Por melhor que seja, o sisudo triunvirato Corolla, Civic e Sentra não é capaz de agradar a todos: uma parcela do público que procura um sedã médio usado preenche sua garagem com um exemplar realmente oriental, de visual agressivo, tempero esportivo e muitos itens de segurança: o Mitsubishi Lancer.
Mesmo sem os anabolizantes da versão Evolution, as versões civis do Mitsubishi começaram a ser importadas a partir do final de 2011 e só começou a ser montado no Brasil no fim de 2014. Manteve o pique para encarar também Cruze, Elantra e Jetta.
Atributos não lhe faltam, como o nível de equipamentos, o bom espaço interno e um porta-malas de 413 litros com dobradiças pantográficas. A suspensão traseira multilink é um requinte técnico muito bem-vindo.
Os poréns são a idade avançada (sua última geração foi lançada há 16 anos), o acabamento simples e o custo das revisões na rede Mitsubishi. Os preços variam entre R$ 1.200 e R$ 2.300 e o plano de revisões ainda previa serviços a cada seis meses. Uma boa notícia é que a fabricante vende kits de serviços, já com mão de obra incluída, a preços interessantes, como troca de óleo a R$ 215 e de todos os amortecedores por R$ 1.628.
Com um motor 2.0 16V de alumínio com comando variável de 160 cv e 20,1 mkgf a 4.200 rpm, o Lancer tem sete airbags (frontais, laterais, de cortina e um para os joelhos), freios ABS com EBD e BAS, rodas aro 18 com pneus 215/45, sensores de farol e chuva, piloto automático, computador de bordo, volante multifuncional com ajuste de altura e ar-condicionado automático (mas com botões giratórios).
O câmbio CVT de seis marchas pré-programadas com borboletas foi opcional por alguns anos.
Bastante firme e estável, o Mitsubishi Lancer anda bem, mas mesmo quando era 0-km não acompanhava a nova leva de sedãs turbinados: aceleração de 0 a 100 km/h em 11,1 s, com consumo urbano de 8,5 km/l e rodoviário de 11,5 km/l, sempre com gasolina.
Até a linha 2017 o lancer GT era o mais completo, com CVT, bancos de couro, teto solar, cromados no exterior, rodas exclusivas, saias laterais e central com GPS, DVD player, entrada para iPod e tela touch screen colorida. Entre os opcionais, retrovisor interno fotocrômico e faróis de xênonio duplo com lavadores, regulagem automática da altura do facho e luz autodirecional AFS, que ativa um farol lateral ao se esterçar o volante.
A principal novidade no modelo 2013 foi a apresentação da versão GT AWD, com tração integral e controles de tração e estabilidade. Apesar da maior segurança em curvas, ele mantém a mesma motorização – e como é mais pesado, tem desempenho um pouco inferior e consumo maior. Saiu de linha em junho de 2015.
O Mitsubishi Lancer já havia saído de linha no resto do mundo quando, no fim de 2017, passou a ser vendido no Brasil nas versões HL e HL-T.
O Lancer HL tem central multimídia, trio elétrico, ar-condicionado automático, freio a disco nas 4 rodas, piloto automático, sensores de chuva e luminosidade, e rodas de liga leve de 16 polegadas. O HL-T tem bancos revestidos de couro, rodas aro 18″, antena tipo barbatana e spoiler no porta-malas.
Poucas queixas pesam sobre o sedã, como a sensibilidade de rodas e pneus aos buracos. Os donos ainda sentem falta de itens simples, como vidros de um toque e sensor ou câmera de ré, um acessório comum. Nem a falta de motor flex conteve o relativo sucesso: foram vendidas quase 3.000 unidades em 2018 e 2019.
Atenção ao escolher a versão. Como você sentirá falta da sexta marcha no câmbio manual, o CVT é o melhor compromisso entre conforto e esportividade. E, como a tração 4×4 da versão AWD só ajuda em casos específicos (piso molhado, por exemplo), veja se vale o aumento do consumo em razão do maior peso.
Principais problemas do Mitsubishi Lancer
Câmbio CVT – Problema já abordado na seção Autodefesa: os primeiros Lancer vieram sem o radiador do fluido da transmissão, o que provoca ruídos e falhas. Verifique se ele foi instalado no período de garantia: custa cerca de R$ 5.000 e está localizado atrás do farol auxiliar esquerdo.
Rodas e pneus – São as principais vítimas do nosso piso. Vale pedir a uma loja do ramo que avalie o estado e o alinhamento das rodas. Os pneus originais, de composto macio, desgastam-se logo e não saem por menos de R$ 1.000 cada um.
Lavador dos faróis – Presente na versão GT, é indispensável para o bom funcionamento das luzes de xenônio. Cheque o estado: mau funcionamento ou mesmo sua ausência podem ser indícios de uma colisão frontal.
Corrente – Ruídos metálicos no cabeçote não são normais: em geral, indicam desgaste acentuado da corrente de acionamento dos comandos de válvulas, provocado por óleo de especificação incorreta ou trocas realizadas além do prazo determinado pelo fabricante.
Tração integral – A versão GT AWD exige cuidados extras no alinhamento da direção e na suspensão, sob pena de comprometer a estabilidade e provocar desgaste excessivo dos pneus. Verifique também se o óleo da caixa de transferência e o do diferencial traseiro foram trocados.
O que dizem os donos do Mitsubishi Lancer?
“A direção é precisa, direta e com um peso correto. O câmbio CVT é suave e as borboletas no volante permitem explorar bem o motor, forte e econômico. A suspensão garante conforto e estabilidade excepcionais, mas ele sofre com os buracos das ruas: danificam as rodas de aro 18 e provocam bolhas nos pneus de perfil baixo.” Rodrigo Terra, 32 anos, investigador de polícia, Itapetininga (SP)
O QUE EU ADORO – “É uma combinação única de eficiência, conforto e praticidade: tem bom desempenho com consumo adequado e um estilo agressivo, que lhe confere muita personalidade.” Marina Gurgel, 35 anos, funcionária pública, Brasília (DF)
O QUE EU ODEIO – “O acabamento interno apresentou ruídos e a resposta do câmbio é muito lenta: só é ágil quando acionado pelas borboletas. E a tração integral eleva demais o consumo.” Rodrigo Ubiratan, 35 anos, microempresário, Praia Grande (SP)
NÓS DISSEMOS… novembro de 2011
“A dianteira do sedã, com uma enorme boca central, confere uma esportividade amenizada nas laterais e na traseira, mais conservadoras.(…) Como um genuíno representante do jeito japonês de fazer carro, o Lancer tem uma cabine completa e com materiais de bom aspecto, mas o desenho do painel e dos instrumentos é óbvio. O computador de bordo com a bela tela colorida entre o velocímetro e o conta-giros é uma das exceções, mas trata-se de uma exclusividade do GT. Revestimento dos bancos de couro, sistema multimídia com GPS e tela sensível ao toque são outros atrativos só encontrados no GT.”
Preço médio dos Mitsubishi Lancer usados (KBB)
2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | |
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Lancer 2.0 man. | R$ 49.000 |
R$ 51.000
|
R$ 53.000 |
R$ 55.500
|
R$ 57.500
|
R$ 63.000
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– | – |
Lancer 2.0 CVT | R$ 49.770 |
R$ 52.560
|
R$ 54.000 |
R$ 61.000
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–
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– | – | – |
Lancer 2.0 GT CVT |
R$ 54.000
|
R$ 58.500
|
R$ 66.000 |
R$ 62.600
|
R$ 66.000
|
R$ 75.500
|
– | – |
Lancer 2.0 GT AWD |
R$ 60.550
|
R$ 61.900
|
R$ 66.000 |
R$ 73.000
|
R$ 70.750 |
R$ 82.000
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– | – |
Lancer 2.0 HL CVT |
–
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–
|
– |
–
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R$ 60.500 |
R$ 64.900
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R$ 71.700
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R$ 76.000
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Lancer 2.0 HLE CVT |
–
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–
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– |
–
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R$ 64.900 |
R$ 70.000
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– | – |
Lancer 2.0 HL/T CVT |
–
|
–
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– |
–
|
– |
–
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R$ 73.000
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R$ 75.500
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