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Clássicos: o compacto Rambler Six

o modelo foi um dos melhores exemplos da influência econômica na evolução dos automóveis americanos

Por Felipe Bitu
24 abr 2018, 20h14
Rambler Six Custom 1957
O Ramber começou a ser feito pela Nash, mas virou marca própria na época da AMC (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Fundada em 1954, a American Motors Corporation surgiu da fusão entre a Hudson Motor Car Company e a Nash-Kelvinator Corporation, que se uniram para sobreviver em um mercado controlado pelas gigantes General Motors, Ford e Chrysler.

Para evitar uma competição direta, a empresa comandada por George Mason (ex-presidente da Nash) manteve a aposta nos automóveis compactos, nicho já explorado pelo Nash Rambler desde 1950.

A disputa pela liderança entre GM e Ford foi devastadora para fabricantes independentes como Studebaker-Packard e AMC.

O baixo custo do aço favorecia a produção de automóveis com mais de 5 metros, 2 toneladas e sedentos motores V8.

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Rambler Six Custom 1957
O sedã tinha o charme das colunas traseiras invertidas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sucessor de Mason, o presidente George W. Romney chamava esse conceito de “dinossauro sobre rodas” e utilizou os últimos recursos da empresa para que um novo Rambler fosse apresentado em dezembro de 1955.

Obra do designer Edmund Anderson, o Rambler 1956 recebeu uma estrutura monobloco denominada Double Safe Single Unit, caracterizada por uma carroceria de quatro portas com ampla área envidraçada e largas colunas traseiras invertidas.

Tanto o sedã quanto a perua Cross Country tinham notável rigidez torcional e a opção de carroceria sem coluna central (hardtop).

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Curiosamente eram distribuídos tanto em concessionários Nash quanto Hudson.

Rambler Six Custom 1957
Até painel e bancos combinavam com a pintura externa (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nash Rambler e Hudson Rambler eram tecnicamente idênticos: 4,85 metros de comprimento, 2,74 metros de entre-eixos, molas helicoidais nas quatro rodas e motor Typhoon de seis cilindros e 3,2 litros. Válvulas no cabeçote fizeram a potência saltar de 90 para 120 cv.

Havia três opções de câmbio: manual de três marchas, manual de quatro marchas Automatic Overdrive e automático de quatro Dual-Range Hydra-Matic (fornecido pela General Motors).

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Rambler Six Custom 1957
O espaço interno era uma de suas maiores virtudes (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Os padrões de acabamento eram Deluxe, Super e Custom. Entre os opcionais estavam a pintura em dois ou três tons, cores do acabamento interno (15 opções), bancos de couro, rádio, relógio, bancos dianteiros reclináveis, filtro de óleo, pneus faixa branca, suspensão traseira reforçada, cintos de segurança, estepe externo (tipo continental), direção hidráulica, transmissão automática e o renomado ar-condicionado Weather Eye.

O espaço interno era uma de suas maiores virtudes, principalmente quando comparado a automóveis maiores como Chevrolet, Ford e Plymouth. O porta-malas também oferecia boa capacidade, pois não era obstruído por nenhum componente do ar-condicionado (prática comum na época).

Pesando em média 1.450 kg, o Rambler agradava pelo desempenho e dirigibilidade. Tinha baixo custo de manutenção e era imbatível em todas as provas de consumo.

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Rambler Six Custom 1957
Entre os apcionais estavam a pintura em dois ou três tons, cores do acabamento interno (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O modelo 1957 abandonou os sobrenomes Nash e Hudson: o nome Rambler ganhou status de marca e os modelos passaram a se chamar Six (motor Typhoon) e V8. Este trazia um V8 de 4,1 litros para as versões Super e Custom e rendia 190 cv.

Havia ainda a versão Rebel, com um V8 de 5,4 litros, carburador de corpo quádruplo e impressionantes 255 cv, suficiente para levá–lo de 0 a 96 km/h em baixos 7,5 segundos.

Pintado somente na cor prata, o Rambler Rebel deixava para trás concorrentes como Chevrolet Bel Air, Oldsmobile Super 88, Chrysler 300C e Ford Fairlane 500, sendo superado apenas pelo Chevrolet Corvette.

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Também foi o primeiro automóvel produzido em larga escala a oferecer injeção eletrônica Electrojector. Fornecido pela Bendix Corporation, o dispositivo aumentava a potência para 288 cv, mas equipou pouquíssimas unidades dos 1.500 Rebel produzidos.

A severa recessão de 1958 ajudou o Rambler a colocar a AMC no caminho da salvação. Ele foi montado no Canadá, no México, na Bélgica e na Austrália e algumas unidades chegaram ao Brasil, como o Rambler Six Custom 1957 que pertence à colecionadora Olga Maria Paravani.

“Foram seis anos de restauração. Não tinha motor, vidros ou documentos, mas encarei o trabalho, que exigiu viagens ao Uruguai, peças vindas dos EUA e acertos finais da PJS Restaurações Especiais.”

Rambler Six Custom 1957
Pintura em três tons era exclusiva da versão top, Custom (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A plataforma do modelo 1956 deu origem ao topo de linha Ambassador (com 2,97 metros entre os eixos) em 1958, levou a Rambler à terceira posição de vendas em 1961 e sobreviveu sob diferentes nomes até 1962, quando George W. Romney deixou a empresa para se dedicar à política.

O sucesso do Rambler motivou as três grandes a desenvolverem automóveis compactos e racionais e foi decisivo para a AMC, que resistiu até ser adquirida pela Chrysler, em 1987.

Ficha técnica – Rambler Six Custom 1957

  • Motor: 6 cilindros em linha; 3.200 cm3; 125 cv a 4.200 rpm; 24,2 mkgf a 1.600 rpm
  • Câmbio: manual de 3 marchas; tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 485 cm; largura, 181 cm; altura, 147 cm; entre-eixos, 274 cm, peso, 1.332 kg
  • Carroceria: fechada, 4 portas, 6 lugares
  • Desempenho: 0 a 100 km/h em 14,8 s; vel. máx. de 153 km/h
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