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Teste: novo Nissan Sentra pode ser mais um na resistência contra os SUVs

Já lançado na Argentina, o novo Sentra não lembra em nada seu antecessor. Ele está mais bonito, equipado, confortável e gostoso de dirigir

Por Chritian Hein, de Buenos Aires (Argentina)
Atualizado em 20 mar 2022, 10h00 - Publicado em 8 jan 2021, 08h42
Nissan Sentra 2021 nova geração
Nova geração segue a identidade visual da Nissan (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Vai longe a última vez que vi um sedã médio de marca generalista chamar tanta atenção por onde passa. O último foi o Honda Civic, na oitava geração, de 2006, considerado inovador demais para a época. Agora, porém, o novo Sentra surpreendeu pela região em que rodei, na grande Buenos Aires, na Argentina, onde foi apresentado.

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Em todos os lugares que circulei com a novidade, recebi sorrisos e polegares para cima. E tiraram até fotos. Graças ao Sentra, tive meus 15 minutos de fama.

Atribuo esse interesse ao design do carro – embora parte do crédito também possa ser dada à marcante cor laranja metálico (exclusivo da versão topo de linha SR, bem como a asa traseira e o teto preto). Entre os que nos pararam para perguntar, havia até os que duvidavam tratar-se do novo Sentra.

Além da dianteira agressiva e do teto com caimento fastback, as mudanças estéticas do sedã em nada lembram a sobriedade da geração anterior. E não são apenas as linhas do design que confundem o observador, porque o novo Sentra ficou maior.

Teste: novo Nissan Sentra pode ser mais um na resistência contra os SUVs
Lanternas de led com lentes escurecidas destacam-se na traseira (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)
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Ele cresceu pouco no comprimento (apenas 4 mm). Mas ficou 55 mm mais largo e ganhou 10 mm na distância entre-eixos. Por dentro, essas mudanças fizeram toda a diferença, deixando a cabine mais espaçosa. Começando pela parte da frente, com bancos bastante ergonômicos, o posto do motorista é um dos melhores do segmento, com ajustes elétricos (na versão avaliada) em todas as posições, incluindo o apoio lombar, enquanto o do passageiro é manual e não pode ser ajustado em altura.

O visual é extremamente moderno e muito diferente de todos os conhecidos Nissan, exceto pelas chaves de levantamento dos vidros, que nos levam de volta até mesmo ao Versa de geração anterior.

Multimídia flutuante

Teste: novo Nissan Sentra pode ser mais um na resistência contra os SUVs
Console central é largo e abriga porta-copos e porta-objetos (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

O restante dos elementos denotam um elevado nível de cuidado, tanto na qualidade como no design, e um exemplo disso são as saídas de ar centrais redondas, muito semelhantes às dos últimos lançamentos da Mercedes (quem tem boa memória vai se lembrar dos Alfa Romeo 166, em 1998).

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Também é bastante interessante o console central largo, com a tela da central multimídia flutuante, que é relativamente grande e localizada a uma altura apropriada para não desviar a atenção do motorista, que conta com a maioria dos controles à mão, incluindo os comandos de mudanças de marcha no volante.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Os bancos têm revestimento parcial de couro, com costuras e detalhes na cor laranja. Atrás, o espaço para as pernas é amplo (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Na parte de trás, os bancos também têm formato anatômico e espaço suficiente para três adultos. Como costuma acontecer, o passageiro do meio é prejudicado pela conformação do assento e do piso. Mas o mais questionável na traseira é a ausência de saídas de ar-condicionado.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Há tomada USB para o banco traseiro, mas não saída de ar (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

No console, existe apenas uma tomada USB. Fora isso, os encostos reclinam-se na proporção de 60/40 para ampliar a capacidade do porta-malas, cujo volume em condições normais é de 466 litros (37 litros a menos que seu antecessor).

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Injeção direta

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Há botão de partida. E o câmbio CVT tem modo esporte (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Em geral, a qualidade do acabamento é muito boa, assim como o isolamento acústico da cabine, o que mostra uma melhoria notável em relação ao modelo anterior.

Mecanicamente, o Nissan Sentra vendido na Argentina segue com seu motor 2.0, que no Brasil gera 140 cv e 20 kgfm em versão flex, e o câmbio automático CVT. Segundo fontes da engenharia, a escolha desse esquema, em vez de um motor com menor deslocamento mas turboalimentado, tem duas justificativas: de um lado, as preferências do mercado norte-americano (principal destino deste veículo que é produzido no México) e, de outro, o fato de a empresa preferir concentrar seus esforços no desenvolvimento de tecnologias alternativas (elétricas principalmente).

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
(Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

De qualquer forma, houve avanços com a adoção de injeção direta em substituição ao sistema multipoint, por exemplo. Ainda sem rodar com dois combustíveis, como vai acontecer na versão comercializada no Brasil, a potência chega a 143 cv e o torque permanece no mesmo patamar.

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Em nossa pista, o Sentra acelerou de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos e atingiu a velocidade máxima de 202,1 km/h. Nos testes de consumo, conseguimos as médias de 9,8 km/lna cidade, e 13,2 km/l na estrada.

No Brasil, outro motor

O novo Nissan Sentra já está em testes no Brasil e por aqui será mais potente. Tudo graças ao uso de injeção direta, providencial para se enquadrar nas regras do Proconve L7. O sistema eleva a potência aos 150 cv e 20 kgfm.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Painel tem instrumentos analógicos e visor digital, com informações do veículo e do computador de bordo, no centro (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

O tanque, de 47 litros, é pequeno para um sedã médio e, para prejudicar ainda mais a autonomia, o sedã não conta com sistema start-stop, o que ajudaria a reduzir o consumo.

Na hora de parar, o Sentra demonstrou equilíbrio e eficiência, com seu sistema de freios com discos nas quatro rodas. Vindo a 80 km/h, ele precisou de 27,9 metros até a parada total, o que é uma marca na média de outros sedãs de mesmo porte.

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Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Teto solar está disponível nas versões mais caras (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Ao volante, o Nissan nos pareceu um carro bem acertado. Em primeiro lugar, houve um grande trabalho em termos de robustez da carroceria, que ficou 40% mais rígida que a de seu antecessor, segundo a fábrica. Só isso já seria suficiente para deixar o carro mais obediente. Mas o Sentra trocou também o bom e velho eixo de torção, na traseira, pela estrutura independente do tipo multilink, mais eficiente no trabalho de conservar os pneus em contato com o asfalto.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
No porta-malas cabem 466 litros de bagagem (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Na dianteira, manteve o sistema independente McPherson. Com uma afinação meticulosa do conjunto, o Nissan passou a ter um comportamento dinâmico exemplar. Pneus de baixo perfil (215/45 em rodas de 18 polegadas) também colaboram para isso. E, em sintonia com a notável dirigibilidade, encontramos uma direção com assistência elétrica extremamente precisa.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
De perto, a carroceria exibe diferentes vincos, recortes de superfícies que refletem a luz (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Essa característica, conforme os projetistas, se deve ao fato de o motor elétrico localizar-se no rack do sistema e não na coluna, onde geralmente fica nos demais veículos. Ainda de acordo com a Nissan, essa configuração traz também a vantagem de tornar a direção mais direta e menos sujeita a vibrações e ruídos.

Pacote high-tech

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Sobre o emblema, há um sensor de tráfego dianteiro (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Um dos últimos sedãs médios a incorporar controle eletrônico de estabilidade, o Sentra agora inverte a situação trazendo equipamentos de segurança de ponta, como freios autônomos de emergência, sensores de tráfego à frente (incluindo pedestres), alerta de colisão, sensor de fadiga do motorista, detector de pontos cegos, sensor de mudança de faixa e alerta de objetos esquecidos no banco traseiro.

A versão testada oferecia ainda faróis de led com sistema antiofuscamento, sensores de pressão dos pneus e monitor de visão periférica 360 graus com detecção de objetos em movimento. E completando a série de recusos: seis airbags, assistente de partida em rampa e o famigerado ESP.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Central multimídia tem tela de 8” (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

No que diz respeito ao conforto, destacamos o sistema multimídia com Bluetooth, reconhecimento de voz, tela touch de 8”, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, e o sistema de som Bose com oito alto-falantes.

Além da central, a lista de mimos inclui teto solar, espelhos retrovisores externos aquecidos e eletricamente ajustáveis com indicadores de direção integrados e chave presencial. Sentimos falta, entretanto, do sistema um toque nos quatro vidros elétricos (só o do motorista tem).

Lançamento no Brasil

Nissan Sentra 2021 nova geração
Acabamento da coluna traseira separa o teto da carroceria (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

O Sentra 2021 chega em três versões e quatro variantes: Advance (manual e automático CVT), SR CVT e Exclusive CVT. Na Argentina, os preços são de 1.890.000 pesos (R$ 124.740) e 1.995.000 pesos (R$ 131.670), respectivamente, para o modelo básico; 2.435.000 pesos (R$ 160.710) para o SR testado e 2.450.000 pesos (R$ 161.700) para a variante topo de linha.

A Nissan bem queria ter lançado o novo Sentra este ano no Brasil. Mas a pandemia do novo coronavírus fez a fabricante adiar seus planos e agora a estreia ficou para o segundo semestre de 2022. O sedã já está em testes mas, oficialmente, a fábrica não diz nem sim nem não para a chegada do carro.

Nissan Sentra 2021 nova geração (19)
Motor gera 147 cv de potência (Alejandro Cortina/Quatro Rodas)

Mas a Nissan deve repetir aqui a mesma estratégia do mercado argentino, que também recebeu o novo Versa. Lembrando que a Honda, que fez o sedã chamativo do início do texto, deixou de fabricar o Civic no Brasil para importá-lo apenas em versão híbrida, abrindo espaço no mercado para os que permanecerem.

Veredicto Bonito, confortável e bem-acabado, o novo Sentra é uma grata surpresa no segmento de sedãs médios.

Teste – Nissan Sentra 2021

  • Aceleração
    0 a 100 km/h: 10,2 s
    0 a 1.000 m:
    31,3 s – 170,3 km/h
  • Velocidade máxima
    202 km/h
  • Retomada
    D 40 a 80 km/h: n/d
    D 60 a 100 km/h: n/d
    D 80 a 120 km/h: 6,9 s
  • Frenagens
    60/80/120 km/h – 0 m: 15,6/27,9/67 m
  • Consumo
    Urbano: 9,8 km/l
    Rodoviário: 13,6 km/l

Ficha técnica – Nissan Sentra 2021

Preço: R$ 161.700
Motor: gas., diant., transv., 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, comando de válvulas variável, 1.997 cm3, 147 cv de 6.000 rpm, 20,1 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: aut., CVT, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.) /multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 245/45 R18
Dimensões: comprimento, 464 cm; largura, 181,5 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 271 cm; peso, 1.398 kg; tanque, 47 l;
porta-malas, 466 l

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A edição 755 de QUATRO RODAS já está nas bancas! (Arte/Quatro Rodas)
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