Teste: novo Nissan Sentra pode ser mais um na resistência contra os SUVs
Já lançado na Argentina, o novo Sentra não lembra em nada seu antecessor. Ele está mais bonito, equipado, confortável e gostoso de dirigir
Vai longe a última vez que vi um sedã médio de marca generalista chamar tanta atenção por onde passa. O último foi o Honda Civic, na oitava geração, de 2006, considerado inovador demais para a época. Agora, porém, o novo Sentra surpreendeu pela região em que rodei, na grande Buenos Aires, na Argentina, onde foi apresentado.
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Em todos os lugares que circulei com a novidade, recebi sorrisos e polegares para cima. E tiraram até fotos. Graças ao Sentra, tive meus 15 minutos de fama.
Atribuo esse interesse ao design do carro – embora parte do crédito também possa ser dada à marcante cor laranja metálico (exclusivo da versão topo de linha SR, bem como a asa traseira e o teto preto). Entre os que nos pararam para perguntar, havia até os que duvidavam tratar-se do novo Sentra.
Além da dianteira agressiva e do teto com caimento fastback, as mudanças estéticas do sedã em nada lembram a sobriedade da geração anterior. E não são apenas as linhas do design que confundem o observador, porque o novo Sentra ficou maior.
Ele cresceu pouco no comprimento (apenas 4 mm). Mas ficou 55 mm mais largo e ganhou 10 mm na distância entre-eixos. Por dentro, essas mudanças fizeram toda a diferença, deixando a cabine mais espaçosa. Começando pela parte da frente, com bancos bastante ergonômicos, o posto do motorista é um dos melhores do segmento, com ajustes elétricos (na versão avaliada) em todas as posições, incluindo o apoio lombar, enquanto o do passageiro é manual e não pode ser ajustado em altura.
O visual é extremamente moderno e muito diferente de todos os conhecidos Nissan, exceto pelas chaves de levantamento dos vidros, que nos levam de volta até mesmo ao Versa de geração anterior.
Multimídia flutuante
O restante dos elementos denotam um elevado nível de cuidado, tanto na qualidade como no design, e um exemplo disso são as saídas de ar centrais redondas, muito semelhantes às dos últimos lançamentos da Mercedes (quem tem boa memória vai se lembrar dos Alfa Romeo 166, em 1998).
Também é bastante interessante o console central largo, com a tela da central multimídia flutuante, que é relativamente grande e localizada a uma altura apropriada para não desviar a atenção do motorista, que conta com a maioria dos controles à mão, incluindo os comandos de mudanças de marcha no volante.
Na parte de trás, os bancos também têm formato anatômico e espaço suficiente para três adultos. Como costuma acontecer, o passageiro do meio é prejudicado pela conformação do assento e do piso. Mas o mais questionável na traseira é a ausência de saídas de ar-condicionado.
No console, existe apenas uma tomada USB. Fora isso, os encostos reclinam-se na proporção de 60/40 para ampliar a capacidade do porta-malas, cujo volume em condições normais é de 466 litros (37 litros a menos que seu antecessor).
Injeção direta
Em geral, a qualidade do acabamento é muito boa, assim como o isolamento acústico da cabine, o que mostra uma melhoria notável em relação ao modelo anterior.
Mecanicamente, o Nissan Sentra vendido na Argentina segue com seu motor 2.0, que no Brasil gera 140 cv e 20 kgfm em versão flex, e o câmbio automático CVT. Segundo fontes da engenharia, a escolha desse esquema, em vez de um motor com menor deslocamento mas turboalimentado, tem duas justificativas: de um lado, as preferências do mercado norte-americano (principal destino deste veículo que é produzido no México) e, de outro, o fato de a empresa preferir concentrar seus esforços no desenvolvimento de tecnologias alternativas (elétricas principalmente).
De qualquer forma, houve avanços com a adoção de injeção direta em substituição ao sistema multipoint, por exemplo. Ainda sem rodar com dois combustíveis, como vai acontecer na versão comercializada no Brasil, a potência chega a 143 cv e o torque permanece no mesmo patamar.
Em nossa pista, o Sentra acelerou de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos e atingiu a velocidade máxima de 202,1 km/h. Nos testes de consumo, conseguimos as médias de 9,8 km/lna cidade, e 13,2 km/l na estrada.
O novo Nissan Sentra já está em testes no Brasil e por aqui será mais potente. Tudo graças ao uso de injeção direta, providencial para se enquadrar nas regras do Proconve L7. O sistema eleva a potência aos 150 cv e 20 kgfm.
O tanque, de 47 litros, é pequeno para um sedã médio e, para prejudicar ainda mais a autonomia, o sedã não conta com sistema start-stop, o que ajudaria a reduzir o consumo.
Na hora de parar, o Sentra demonstrou equilíbrio e eficiência, com seu sistema de freios com discos nas quatro rodas. Vindo a 80 km/h, ele precisou de 27,9 metros até a parada total, o que é uma marca na média de outros sedãs de mesmo porte.
Ao volante, o Nissan nos pareceu um carro bem acertado. Em primeiro lugar, houve um grande trabalho em termos de robustez da carroceria, que ficou 40% mais rígida que a de seu antecessor, segundo a fábrica. Só isso já seria suficiente para deixar o carro mais obediente. Mas o Sentra trocou também o bom e velho eixo de torção, na traseira, pela estrutura independente do tipo multilink, mais eficiente no trabalho de conservar os pneus em contato com o asfalto.
Na dianteira, manteve o sistema independente McPherson. Com uma afinação meticulosa do conjunto, o Nissan passou a ter um comportamento dinâmico exemplar. Pneus de baixo perfil (215/45 em rodas de 18 polegadas) também colaboram para isso. E, em sintonia com a notável dirigibilidade, encontramos uma direção com assistência elétrica extremamente precisa.
Essa característica, conforme os projetistas, se deve ao fato de o motor elétrico localizar-se no rack do sistema e não na coluna, onde geralmente fica nos demais veículos. Ainda de acordo com a Nissan, essa configuração traz também a vantagem de tornar a direção mais direta e menos sujeita a vibrações e ruídos.
Pacote high-tech
Um dos últimos sedãs médios a incorporar controle eletrônico de estabilidade, o Sentra agora inverte a situação trazendo equipamentos de segurança de ponta, como freios autônomos de emergência, sensores de tráfego à frente (incluindo pedestres), alerta de colisão, sensor de fadiga do motorista, detector de pontos cegos, sensor de mudança de faixa e alerta de objetos esquecidos no banco traseiro.
A versão testada oferecia ainda faróis de led com sistema antiofuscamento, sensores de pressão dos pneus e monitor de visão periférica 360 graus com detecção de objetos em movimento. E completando a série de recusos: seis airbags, assistente de partida em rampa e o famigerado ESP.
No que diz respeito ao conforto, destacamos o sistema multimídia com Bluetooth, reconhecimento de voz, tela touch de 8”, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, e o sistema de som Bose com oito alto-falantes.
Além da central, a lista de mimos inclui teto solar, espelhos retrovisores externos aquecidos e eletricamente ajustáveis com indicadores de direção integrados e chave presencial. Sentimos falta, entretanto, do sistema um toque nos quatro vidros elétricos (só o do motorista tem).
Lançamento no Brasil
O Sentra 2021 chega em três versões e quatro variantes: Advance (manual e automático CVT), SR CVT e Exclusive CVT. Na Argentina, os preços são de 1.890.000 pesos (R$ 124.740) e 1.995.000 pesos (R$ 131.670), respectivamente, para o modelo básico; 2.435.000 pesos (R$ 160.710) para o SR testado e 2.450.000 pesos (R$ 161.700) para a variante topo de linha.
A Nissan bem queria ter lançado o novo Sentra este ano no Brasil. Mas a pandemia do novo coronavírus fez a fabricante adiar seus planos e agora a estreia ficou para o segundo semestre de 2022. O sedã já está em testes mas, oficialmente, a fábrica não diz nem sim nem não para a chegada do carro.
Mas a Nissan deve repetir aqui a mesma estratégia do mercado argentino, que também recebeu o novo Versa. Lembrando que a Honda, que fez o sedã chamativo do início do texto, deixou de fabricar o Civic no Brasil para importá-lo apenas em versão híbrida, abrindo espaço no mercado para os que permanecerem.
Veredicto – Bonito, confortável e bem-acabado, o novo Sentra é uma grata surpresa no segmento de sedãs médios.
Teste – Nissan Sentra 2021
- Aceleração
0 a 100 km/h: 10,2 s
0 a 1.000 m:
31,3 s – 170,3 km/h - Velocidade máxima
202 km/h - Retomada
D 40 a 80 km/h: n/d
D 60 a 100 km/h: n/d
D 80 a 120 km/h: 6,9 s - Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 15,6/27,9/67 m - Consumo
Urbano: 9,8 km/l
Rodoviário: 13,6 km/l
Ficha técnica – Nissan Sentra 2021
Preço: R$ 161.700
Motor: gas., diant., transv., 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, comando de válvulas variável, 1.997 cm3, 147 cv de 6.000 rpm, 20,1 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: aut., CVT, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.) /multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 245/45 R18
Dimensões: comprimento, 464 cm; largura, 181,5 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 271 cm; peso, 1.398 kg; tanque, 47 l;
porta-malas, 466 l
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