JAC T5
SUV abaixo do recém-lançado T6, modelo chega este ano com tamanho maior que o EcoSport e preço bem menor
No Brasil, a Jac Motors divide sua linha em carros cujo nome começa com J (automóveis de passeio) ou T (utilitários e SUVs). Se ela iniciou suas atividades no país em 2011 apostando nos primeiros, o aumento do IPI para os importados no ano seguinte obrigou a marca a investir mais no segundo grupo.
Com cota anual de 4 800 unidades livres dos 30 pontos percentuais, a Jac teve de deixar de lado a estratégia de ganhar mercado vendendo grandes volumes para focar no aumento da sua margem por carro.
Assim, veio a van T8 em 2014, seguida pelo utilitário esportivo T6 em abril e, no fim deste ano, pelo futuro SUV compacto T5. Quem foi ao Salão do Automóvel pôde ver o carro de perto, ao lado do T6. Portanto, não deve estranhar a semelhança que ambos têm entre si e com modelos da Hyundai (principalmente) e da Audi.
Enquanto o T6 tem tamanho de Hyundai ix35 e preço de EcoSport (R$ 69 990), o T5 terá porte de Eco e custo abaixo do Renault Duster – estima-se perto de R$ 60 000. Se confirmado, será uma opção tentadora para quem busca um SUV de entrada, como vimos em nosso test-drive no campo de provas da Jac em Hefei, na China. É só fazer as contas: referência do segmento, o EcoSport SE 1.6 sai por R$ 66 990 e ainda deixa de lado itens que deverão ser de série no T5: ar digital, roda de liga aro 16, multimída com tela sensível ao toque, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e banco com revestimento que imita couro.
Além dos equipamentos, o T5 traz seis anos de garantia e maior espaço: são 4,33 metros de comprimento, enquanto o Ford tem 4,24. Na prática, a diferença de medidas é maior, pois o tamanho externo do Eco inclui o estepe na traseira, que adiciona ao menos 20 cm no comprimento. Portanto, dentro dos 30 cm extras de carroceria, o T5 entrega mais porta-malas (excelentes 600 litros, contra 362 do Eco) e maior espaço interno (quem tem 1,70 metro viaja atrás com quase um palmo de folga nas pernas).
Mas é fato que a dirigibilidade está abaixo do padrão dos SUVs equivalentes – ao menos baseado na avaliação em Hefei, que contava com carros voltados ao mercado chinês. É o caso da falta de agilidade em acelerações e retomadas, da carroceria que inclina facilmente em mudanças bruscas de faixa e do ruído interno elevado.
Sabemos que a Jac costuma fazer um ótimo trabalho de tropicalização, o que pode diminuir essas falhas. O motor 1.5 16V VVT, por exemplo, terá a calibragem do que equipa o hatch J3S – 127 cv no etanol e sem tanquinho auxiliar – e ainda contará com câmbio manual de seis velocidades (chega em dezembro deste ano) e um CVT com seis marchas pré-programadas (estreia só em maio de 2016).
Mas o que não deve mudar tanto na adaptação do T5 ao gosto brasileiro será o nível de ruído, provavelmente pelo baixo isolamento acústico da cabine – a partir das 2 500 rpm, ele deixa o motor conversando com o motorista mais do que deveria.
O acabamento se esforça para disfarçar a origem de baixo custo. Os mais atentos talvez notem logo o painel de plástico rígido, meio áspero. Mas não dá para ignorar que é bem desenhado. Há vincos e superfícies irregulares a fim de deixá-lo atraente aos olhos, além de toques de sofisticação, como as molduras em preto brilhante das saídas de ar, cromados nos botões do ar e do rádio ou o efeito aluminizado em puxadores de porta, volante e parte inferior do painel.
A praticidade do interior é reforçada por recursos úteis na vida real: o banco traseiro dividido em 1/3-2/3 é fácil de rebater, há duas tomadas de 12 volts bem-localizadas no console central e os para-sóis trazem espelhos (o Corolla, por exemplo, só tem de um lado). Porém, derrapa em itens que você espera dele, como a falta de iluminação no porta-luvas e do terceiro encosto para cabeça atrás, embora haja cinto de segurança de três pontos para todos os ocupantes.
No Brasil, é possível que o T5 roube vendas do próprio T6. Explico: como o T6 só tem câmbio manual num segmento que prefere o automático, talvez o futuro dono prefira economizar R$ 10 000 e levar o T5, que traz porta-malas equivalente, espaço traseiro semelhante (exceto na largura, onde é 7 cm menor) e tamanho externo mais adequado ao trânsito urbano.
Outro fato que deve pesar é que o T5 deve ser feito na fábrica que a Jac quer inaugurar na virada de 2016 para 2017. É mais uma qualidade que pode fazer dele o melhor T da Jac.
VEREDICTO
O preço é essencial para aceitação do T5 num segmento hoje tão concorrido no Brasil. Se custar R$ 60 000 e vier tão bem-equipado, vale ir à loja para um test-drive.
★★★★