Em Silverstone, F1 mostra novo carro e testa novo modelo de classificação
Buscando maior competitividade, categoria traz mudanças importantes no formato dos finais de semana, no regulamento e na aerodinâmica do carro
Não é novidade para ninguém que, desde 2017, quando o grupo Liberty Media Corporation comprou a mais famosa categoria de automobilismo do planeta, um dos principais objetivos seria tornar a F1 mais “atrativa”.
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A questão é: como fazer isso? As respostas oferecidas pelo grupo são melhorias no regulamento, com a finalidade de tornar a categoria mais nivelada, atualizações no conceito do carro e novos formatos de competição.
Com foco no objetivo, nesta semana, a Fórmula 1 divulgou as novidades do carro que será utilizado no próximo ano. A categoria aproveitou o clássico GP de Silverstone, na Inglaterra, para reunir os pilotos e apresentar o visual do modelo de 2022.
Originalmente, o novo monoposto seria utilizado no ano de 2021, mas por conta da pandemia do coronavírus, a direção da categoria optou por esperar mais uma temporada para promover a mudança.
O carro-conceito, como de costume, tem um visual futurista e agressivo. Visando melhorar a aerodinâmica, as asas dianteira e traseira foram simplificadas e os bargeboards (estruturas que ficam na lateral no carro) foram praticamente retirados.
Os carros atuais tendem a perder metade do downforce na perseguição a outro carro, por conta do ar “sujo” que sai da parte traseira do veículo à frente. No conceito de 2022, o nariz e as asas foram repensados para reduzir drasticamente essa perda.
Estas alterações permitem que os competidores fiquem mais próximos uns dos outros até mesmo nas curvas. Se os carros atuais perdem cerca de 46% de downforce quando estão a 10 metros do carro à frente, com as mudanças, o carro de 2022 reduzirá essa perda para apenas 18%.
Rodas aro 18 com calotas
Outra alteração significativa foi no jogo de pneus. A partir do próximo ano, o aro deixa de ser 13 e passa a ser de 18 polegadas. Além disso, ainda nas rodas, as polêmicas calotas serão utilizadas.
Em relação ao combustível, ele será totalmente novo. Chamado de E10, ele contém 10% de etanol produzido de maneira sustentável. Essa inovação ajuda a F1 a diminuir a emissão de gases poluentes, um dos objetivos da categoria desde o começo da utilização de motorizações híbridas.
Como a segurança é fundamental em competições automobilísticas, o conceito será obrigado a aguentar 15% mais energia do que o modelo atual em choques na parte da frente e de trás. Com o acidente de Romain Grosjean, que chocou o mundo e, felizmente, terminou sem vítimas, a categoria continua empenhada em trazer cada vez mais segurança aos pilotos.
Dito isso, o regulamento, somado ao novo carro, busca introduzir um cenário mais igualitário na Fórmula 1 para que não se observe enormes disparidades entre as equipes, como é o caso da diferença entre Mercedes e Haas, por exemplo.
De acordo com Ross Brawn, diretor técnico da F1, “o regulamento de 2022 abordará este problema (diferença entre as escuderias) e criará oportunidades para batalhas mais próximas e mais corridas roda a roda”, afirmou.
E quanto aos novos formatos de competição?
Para 2021, a F1 anunciou que testaria um novo formato de classificação em três corridas. A primeira delas é o GP do Reino Unido, que ocorre no famoso circuito de Silverstone. O final de semana, nesses casos, se ajusta com uma corrida de classificação.
Sexta-feira
- Treino livre (60 minutos)
- Classificação em formato normal (Q1, Q2 e Q3)
Sábado
- Treino livre 2 (60 minutos)
- Classificação sprint (corrida de 100 km)
Domingo
- Gran Prix (corrida de 305 km)
Neste caso, a classificação de sexta-feira já terminou em Silverstone. Lewis Hamilton foi o mais rápido, seguido por Max Verstappen e Valtteri Bottas. Essa será a ordem do grid para a corrida sprint deste sábado. Fora isso, quem conquistar a pole position ganha três pontos no campeonato, assim como o segundo colocado ganhará dois e o terceiro somará um ponto.
Quando questionado sobre o motivo da mudança, Brawn afirmou que ela visa maior intensidade na competição. “Um fim de semana de qualificação de sprint é muito mais completo em termos de competição”, explicou. “Uma competição intensa acontecendo na sexta, no sábado e no domingo”, concluiu.
Portanto, neste formato, o grid da corrida de domingo é decidido pela classificação em formato de sprint de 100 quilômetros. Isso reflete nas escolhas de pneus e nas regras conhecidas como parc fermé, ou parque fechado.
Pneus
Em um final de semana comum de corrida, cada piloto recebe oito jogos de pneus macios, três jogos de médios e dois jogos de pneus duros. Em finais de semana que o formato sprint será testado, houve uma pequena alteração na alocação dos pneus.
Ao longo dos três testes neste ano, um em Silverstone, outro em Monza e o último a ser definido, os pilotos receberão seis jogos de pneus macios, quatro jogos de médios e os dois jogos de pneus duros permanecem. Portanto, a alocação ao longo final de semana é a seguinte:
Sexta-feira
- Treino livre – dois jogos com escolha livre
- Classificação em formato normal (Q1, Q2 e Q3) – cinco jogos de macios
Sábado
- Treino livre 2 (60 minutos) – um jogo com escolha livre
- Classificação sprint (corrida de 100 km) – escolha livre de até dois jogos sem obrigatoriedade de fazer pit stop
Domingo
- Gran Prix (corrida de 305 km) – escolha livre, mas com a obrigação de utilizar pelo menos dois compostos diferentes
Com a obrigatoriedade da utilização de pneus macios na classificação de sexta-feira e a possibilidade de escolha para o sprint, quando esse formato for testado, os 20 pilotos poderão escolher o composto com o qual irão começar a corrida para valer. Lembrando que, atualmente, o composto utilizado no Q2 deve ser o mesmo do início da corrida, pelo menos para os 10 primeiros colocados no grid.
Parque fechado
As regras de parque fechado, ou parc fermé, indicam que o período para alterações no carro acabaram e que, caso a equipe decida realizar alguma mudança, ela é passível de punição.
Com a novidade em teste, as regras de parque fechado serão aplicadas já na sexta-feira e vão até o final da corrida, no domingo. Dito isso, algumas diretrizes serão flexibilizadas, como possibilidade de resfriamento, alterações na suspensão, e substituição do material de freio por questões de segurança.
Além disso, se um carro tiver alguma parte danificada na qualificação sprint de sábado, como a asa dianteira, e não tiver outra peça na mesma especificação, será possível substituir aquela parte em questão por uma com configuração antiga sem ser penalizado.
Dito isso, o novo formato dividiu opiniões entre comentaristas, jornalistas e até entre os pilotos. Entre aqueles que são favoráveis à mudança, os principais argumentos são de que a categoria ficará mais emocionante. Com uma “corrida” a mais, mesmo que seja de classificação, o campeonato de pilotos e de construtores pode ficar mais acirrado justamente pelos pontos oferecidos.
Por outro lado, aqueles que não gostaram do novo formato argumentam que as peças irão se desgastar mais e que a classificação sprint terá pouca emoção, para não dizer nenhuma.
O sprint será limitado a 100 quilômetros e, em Silverstone, isso equivale a quase 17 voltas, já que o circuito tem 5,891 quilômetros de comprimento. Com isso, por não ter pit stop obrigatório, os pilotos não devem parar durante a suposta corrida, o que limita, e muito, as estratégias ou possíveis ultrapassagens.
O heptacampeão mundial, Lewis Hamilton, já demonstrou preocupação com o formato. “Acredito que será uma procissão. Com sorte teremos algumas ultrapassagens, mas o mais provável é que não deve ser tão emocionante”, afirmou o piloto da Mercedes.
Nesta temporada, Monza passará pelo mesmo teste e um outro circuito fora da Europa também será escolhido. Entre os dois grandes candidatos estão o GP de Austin e o Grande Prêmio de São Paulo, em Interlagos.
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