Já testamos o Volkswagen Golf GTI, que retornará ao Brasil em 2026
O Golf GTI volta ao Brasil causando polêmica pelo alto preço e pelas regras para se ter um na garagem, mas nada disso impediu seu sucesso e ele já está esgotado

O Volkswagen Golf GTI voltou ao Brasil sem modéstia e sem pressa. A geração anterior do modelo, de produção nacional, foi descontinuada em 2019. Cinco anos depois, em setembro de 2024, a versão atual (batizada de MK 8,5) nos foi apresentada em instalações fechadas da fábrica da VW, em São Bernardo do Campo (SP), pouco antes de ser uma das estrelas da marca no Rock in Rio.
No mês seguinte, teve seu lançamento no Brasil confirmado. A pré-venda foi iniciada em setembro, exatamente um ano depois da primeira aparição – mas as primeiras unidades só serão entregues em março de 2026. O processo para um brasileiro garantir o esportivo rendeu polêmicas, mas, aparentemente, deu certo.
A primeira delas tem a ver com as regras para se comprar um Golf GTI. É necessário comprovar histórico de posse de modelos GTI, GLI, GTS ou GTE, ou ainda de versões esportivas de outras marcas do grupo Volkswagen, como Audi e Porsche. Também é obrigatório assinar um contrato de prioridade à VW na revenda. Ou seja, não é possível comprar para revender, estratégia adotada para evitar especulações.

Além disso, o primeiro lote foi limitado a apenas 350 unidades. Por fim, o preço. Se atender a todas essas regras, quem quiser levar um GTI para casa precisa pagar R$ 430.000, valor elevado e próximo ao do Honda Civic Type R (R$ 429.900) e do Toyota GR Corolla (R$ 416.990/R$ 461.990), que, em tese, ficam acima do GTI e brigam com o Golf R.
Entretanto, nada disso – e nem mesmo as reclamações nas redes sociais – parece ter afetado quem realmente pode e quer ter um. Todas as unidades foram vendidas em dois dias, e mais de 400 clientes seguem na fila. Muita gente ficará sem, já que o segundo lote terá só mais 150 unidades.

Assim, QUATRO RODAS foi até a Europa para andar no modelo em primeira mão e buscar entender seu sucesso. E também já tínhamos levado o GTI para nossa pista, aqui no Brasil. Para começar a justificativa do alto preço, o hatch chega em uma configuração robusta de visual e de equipamentos, mas não livre de erros.
Os faróis full-led são interligados por uma faixa iluminada na grade e – pela primeira vez em um modelo da marca no Brasil – pelo logotipo da Volkswagen iluminado. Logo abaixo, os faróis de neblina são formados por cinco blocos de led em cada lado do para-choque. Nesse aspecto, o erro foi não oferecer faróis matriciais IQ Light.

As laterais destacam as rodas de 18”, com acabamento sempre diamantado e pneus 225/40. A traseira é marcada pela dupla saída de escape e pelas lanternas full-led, também sem IQLight e, portanto, diferentes das presentes na unidade fotografada.
O interior do Golf GTI continua sóbrio e clássico, a começar pelo desenho do painel. São linhas predominantemente horizontais e contínuas, com domínio da cor preta e detalhes em vermelho. O acabamento é o esperado para um modelo de segmento médio, com materiais macios no topo do painel e nas portas, assim como ótimos arremates e encaixes entre as peças.

Para melhorar o ambiente, há iluminação indireta com 30 opções de cores. Na parte superior, estão o quadro de instrumentos digital de 10,2”, com grafismos exclusivos, e a central multimídia de 12,9”, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, em um formato que remete aos carros elétricos da Volks.
Para a felicidade dos puristas, os bancos no padrão do GTI “brasileiro” são de tecido com a clássica estampa xadrez. Eles têm ainda aquecimento e suporte para a lombar. Como opcional, por mais R$ 15.000, a marca oferece bancos de material sintético em tonalidade clara, acompanhados por ventilação nos dois dianteiros e ajustes elétricos com memória apenas para o motorista, mas sem xadrez. Segundo a marca, todos os GTI serão trazidos por encomenda e não haverá estoque. Ou seja, caso você prefira o banco xadrez, não correrá o risco de só encontrar unidades com os bancos opcionais – que, convenhamos, tiram o brilho da personalidade clássica do GTI.
–Ainda entre os itens de série, ele tem ar-condicionado de três zonas, carregador de celulares por indução, freio de estacionamento eletrônico, sistema de som Harman Kardon com nove alto-falantes e 480 watts, chave presencial, volante com aquecimento, teto solar panorâmico com abertura elétrica e câmera de ré (um sistema de visão 360o deveria estar na lista). Há também piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, seis airbags, assistente de permanência em faixa, faróis altos automáticos e alertas de pontos cegos.
Embora seja um hatch médio –portanto, maior do que um compacto –, não espere por grandes diferenças no espaço interno. Nos bancos traseiros, pessoas de aproximadamente 1,75 m viajarão com espaço apenas suficiente para pernas e cabeça. Além disso, é aconselhável que apenas duas pessoas ocupem esse espaço, já que o túnel central é consideravelmente alto. Há saídas de ar com ajuste de temperatura. Também é suficiente o espaço no porta-malas, de 344 litros.
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Um alemão típico
Nosso primeiro contato com o Golf GTI não foi dos mais emocionantes. No Brasil, a Volkswagen promoveu um evento para apresentá-lo na pista de um aeroporto. A “experiência” consistia em fazer uma prova de slalom. E só. Porém, algo bem maior e empolgante nos esperava. Semanas depois, fomos até a Europa para, de fato, andarmos no modelo.
O trajeto partiu do aeroporto de Munique, na Alemanha, até Innsbruck, na Áustria, passando por locais cenográficos. A volta incluiu ainda uma parada em Mittenwald e, depois, em Füssen, novamente territórios alemães, para uma visita ao Castelo de Neuschwanstein. Esse foi o trajeto onde o GTI teve mais chances de brilhar – e brilhou. Ele segue com a mesma e impecável dirigibilidade, com a direção direta (de curso reduzido) e afiada de um alemão.

A suspensão é firme e parece manter o hatch sobre um trilho, com uma estabilidade excepcional nas curvas fechadas das estradas europeias. Apesar disso, não há prejuízos de conforto, outra característica de todo Golf. Isso deve se repetir no Brasil, mesmo com nosso asfalto de qualidade consideravelmente inferior. Outro ponto alto é a posição de dirigir do GTI, mais baixa, de pegada esportiva e com boa ergonomia. Os bancos com abas laterais pronunciadas também ajudam a tornar a condução mais segura e prazerosa, já que as abas seguram muito bem o corpo nas curvas.

Quanto à mecânica, o Golf GTI é equipado com motor 2.0 turbo a gasolina, de quatro cilindros e injeção direta de combustível, com 245 cv de potência e 37,7 kgfm de torque. O câmbio é sempre um DSG (dupla embreagem) de sete marchas e a tração é dianteira. De acordo com a Volks, o hatch vai de 0 a 100 km/h em 6,1 segundos, com o ajuste de potência brasileiro (245 cv) e usando o sistema de Launch Control.
Para nossos testes, a marca enviou uma unidade com especificações europeias, ou seja, com 265 cv, mas os mesmos 37,7 kgfm de torque e o mesmo câmbio DSG. Com esses números, o modelo foi de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos em nossa pista, consideravelmente mais rápido e próximo dos 5,6 s que promete a versão GTI Clubsport (que fica imediatamente acima, com 300 cv e 40,8 kgfm).

Junto ao sistema de largada, há funções como cronômetro, contador de volta e ainda mostradores de desempenho, pressão de turbina, força G, potência e torque. Ou seja, além de prazeroso para as ruas, o GTI também está preparado para ser levado às pistas – isso se algum proprietário brasileiro quiser arriscar sua suada conquista de ter um GTI por aqui.

As acelerações empolgam, com fortes empurrões e trocas rápidas de marcha. Nos dias pela Europa, foi possível passar (algumas vezes, e não por acaso) pelas clássicas estradas alemãs com trechos sem limite de velocidade. Chega a ser difícil andar a menos de 200 km/h em um carro que clama por acelerar. Além disso, há o bonito e grave ronco saído do escape.
A forma de entrega do desempenho, porém, pode variar de acordo com os quatro modos de condução disponíveis: Normal, Esporte, Eco e Individual. É no Eco, aliás, que medimos nosso consumo – em suas melhores médias, o modelo fez 10,2 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada. Resta saber se os donos emocionados alcançarão boas médias como essas.

O retorno do Golf GTI ao Brasil é tratado, há meses, quase como uma conquista pelo público brasileiro. As unidades limitadas, as regras de compra e venda, além do altíssimo preço cobrado, causaram polêmica – mas também deram a ele um status de exclusividade.
É preciso reconhecer sua importância e sua alta qualidade. Entretanto, também é preciso identificar uma certa “falta de modéstia”, já que seu posicionamento por aqui se aproxima do que deveria ser para o Golf R (de 333 cv e tração 4×4) ou, ao menos, para o GTI Clubsport. Pelos R$ 430.000 pedidos, ele disputa espaço com o Honda Civic Type R e o Toyota GR Corolla, superiores em mecânica e desempenho.


















Ao mesmo tempo, um contato pessoal com ele permite um entendimento melhor. A sigla GTI não é apenas uma grife, mas um nome que, de fato, representa o que deve ser um esportivo. Ele acaba por se mostrar mais versátil do que seus rivais. Tem desempenho para não colocar defeito, mas também pode ser usado no dia a dia com conforto. Independentemente de tantos “achismos” ou reclamações, o fato é que o novo Golf GTI já é um sucesso no Brasil.
Regras para vender/comprar um Golf GTI
Apenas concessionárias selecionadas poderão vendê-lo |
Cada loja selecionada terá uma unidade disponível |
Limite de cinco carros por grupo/região |
Permitida venda de uma unidade por CPF/CNPJ |
Comprador precisa comprovar histórico de posse de outros GTI, GLI ou GTS |
Contrato de preferência |
Depósito de 10% do valor do veículo para reserva |
Venda por ordem de reserva |
Kit para compradores do Golf GTI

• Plaqueta de certificado de compra • Cartão de membro para o GTI •
Experience Club • Óculos de sol • Chaveiro GTI
Veredicto Quatro Rodas
O Golf GTI cobra muito caro, mas apela ao emocional. Ele mantém uma dinâmica e versatilidade impecáveis, visual acertado e mecânica afiada. Além disso, virou a polêmica a seu favor. E fez muito sucesso.
Ficha Técnica – VW Golf GTI
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.984 cm³, 245 cv entre 5.000 e 6.500 rpm, 37,7 kgfm entre 1.600 e 4.300 rpm, turbo
- Câmbio: automático, dupla embreagem, 7 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira), disco ventilado (traseira)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: 225/40 R18
- Dimensões: comprimento 4,28 m, largura 1,78 m, altura 1,46 m, entre-eixos 2,63 m, peso 1.450 kg, porta-malas 340 litros, tanque 50 litros
Teste Quatro Rodas – VW Golf GTI
Aceleração
- 0 a 100 km/h: 5,7 s
- 0 a 1.000 m: 24,90 s / 217,10 km/h
- Velocidade máxima: n/d
Retomadas
- 40 a 80 km/h: 2,5 s
- 60 a 100 km/h: 2,9 s
- 80 a 120 km/h: 3,5 s
Frenagens
- 60 km/h a 0: 13,4 m
- 80 km/h a 0: 23,5 m
- 120 km/h a 0: 52,4 m
Consumo
- Urbano: 10,2 km/l
- Rodoviário: 14,4 km/l
Ruído interno
- Neutro / RPM máx.: 41,2 / 66,2 dBA
- 80 km/h: 55,8 dBA
- 120 km/h: 70,9 dBA
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.600 rpm
Volante: 2 voltas