Citroën Ë-Jumpy é furgão elétrico que leva 1 tonelada e tem motor de e208
Ele tem tudo para se tornar o queridinho dos serviços de e-commerce: além de levar boa quantidade de carga, faz isso sem gastar combustível - mas cobra caro
A eletrificação não é uma realidade apenas para os carros de passeio. Mesmo a passos mais lentos, ela também já mostra sua força entre os veículos de trabalho. Para expor isso, convocamos o Citroën Ë-Jumpy. Anunciado por R$ 329.990, o furgão está entre os utilitários elétricos mais baratos do país, ao lado dos “primos” Fiat e-Scudo e Peugeot e-Expert.
Equipado com o mesmo motor do Peugeot e-208 GT, o Ë-Jumpy tem os mesmos 136 cv de potência e 26,5 kgfm de torque do hatch esportivo, com boa disposição em diversas situações e aceleração de 0 a 100 km/h em 11,9 s, de acordo com a fabricante. É mais rápido que a versão com motor 1.5 turbodiesel, de 120 cv e 30 kgfm, que cumpre a prova em 12,5 segundos.
Desempenho não será um fator decisivo para o modelo, mas autonomia, sim. O furgão traz uma bateria de 75 kWh, maior do que a de 50 kWh do 208 elétrico. Afinal, o furgão precisa de um conjunto que assegure um bom alcance considerando seus 2.053 kg quando vazio, além da capacidade de carga de 1.002 kg. Ou seja, um peso bruto de até 3.055 kg. Inclusa nas contas, só a bateria pesa 534 kg.
A versão de carga a diesel é mais leve, com seus 1.725 kg, e pode levar até 1.500 kg. Ela também custa quase a metade da configuração eletrificada: R$ 187.490.
Segundo a marca, a autonomia projetada é de 330 km na cidade e 237 km na estrada, variáveis entre os modos de condução. Para melhorar o alcance, o Eco limita a potência em 80 cv, enquanto o Normal entrega até 107 cv. A máxima, de 136 cv, só vem no modo Power.
Os números modestos de autonomia nos fazem entender o motivo pelo qual o Jumpy elétrico está disponível apenas na configuração de carga, focando em entregas corriqueiras, enquanto a versão de passageiros, voltada para viagens maiores, segue exclusivamente com o motor a combustão.
Apesar da posição de dirigir, o Ë-Jumpy não faz questão de parecer um carro de passeio – apesar de ser o mais próximo possível de um. Quem está acostumado com modelos ainda maiores, porém, certamente se sentirá em um automóvel comum. O Citroën tem direção com peso extra e suspensão com boa dose de rigidez, aliada a um curso reduzido dos amortecedores. Tudo em nome da estabilidade, como em todo furgão.
O resultado disso em movimento são os pulos vindos da traseira e os recorrentes baques que mostram o fim de curso dos amortecedores – além de uma boa estabilidade em curvas, como prometido. Há um incômodo pelo tamanho reduzido dos retrovisores, que resultam na visão prejudicada de traseira e laterais.
Vale destacar que as impressões foram feitas apenas com o baú, que tem 6,1 m³ de volume, vazio. Com carga, a sensação de pulos da traseira seguramente será amenizada. Como comparação, o Citroën Jumper, “irmão” maior do Jumpy, leva até 13 m³ no baú, enquanto um Mercedes-Benz Sprinter varia de 9 a 15,5 m³ em suas versões.
Ainda sobre o baú do modelo elétrico, há iluminação, oito ganchos para amarração de carga, divisor para a cabine, proteção interna lateral, tomada 12 V e acesso pelas portas traseiras (com abertura de 90° a até 180°) e pela porta deslizante instalada na lateral direita do furgão.
Apesar dos pesares, o Citroën faz de tudo para tornar o dia a dia de seus três ocupantes (motorista e dois passageiros) mais agradável, a começar pela ambientação – essa, sim, muito próxima à de um carro.
Mesmo com óbvios plásticos rígidos, o interior mostra cuidado em acabamento, desenho e ergonomia, com comandos sempre à vista e à mão, e porta-objetos de variados tamanhos no painel, nas portas e até um compartimento térmico sob o assento dos passageiros. Só há um porém: os nada práticos comandos satélite, escondidos atrás do volante, permanecem.
O quadro de instrumentos dá ares modernos ao Ë-Jumpy. Seus mostradores analógicos misturam tons vibrantes de azul e verde, além de uma pequena tela colorida central.
Também há uma central multimídia com tela de 7”, Android Auto, Apple CarPlay e câmera de ré que, em tese, é um pacote opcional. Segundo a Citroën, todas as unidades importadas para o Brasil vêm com os equipamentos já instalados e inclusos no preço, tornando-os, temporariamente, itens de série. O modelo tem ainda freio de estacionamento eletrônico.
Entrando na seara das comodidades, o furgão elétrico da Citroën é bem servido. De série, há volante com ajuste de profundidade e altura, sensor de chuva, faróis automáticos com regulagem de altura do facho, faróis de neblina, piloto automático, retrovisores com acionamento elétrico, ar-condicionado e assistente de partida em rampas.
A lista ainda inclui indicador de fadiga do motorista, luzes diurnas, monitoramento de pressão dos pneus e sensores de ré.
O Citroën Ë-Jumpy se mostra uma boa opção para transporte urbano de cargas, especialmente se considerados fatores como a alta do diesel, suas dimensões contidas e a boa convivência pelos níveis de conforto e acabamento. Tem tudo para ser o queridinho do e-commerce.
Veredicto
O Ë-Jumpy mostra que a eletrificação já chegou ao trabalho. Mais do que isso, tem conforto e itens típicos de bons carros de passeio.
Ficha técnica
- Preço: R$ 329.990
- Motor: elétrico, dianteiro, 136 cv, 26,5 kgfm
- Bateria: íons de lítio, 75 kWh, 27 módulos, 534 kg
- Câmbio: marcha única, tração dianteira
- Direção: eletro-hidráulica
- Suspensão: McPherson (diant.), independente braço arrastado (tras.)
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Pneus: 215/65 R16
- Dimensões: comprimento, 530,9 cm; largura, 220,4 cm; altura, 193,5 cm; entre-eixos, 327,5 cm; peso, 2.053 kg; compartimento de carga, 6,1 m³
- Desempenho: 0 a 100 km/h, 11,9 s; velocidade máxima de 130 km/h
- Autonomia: 330 km (urbano), 237 (rodoviário)
Dados de fábrica