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Grandes Brasileiros: Farus ML 929

Inovador, o Farus nasceu em Belo Horizonte com recursos técnicos modernos e soluções de estilo dignas dos esportivos europeus

Por Felipe Bitu
Atualizado em 23 nov 2016, 21h16 - Publicado em 27 jun 2016, 19h52
Farus ML 929
Estilo em cunha era moda na época ()

O Fusca serviu de base à maioria das criações brasileiras. De bugues de fundo de quintal a projetos consagrados, como Puma, MP Lafer e Miura, que aproveitaram sua estrutura e mecânica. Mas nem todos beberam nessa fonte: o ML 929 foi um deles. A inauguração da filial brasileira da Fiat, em 1976, foi decisiva para o desenvolvimento da Farus – criadora de um dos mais interessantes fora de série nacionais.

O nome é um acrônimo de “Família Russo”, empreendimento fundado em 1978 por Alfio e Giuseppe Russo (pai e filho), em Belo Horizonte. O batismo do modelo foi uma homenagem à matriarca Maria Luiza Russo, nascida em 1929. Ao não usar os componentes do conhecido Volkswagen, a empresa evitou a dependência da montadora alemã. Um chassi próprio era uma solução muito mais cara. Porém, permitiu um nível de refinamento incomum.

Farus ML 929
Lanternas traseiras vieram do Ford Corcel II ()

A Farus contratou dois engenheiros: o russo Arcadiy Zinoviev (então um egresso da equipe March de F-1) e o brasileiro Jose Carlos Giovanini (vindo da Fiat, em Betim) para cuidar do projeto. O chassi tinha soldas bem feitas e geometria de suspensão e de direção esmeradas – com clara inspiração nos Lotus, de Colin Chapman. A  espinha dorsal era formada por chapas de aço dobradas e soldadas, formando um duplo “Y”. As pontas do chassi serviam como apoio da suspensão McPherson (vinda do Fiat 147) nas quatro rodas. Outra primazia era o motor transversal entre os eixos: solução adotada por esportivos, como o Fiat X1/9.

Farus ML 929
Sobre o capô, aberturas para o sistema de refrigeração ()
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O estilo, porém, não era unanimidade. Faltava harmonia em alguns detalhes, como o teto, reto demais, e o acabamento insuficiente. A carroceria de fibra de vidro adotava o estilo em cunha criado por Marcello Gandini (designer da Ferrari 308 GT4) e Giorgetto Giugiaro (responsável pelo Lotus Esprit), ocultando refinamento técnico da parte mecânica.

Farus ML 929
Faróis escamoteáveis: item de requinte visual nos anos 80 ()

O trem de força também vinha do Fiat: apresentado na versão esportiva Rallye, o motor de 1,3 litro e 72 cv era um projeto de Aurelio Lampredi, engenheiro de motores vindo da Ferrari e diretor técnico da equipe Abarth. O quatro cilindros subia rapidamente de giro e tinha um eficiente sistema de refrigeração. Apesar das falhas no acabamento, o interior era confortável para duas pessoas e oferecia bom isolamento acústico, sobretudo pela localização do motor. E vinha com vidros elétricos, que nem sempre funcionavam.

Farus ML 929
Painel tinha conta-giros, luzes-espia e manômetro de pressão do óleo ()
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A direção e a tração traseira casavam com o equilíbrio proporcionado pelo motor central: o baixo centro de gravidade e a suspensão firme permitiam explorar o motor a fundo, com um comportamento dinâmico superior ao do Puma GTE e Miura. Em números absolutos, porém, ele deixava a desejar: o peso de 932 kg era muito superior aos 750 kg declarados, de tal forma que seu desempenho era apenas ligeiramente superior ao do 147 Rallye. A busca por maior performance levou o fabricante a apresentar o modelo TS no Salão do Automóvel de 1981, com mecânica VW refrigerada a água (do Passat TS).

A produção do ML 929 se estendeu até 1984. A Farus atendeu ao mercado interno e chegou a exportar algumas unidades para o Japão, África do Sul, Alemanha e até Estados Unidos. No entanto, encerrou suas atividades em 1991, logo após a abertura das importações promovida pelo governo Collor, deixando um legado de 1.200 veículos produzidos.

Teste QUATRO RODAS – abril de 1982
Aceleração de 0 a 100 km/h 17,1 s
Velocidade máxima 148 km/h
Consumo rodoviário 14,1 km/l (com gasolina)
Preço (abril de 1982) Cr$ 1.868.000
Preço (atualizado INPC-IBGE) R$ 83.721
Ficha Técnica – Farus ML 929 1982
Motor 4 cilindros em linha, transv., 1.297 cm3, 8V, comando simples no cabeçote, 72 cv a 5.800 rpm, 10,8 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio manual de 4 marchas, tração traseira
Dimensões comprim., 400 cm; larg, 168 cm; alt., 110 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 932 kg
Pneus 185/70 SR R13
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