da perua. Em outubro de 1985, o teste da 4100 a álcool mostrou que a perua foi de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e chegou a 174 km/h.

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Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

Aliás, testes na QUATRO RODAS não faltaram na vida da Caravan. Só de Longa Duração foram dois: o primeiro foi em 1975 e o outro, cinco anos mais tarde. Naquela época, a programação terminava aos 30 000 km. Apesar de os dois modelos terem se saído bem na parte mecânica, algumas queixas foram recorrentes: nível de ruído alto e vedação da carroceria deficiente.

Em 1990, uma Caravan Diplomata, top de linha, com mais oito carros – considerados os melhores entre os nacionais pela revista -, enfrentou uma maratona de 30 horas em Interlagos. Dirigida por 18 pilotos ao longo de 285 voltas pelo antigo traçado de 7 823 metros, a Caravan surpreendeu. Fez a melhor volta da maratona à velocidade média de 128 km/h.

Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

Indagada sobre as três maiores virtudes da perua, Regina Calderoni, a única piloto mulher presente no teste, respondeu simplesmente: “Maravilhosa, maravilhosa, maravilhosa!” E os defeitos? “Maravilhosa, maravilhosa, maravilhosa!” Também no quesito apetite ela mostrou-se imbatível: média de 3,23 km/l de álcool!

A carreira da Caravan seguiu até abril de 1992. Coube a uma versão ambulância, juntamente com um sedã Diplomata, a honra de encerrar a produção da linha Opala, uma família que deixou muita gente saudosa.

Chevrolet Caravan Diplomata SE
(Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

Teste – Chevrolet Caravan, outubro de 1985

Aceleração 0 a 100 km/h – 11,7 s
Velocidade máxima – 173,9 km/h
Frenagem 80 km/h a 0 – 33,8 m
Consumo – 4 km/l (cidade), 6,3 km/l (estrada)

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Preço

Setembro de 1985 – Cr$ 105.000.000
Atualizado (IPCA) – R$ 202.250

Ficha técnica – Chevrolet Caravan

Motor: Dianteiro, 6 cilindros em linha, 4.093 cm3
Câmbio: automático, 3 marchas Potência: 134,4 cv a 4.000 rpm Torque: 30,1 mkgf a 2.000 rpm
Suspensão: dianteira independente; traseira eixo rígido
Dimensões: comprimento, 481 cm; largura, 177 cm; altura, 141 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, 1.214 kg

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