Peugeot 208 1.0: como anda o hatch com o mesmo motor do Fiat Argo
Compacto ganhou duas novas versões de entrada equipadas com o motor 1.0 do Argo e ambas são bem equipadas e com preços bem chamativos
O novo Peugeot 208 estreou no Brasil em outubro de 2020. Mas, mesmo tendo mudado bastante em design e ficado mais conectado e tecnológico, o hatch compacto não fez sucesso em vendas de cara.
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Começou vendendo pouco mais de 1.000 unidades por mês. Sua sorte começou a mudar quando passou a ser comprado por locadoras e quando teve seu preço reduzido em consideráveis R$ 9.000, em julho passado. Hoje o modelo acumula quase 8.000 unidades vendidas de janeiro a abril deste ano – um crescimento de mais de 150%. nas vendas.
Mas o que realmente poderá alavancar as vendas do Peugeot 208 2023 é a adoção do motor 1.0 Firefly, o mesmo três-cilindros que equipa o Fiat Argo.
O que é o Peugeot 208 1.0?
São duas novas versões de entrada equipadas com o motor 1.0 6V aspirado que rende até 75 cv e 10,7 kgfm de torque, sempre combinado com o câmbio manual de cinco marchas também fornecido pela Fiat (só o trambulador é Peugeot). A ré arranha às vezes, como em qualquer Fiat.
Portanto, é o mesmo conjunto mecânico que equipa o Fiat Argo, que ainda é um forte concorrente no mercado e dentro de casa, pois Peugeot e Fiat fazem parte do mesmo grupo, a Stellantis. E o Peugeot é mais barato que o Fiat.
No início do mês de maio a linha do 208 sofreu um enxugamento de versões, exatamente com a intenção de receber a nova motorização.
A então versão de entrada 208 Like 1.6 com câmbio manual, que custava R$ 85.990, saiu de linha. Agora a opção mais acessível equipada com o motor 1.6 é a Active com câmbio automático de seis marchas, que parte de R$ 99.990.
Na linha 2023 a Like volta, mas agora equipada com a motorização 1.0 e com preço de lançamento atrativo: R$ 72.990. Ela é inclusive mais barato que a versão de entrada do Fiat Argo 1.0 que custa R$ 73.690, portanto R$ 700 mais caro. Outra vantagem dessa opção mais barata é ser mais equipada em relação a configuração com motor 1.6.
Ela traz a central multimídia de 10,3 polegadas (antes era 7”, mas a Like tinha um rádio simples) com espelhamento sem fio de Android Auto e Apple Carplay, e o DRL em led, que a marca chama de “dente de sabre” também está presente – a versão anterior era desprovida deste item que marca a identidade visual do modelo. Traz ainda quatro airbags (o Argo só tem dois), duas entradas USB, alarme, retrovisores externos elétricos e ar-condicionado digital.
Logo acima está o inédito Peugeot 208 Style – a marca destaca que a pronúncia correta do nome é como se lê em português “Estile”, como uma homenagem às suas origens francesas. É ainda mais completa e sai por R$ 79.990.
Tem equipamentos da versão topo de linha Griffe 1.6, como o teto solar panorâmico fixo, os faróis full-led, além de rodas de liga leve aro 16 e capas dos retrovisores com acabamento em preto brilhante. Acrescenta ainda carregador sem fio para smartphone, padronagem exclusiva dos bancos e câmera de ré 180°.
Como anda o Peugeot 208 2023 com motor do Argo?
De acordo com a Peugeot, o motor 1.0 firefly recebeu uma série de modificações para se adequar à proposta do 208. Entre as peças que foram substituídas estão o motor de partida, o alternador, o compressor do ar-condicionado e a sonda lambda. O sistema de admissão foi aprimorado para melhorar o índice NVH, nível de ruído e vibração na direção.
O cabeçote com duas válvulas por cilindro foi mantido, pois a Stellantis diz favorecer a geração de torque em baixas rotações e, portanto, reduz o consumo de combustível na rodagem urbana – condição na qual essas versões 1.0 mais vão rodar.
O modelo recebeu nota A na classificação de emissões do Inmetro. O Peugeot 208 1.0 registrou um consumo urbano de 14,7 km/l e 16,3 km/l na estrada, sempre abastecido com gasolina.
Nós dirigimos o novo Peugeot 208 apenas em pista fechada. Não pudemos observar o seu comportamento no ambiente urbano, mas já foi possível tirar algumas conclusões.
Trata-se de uma motorização obviamente menos potente que a 1.6, que rende até 120 cv, e nas primeiras acelerações isso é perceptível. Porém, por ser um modelo compacto e leve o motor 1.0 mostrou que dá conta do recado.
Inclusive o 208 1.0 está mesmo mais leve, a versão Style pesa 1.102 kg enquanto os modelos 1.6 pesam 1.178 kg. Também por isso, as molas do 1.0 são diferentes.
Esse atributo dos dois cilindros por válvula também foi sentido, pois o máximo de torque (10,7 kgfm) é entregue aos 3.250 rpm, enquanto o 1.6 entrega o máximo (15,1 kgfm) apenas em 4.750 rpm.
Não por acaso, fui até o evento dirigindo um Fiat Argo 1.0. Ficou claro que o 208 tem um pique maior nas saídas, por conta da relação mais curta da primeira e segunda marchas, algo importante no uso urbano.
Menos tendo menos torque o motor “se esforça” menos em baixas rotações e portanto o ganho em consumo de combustível é imediato e proporciona um comportamento dinâmico mais confortável.
A posição de dirigir é superior a do seu “irmão-postiço” Argo, graças ao conceito “i-Cockpit” que faz com que o motorista fique em uma posição mais elevada. O quadro de instrumentos posicionado na altura do olhar, mesmo não sendo 3D como na Griffe, contribui para essa sensação de que está conduzindo um carro mais alto do que realmente é.
A ergonomia também é superior pois os comandos estão sempre à mão e a tela da central é inclinada para o condutor. Além disso, o volante tem regulagem de altura e profundidade e o banco de distância e também de altura.
Vale a pena?
Os preços são realmente atrativos, mas eles podem não durar muito, afinal são valores de lançamento e a qualquer momento pode haver um reajuste. A Peugeot apostou em um conteúdo rico mesmo para essas versões de entrada como forma de conquistar um público mais exigente e a estratégia pode dar certo, afinal a categoria dos hatches compactos 1.0 está cada vez mais carente, especialmente em preços atrativos. Entre os principais rivais estão HB20, Argo, Gol, Polo, Onix e Sandero, cada vez mais próximos dos R$ 80.000 em suas respectivas versões de entrada.
Porém até agora o Peugeot 208 recebeu apenas motores antigos que foram adaptados. Está faltando a adoção de uma motorização completamente nova como o 1.0 GSE Turbo, conhecido como T200, e que equipa o Fiat Pulse. Ele rende até 130 cv e 20,4 kgfm combinado com o câmbio CVT.
Não há nada oficialmente confirmado, mas é esperado e merecido que um compacto com tantos atributos quanto o Peugeot 208 “mereça” também um motor novo. Quem sabe no ano que vem…
Ficha técnica – Peugeot 208 Style 1.0 2023
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 8V, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7 kgfm a 3.250 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,4 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Peso: 1.102 kg
Dimensões: compr., 405,5 cm; larg., 196 cm; alt., 145,3 cm; entre-eixos, 253,8 cm; alt. solo, 15 cm; porta-malas, 265 l, tanque, 47 l