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VW Voyage Los Angeles já foi mico e hoje é antigo raro e valorizado

A cor azul enseada marcou a série que fazia tributo às Olimpíadas de 1984, mas era considerada extravagante demais para a época

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 jul 2021, 15h49 - Publicado em 3 jul 2021, 10h11
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  • Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O ano é 1984. Após o sucesso do Gol Copa, com 3.000 unidades lançadas em 1982 para homenagear a Copa da Espanha, a Volkswagen aproveitou os Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos EUA, para, desta vez, dar uma série especial ao Voyage. Mas esgotar o estoque deles nas concessionárias foi tarefa tão árdua quanto uma maratona.

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    O nome não poderia ser mais óbvio: Voyage Los Angeles. Baseado na versão LS (assim como o Gol Copa), ele unia o que havia de melhor já disponível para o sedã com itens exclusivos.

    Enquanto o volante de quatro raios era emprestado do Passat GTS (que em 1985 receberia o famoso “quatro bolas”), o quadro de instrumentos e os comandos no painel (este, espumado) vinham do Voyage LS código 1.

    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A cabine ainda recebia bancos Recaro, que não eram os mesmos do Gol GT 1.8, mas um modelo mais simples. O retrovisor do lado esquerdo recebia comando interno, enquanto o do lado direito ainda era opcional. O porta-malas era todo acarpetado, algo raro na época. 

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    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Por fora, o VW Voyage Los Angeles exibia as rodas de liga leve – mesmas do LS código 2 –, um pequeno aerofólio na tampa do porta-malas, partes dos para-choques pintadas na cor da carroceria, spoiler dianteiro, faixas pretas pintadas nas laterais, vidros verdes e para-brisa degradê.

    A lista ainda incluía faróis de neblina quadrados (Cibié Serra II) emprestados pelo Santana, inscrições “Los Angeles” no vidro traseiro e “L.A.” na tampa da mala e um friso vermelho de ponta a ponta da carroceria na altura da linha de cintura.

     

    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Mas é a cor azul enseada metálica, exclusiva da série especial, que torna o Voyage Los Angeles facilmente reconhecível. E foi justamente ela a culpada pela serie especial ter se tornado um mico à época.

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    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O brasileiro tem o costume de comprar o carro novo pensando no segundo dono. Isso era ainda pior quando o carro era visto como investimento. Qualquer coisa diferente seria motivo para torcer o nariz para o carro. Poderia ser a carroceria de quatro portas, um motor diferente ou mesmo a cor da carroceria.

    A cor tão chamativa era um problema. A dificuldade de igualar aquele tom metálico em uma eventual repintura com os recursos da época, outro. Conta-se que, diante disso, os concessionários chegaram a repintar o carro inteiro de outra cor para conseguir vender as unidades que tinham em estoque.

    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A intenção da Volkswagen era repetir a mesma tiragem de 3.000 unidades do Gol Copa, mas apenas 300 teriam sido produzidas. E uma só uma fração delas não foi descaracterizada ou modificada, o que as torna as mais valorizadas do Voyage.

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    Motor ainda não era AP

    Em 1984 o VW Voyage ainda usava o motor MD-270. No caso da série Los Angeles, todos receberam o 1.6 8V a álcool, que rendia 81 cv e 12,8 kgfm e geralmente estava combinado com câmbio manual de quatro marchas. O câmbio de cinco marchas era oferecido, mas é muito raro.  

    Volkswagen Voyage Los Angeles 1984
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O motor AP 1600 só estreou nas linha Gol, Parati e Voyage em 1985, primeiramente nas versões com cinco marchas. O AP só se tornou padrão na linha com o lançamento dos modelos 1986.

    Green card garantido

    Uma série especial com o nome de uma cidade dos Estados Unidos combinava com a intenção da Volkswagen de enviar seu sedã brasileiro para o país do Tio Sam.

    Volkswagen Fox sedan EUA
    (Divulgação/Volkswagen)
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    Desde o lançamento do Voyage, um grupo de executivos da VW passou a tocar um secretíssimo “Projeto 99”. Não era nenhum carro novo, mas quase isso. O plano da fábrica era exportar 100.000 carros para o mercado americano.

    Em 1982, alguns carros foram despachados para teste no Alasca, a temperaturas de até 45 graus negativos. Passados cinco anos, o Voyage chegou lá. Além de ter seu nome mudado para Fox, para conseguir o green card foram necessárias 2.000 modificações.

    O carro ganhou injeção eletrônica, item banido por aqui pela famigerada política de reserva de mercado da informática, e catalisador, este só adotado no nosso Voyage em 1992. Até a linha de produção teve de ser aprimorada, com a importação de 15 robôs para  melhorar a qualidade das soldas, outra exigência do comprador externo.

    Volkswagen Fox sedan EUA
    (Divulgação/Volkswagen)

    Com todos os aprimoramentos, o Fox chegava aos americanos ao preço de 5.200 dólares, segundo informações da época do jornal Automotive News. Preço inferior ao mais barato dos carros japoneses por lá comercializados.

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    No fim de 1989, a revista americana Car and Driver comparou oito modelos da classe econômica. O Fox fez bonito e ficou em terceiro, atrás apenas de VW Golf e Honda Civic DX. Preço e qualidade ajudam a entender os 220.000 Fox que foram exportados até 1993 para os Estados Unidos.

    Cosmopolita, além de rodar pelo continente americano, também chegou a circular no Iraque, a partir de 1988. O movimento migratório em direção ao Oriente Médio durou apenas até 1990, com o início da Guerra do Golfo.

    Volkswagen Fox sedan EUA
    (Divulgação/Volkswagen)

    Mas o privilégio de ter um Voyage à moda americana acabou por chegar aqui. Na linha 1988, a VW apostou alto e lançou o modelo GLS. Com motor 1.8, ele era a própria versão brasileira do Fox, inclusive com o mesmo painel.

    Até 1996, quando deixou de ser fabricado, o Voyage acompanhou as mudanças estéticas do Gol. Foram produzidos no total 856.471 Voyage da primeira geração e nada menos que 391.295 deles foram expatriados. Agora, quem está na berlinda é a segunda geração do Voyage, que pode sair de linha no fim de 2021 junto com o… Fox.

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