Carros são objetos lúdicos. Deve ser por isso que as pessoas sorriem ao se deparar com o Citroën Ami, um veículo cujas formas lembram um brinquedo infantil. Mês passado, lá estava ele entre diversos modelos elétricos e híbridos que a Stellantis reuniu para test-drive de jornalistas do mundo todo, os quais a empresa convidou para anunciar seu plano estratégico para os próximos anos.
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Alinhado a Jeep Compass, Fiat 500, Opel Astra e Peugeot 3008, o Ami chamava atenção. O roteiro de seu test-drive era o mais curto, o que é justificável, afinal suas baterias de 5,5 kWh são capazes de garantir uma autonomia de apenas 70 km, segundo a fábrica, e havia 40 jornalistas convidados.
O percurso ao redor do centro de eventos onde foi feita a apresentação da Stellantis, na cidade de Zaandam, na Holanda, tinha cerca de 3 quilômetros ida e volta, o que me obrigou a entrar na fila duas vezes.
O Ami é um carro urbano para o que se convencionou chamar de “última milha”, ou seja: pequenas distâncias que pessoas precisam percorrer para ir a lugares em que os meios de transporte tradicionais não chegam, por falta de espaço ou circulação proibida.
É o veículo ideal para serviços de delivery e carsharing. Na Europa, onde já é comercializado, ele é comparado a um scooter, dispensando carteira de motorista e pagamento para estacionar.
A Citroën não tem planos de vender o Ami no Brasil. Por aqui, ele teria problemas para ser homologado como automóvel, assim como ocorreu com outro elétrico, o Renault Twizy.
Na Europa, o Ami é apresentado em duas versões: passeio e trabalho, com preço ao redor de 7.000 euros, cerca de R$ 42.000. A versão de passageiros tem dois lugares e a comercial traz apenas o banco do motorista e, ao lado, um baú de 260 litros (no porta-malas do VW Up! cabem 285 litros). A capacidade de carga, segundo a fábrica, é de 140 kg.
O Ami mede 2,41 m de comprimento, por 1,39 m de largura e 1,52 m de altura e pesa apenas 485 kg. Esse peso-pena é graças à sua carroceria de plástico ABS, azulado para não precisar de pintura, e o chassi tubular (tubos de perfil quadrado com cerca de 2 cm de diâmetro, que ficam expostos em algumas partes).
Tudo foi pensado para reduzir peso (em favor da eficiência energética) e custos de produção. Por isso, as peças da dianteira e da traseira da carroceria são iguais. Só mudam as luzes.
Até as portas foram feitas pelos mesmos moldes. Assim, enquanto a do motorista é do tipo suicida, com abertura dianteira, a do passageiro é do tipo convencional, com abertura traseira. Na versão comercial, a porta do passageiro dá acesso ao baú de carga.
A bordo, não há ar-condicionado (só aquecimento), sistema de som e nem airbags. O volante não tem ajuste nem de altura nem de profundidade. Os vidros são basculantes e os puxadores das portas usam tiras de tecido. O painel de cristal líquido exibe o essencial: velocidade, marcha usada, reserva de energia.
Há vários compartimentos à frente do painel que juntos somam 63 litros de capacidade. O teto é de vidro, sem tela para barrar a luz em dias ensolarados.
Dirigir o Ami é uma experiência curiosa. A posição do motorista se assemelha à de um carro comum. Mas o câmbio, com uma marcha à frente e uma ré, é acionado por teclas, localizadas ao lado do assento do motorista. A direção não tem assistência, mas não faz falta, porque o carro é leve.
E o sistema de freios também dispensa assistência, mas conta com regeneração de energia. A suspensão é dura. Os pneus 155/65 R14, porém, ajudam a tornar as viagens mais confortáveis.
Seu pequeno motor de 6 kW (8,15 cv) se esforça bastante, como se pode notar pelo seu nível de ruído a bordo, quando se pisa fundo no acelerador. Quem diz que carro elétrico é silencioso é porque sempre viajou em cabines com isolamento acústico eficiente de modelos mais caros, recurso inexistente no Ami.
Apesar do esforço e do barulho, a velocidade máxima é de 45 km/h, o que aconselha o motorista a não se aventurar em avenidas de grande movimento.
O motor de corrente contínua fica instalado na dianteira, entre as rodas de tração. E as baterias de íons de lítio podem ser recarregadas em uma tomada doméstica comum. Segundo a fábrica, em uma tensão de 220 volts, a recarga leva três horas.
O Ami é simpático até no nome, que vem do Citroën Ami 6, um modelo lançado em 1961, e que quer dizer “amigo”, em francês.
Veredicto
É uma solução para pequenas distâncias, na cidade, com conforto e segurança superiores aos de um scooter.
Ficha Técnica – Citroën Ami
- Preço: 7.390 euros
- Motor: diant.; corrente contínua, 6 kW (8,15 cv); baterias de 5,5 kWh; autonomia, 70 km; tempo de recarga, 3 horas (220 V)
- Câmbio: aut., 1 m., tração dianteira
- Direção: pinhão e cremalheira; diâmetro de giro 7 m
- Suspensão: n/d
- Freios: regenerativos
- Pneus: 155/65 R14
- Carroceria: chassi tubular de aço e carroceria de plástico ABS
- Dimensões: comprimento 241 cm; largura, 139 cm; altura, 152 cm; entre-eixos, n/d; peso, 485 kg; porta-malas, 260 l
- Desempenho: velocidade máxima de 45 km/h