Ferrari é acusada de permitir fraude de odômetros de usados
Modelos da marca tinham suas quilometragens reduzidas ou até zeradas para melhor revenda
Aparentemente inabalável, a reputação da Ferrari pode estar prestes a sofrer um escândalo. De acordo com uma denúncia feita por um antigo vendedor da marca nos Estados Unidos e publicada no Daily Mail, alguns veículos tiveram seus odômetros digitais adulterados. O mais grave: o ex-funcionário afirma que a fabricante italiana sempre soube e autorizou o procedimento ilegal.
Após ser demitido sem justificativas plausíveis – apesar da suspeita de relação com sua idade (ele foi substituído pela namorada do gerente, mais jovem) e denúncias iniciais sobre o esquema –, Robert Bud Root resolveu entregar o caso à imprensa e à justiça.
Segundo Root, a loja da Ferrari em Palm Beach (na Flórida) promovia adulterações para aumentar o valor de revenda dos carros. Em alguns casos, a redução de quilometragem chegava a zero, como se o veículo estivesse acabado de sair da fábrica – algo que, segundo o Daily Mail, poderia valorizar uma LaFerrari em até 1 milhão de dólares.
O procedimento seria feito pelo Ferrari DEIS Tester, um equipamento utilizado para fornecer diagnósticos sobre os veículos. Como parte do processo, um servidor online da própria Ferrari é contatado para autorizar a realização de qualquer função do dispositivo – incluindo a alteração de odômetros.
Root afirma que a própria Ferrari capacita os mecânicos a modificar a quilometragem exibida, algo que poderia ser justificado apenas em caso de instalação de um painel usado em um modelo novo – e vice-versa.
O principal caso relatado no processo envolve C. Stephen McMillian, ex-CEO da rede de restaurantes Sara Lee. Root afirma que McMillian pagou para que os funcionários da loja realizassem o procedimento em sua LaFerrari 2015, que voltou a ser zero quilômetro e teve seu valor de revenda supervalorizado.
Tudo isso teria sido realizado na casa do cliente – e, para a retirada do aparelho da concessionária, mais uma autorização teria de ser expedida pela Ferrari.
Com isso, o caso tornou-se uma bola de neve, envolvendo funcionários, técnicos, gerentes, clientes e a própria Ferrari. McMillian alegou ter sido instruído a realizar o procedimento dito como legal, e processou Robert Root por calúnia e tentativa de interferir em uma negociação vantajosa.
A concessionária da Ferrari, por seu lado, afirma através de seu advogado que as denúncias são infundadas e que tudo será esclarecido nos tribunais.