Chevrolet S10 Z71 é picape diesel básica, mas com roupa de grife
Versão intermediária propõe uma mistura de esportividade e apelo aventureiro. No visual, dá certo. Mas e no restante?
Quase como uma resposta às rivais Ford Ranger Storm e Nissan Frontier Attack, a Chevrolet S10 ganha, pela primeira vez, a cultuada sigla Z71, que já abrange as picapes da marca nos Estados Unidos com uma mistura de esportividade e apelo aventureiro.
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É preciso dizer que a S10 Z71 não é apenas uma série especial, mas sim uma nova versão regular, que fica entre as já existentes LT e LTZ. Assim, ela custa R$ 260.490 – acima dos R$ 241.790 da Ranger Storm e dos R$ 241.690 da Frontier Attack.
Assim como nas irmãs Colorado e Silverado, a S10 Z71 tem várias alterações visuais que, em conjunto, garantem ares de exclusividade. Entre elas estão os adesivos com desenhos geométricos e uma faixa vermelha que se estendem nas laterais até a tampa traseira, além de apliques plásticos nos para-lamas, estribos laterais integrados com a carroceria e um santantônio tubular exclusivo.
Os cromados dão lugar ao preto, presente nos logotipos, nos retrovisores e nos para-choques. Por falar em para-choques, o dianteiro vem da versão topo de linha High Country, com o nome da marca estampado em letras garrafais ao centro. Já a gravatinha dourada da Chevrolet, posicionada no canto inferior direito, dá lugar ao logo Z71.
Também da High Country a novata pega as rodas de 18 polegadas, mas que, por aqui, chegam pintadas de preto com acabamento fosco. Os faróis e as lanternas também têm máscara negra, finalizando o visual dark, que dá uma aparência mais esportiva. Na traseira, um acessório bem incomum em picapes, mas que faz parte da S10 Z71, é a dupla ponteira de escape.
Enquanto o exterior usa elementos próprios e da versão mais cara, o interior denuncia seu posicionamento intermediário. O painel é simples, sem nenhum apelo emocional que repita a feição ousada da parte de fora. A única menção à versão está em apliques nas portas dianteiras.
Reforçando a simplicidade, o ar-condicionado tem comandos analógicos, há botões vazios pela ausência de equipamentos e a multimídia é mais simples, com tela de 7 polegadas e conexão com Android Auto e Apple CarPlay apenas com o uso de cabos.
Comum a todas as outras, estão o painel composto por plástico rígido e um aplique central de material emborrachado, o quadro de instrumentos com uma pequena e monocromática tela central e o grande (e antiquado) volante. Para tentar disfarçar, os bancos e o volante são revestidos de material que imita couro (que também ajuda na limpeza), e há apliques prateados nas saídas de ar e no volante, e em preto brilhante próximo ao câmbio e nas portas.
A lista de equipamentos inclui assistente de descida em aclives, piloto automático, ajuste elétrico dos faróis, seis airbags, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré e luz diurna de led. Frenagem automática, sensores de chuva e de luz, e assistente de saída de faixa não estão no pacote.
Até aqui, a S10 Z71 repete o apelo visual e o posicionamento da sigla no mercado americano. Porém, ela perde o brilho ao não ter nenhuma alteração mecânica, enquanto as irmãs gringas trazem ao menos ajustes próprios de suspensão.
Para não dizer que não há nenhuma mudança, os pneus All-Terrain são exclusivos. De acordo com a Chevrolet, eles têm ombros mais espessos e laterais reforçadas. Tudo para otimizar a aderência e durabilidade na terra. Com um percurso leve de off-road durante o lançamento do modelo, não foi possível atestar as diferenças na prática – mas deu para notar maior aspereza em asfalto a baixas velocidades.
Assim, a S10 Z71 mantém praticamente intocada a dirigibilidade já conhecida da S10. A picape da Chevrolet tem boa configuração de suspensão. Na terra, a S10 cumpre muito bem sua proposta, superando buracos, valetas e pedras sem prejuízos.
No asfalto, a pegada de picape raiz, que não tenta se passar por um automóvel, tem suas desvantagens. Apesar de vencer os obstáculos dos grandes centros sem aspereza, a S10 mantém o comportamento típico de pular e chacoalhar bastante. Além disso, é bom ter cuidado nas curvas.
O desempenho também é uma virtude da Z71, equipada com o conjunto mecânico da High Country, ou seja, um motor 2.8 turbodiesel de 200 cv de potência e 51 kgfm de torque. A potência é a mesma da Ranger Storm e maior do que na Frontier Attack, com 190 cv. O torque da Chevrolet também é imbatível – a Ford tem 47,9 kgfm, contra 45,9 da Nissan.
O câmbio automático de seis marchas tem bom escalonamento e ajuda nas saídas e retomadas rápidas da S10. Além disso, a tração 4×4 vem com acionamento eletrônico e opção de reduzida. Segundo a Chevrolet, a Z71 acelera de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e alcança as médias de consumo de 8,3 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada. Porém, ainda não pudemos levar a picape para a pista.
A Z71 guarda defeitos e qualidades da S10, com uma roupagem que foge do óbvio. Porém, pode frustrar expectativas pela mecânica intocada e pelo nível de equipamentos.
Veredicto
A Z71 mantém a boa forma da S10 em desempenho, comportamento na terra e espaço, mas o visual exclusivo cobra caro diante da concorrência.
Ficha técnica – S10 Z71
- Motor: diesel, 4 cilindros, dianteiro, longitudinal, 16V, turbo, 2.776 cm3, 200 cv a 3.400 rpm, 51 kgfm a 2.000 rpm
- Câmbio: aut., 6 m., tração 4×4
- Direção: elétrica
- Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
- Suspensão: independente com braços articulados (diant.) e eixo rígido (tras.)
- Pneus: 265/60 R18
- Dimensões: comprimento, 536,1 cm; largura, 187,4 cm; altura, 183,1 cm; entre–eixos, 309,6 cm; peso, 2.042 kg; caçamba, 1.061 l; capacidade de carga, 1.046 kg; tanque, 76 l
- Desempenho (dados do fabricante): 0 a 100 km/h, 10,1 s; velocidade máxima, n/d