Como funcionam os carros que são “meio” híbridos?
Sistema elétrico de 48 V liberta o motor de ter que acionar outros dispositivos e ainda dá uma forcinha na tração
O motor a combustão nunca foi exemplo de eficiência e, para piorar, parte de seus parcos 30% de rendimento sempre foi usada para acionar sistemas agregados, como a direção hidráulica, o ar-condicionado e a bomba de água.
Pensando em mudar esse padrão, a Mercedes desenvolveu um motor que deixa os agregados aos cuidados do sistema elétrico para se concentrar em sua principal razão de existir: tracionar o carro.
Esse motor não tem correias (para movimentar os dispositivos). Em vez disso, traz um alternador/motor integrado que é a peça-chave do sistema.
Por ter dois motores, mas só o a combustão tracionar o veículo, esse tipo de conceito pode ser chamado de híbrido parcial.
E para suportar o aumento de tarefas, a rede elétrica passou a trabalhar com tensão de 48 volts.
O alternador ISG (sigla em inglês para motor de arranque e alternador integrado) é um forte aliado do motor na busca de eficiência porque, além gerar energia para a bateria, ele desempenha funções híbridas.
O ISG transforma a energia cinética em elétrica nas frenagens e funciona como booster, dando uma força extra ao motor, nas situações de maior esforço ou na manutenção de velocidade de cruzeiro.
O motor M256 também marca o retorno dos seis-cilindros em linha no portfólio da Mercedes – o último havia sido o M104, substituído pelos V6 na virada do século. Ele estreou no novo Classe S e fará sua estreia no Brasil com o inédito CLS 53 AMG.
Alta tensão
O motor M256 é o primeiro da Mercedes sistematicamente desenvolvido para receber eletrificação especial.
Rede de força – O novo sistema elétrico responde pelo funcionamento de faróis, compressor elétrico, dispositivos de conforto (ar-condicionado, bancos e vidros elétricos) e de segurança.
Usina de energia – O sistema gera força extra ao motor de duas maneiras. Acionado eletricamente, o compressor responde instantaneamente, sem apresentar a demora característica dos turbocompressores. Ao mesmo tempo, o motor elétrico ISG ajuda a girar o virabrequim em condições de alta demanda ou velocidade de cruzeiro.
Alimentação – Para gerar energia aos dispositivos que funcionam com 12 V, o sistema elétrico de 48 V conta com um conversor de tensão.
Performance – Segundo a Mercedes, o desempenho do novo motor 3.0 de seis cilindros é comparável ao de um de V8.
Eficiência – O consumo (e as emissões de poluentes) é cerca de 15% menor em relação a um motor de seis cilindros convencional, segundo a fábrica.
Ficha técnica – Mercedes M256
- Motor: Seis cilindros em linha
- Deslocamento: 2.999 cm³
- Potência: 408 cv
- Torque: 51 kgfm
Banguela extrema
Esse sistema também permite que o carro tenha uma versão ainda mais otimizada do start-stop, capaz de desligar o motor quando o carro trafega em altas velocidades.
No novo Mercedes C200 EQ Boost o quatro-cilindros é desativado até a 120 km/h. Para isso o trem de força recebe diversas modificações, como bombas elétricas para o vácuo do servofreio, óleo do motor e do câmbio.
Isso permite que os sistemas vitais do veículo continuem em funcionamento mesmo com o propulsor a combustão desativado.
Vale ressaltar que nada muda para o motorista, pois as assistências de direção, freio, ar-condicionado e sistemas de condução semiautônoma não são desligados.
O motor também pode ser religado imediatamente quando o controle eletrônico detecta alguma demanda por parte do veículo ou do condutor – como ao pisar fundo no acelerador, por exemplo.
Conta-gotas
A ideia de um sistema elétrico robusto, que suporte os diversos dispositivos do carro, não é nova. As primeiras propostas remetem ao ano de 1990.
O problema é que, naquela época, os custos de aplicação de um sistema assim não eram compensadores, ao contrário de agora.
Hoje as fábricas investem milhões de dólares para desenvolver qualquer solução que possibilite economizar o máximo possível de combustível.