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SR Ibiza era sofisticada e mudou patamar das vans executivas no Brasil

Inspirada nas vans norte-americanas, a Ibiza foi responsável por unir a valentia de uma picape ao requinte de um automóvel de luxo

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 jan 2022, 20h15
Van Ibiza verde vista 3/4 de frente
Ângulo entre capô e para-brisa foi ditado pela aerodinâmica (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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É grande a oferta de vans executivas no Brasil, mas nem sempre foi assim. Houve um período em que as opções eram limitadas a uma produção artesanal. Para atender o mercado, em 1987, o empresário Eduardo de Souza Ramos fez a Ibiza, desenvolvida sobre o chassi da picape Ford F-1000 pela SR Veículos Especiais.

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Fundada no final da década de 1970, a SR teve origem na concessionária paulistana Souza Ramos, célebre pela criação da versão perua do Ford Maverick. Logo após a concepção do insólito Corcel Hatch, a SR dedicou-se às picapes F-100 e F-1000, contando com apoio da Ford para a transformação da cabine simples em dupla.

Van Ibiza verde vista de lado com porta aberta
Porta traseira lateral só no lado direito (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A demanda por utilitários sofisticados era crescente, fomentada pela proibição das importações. A SR já era a maior transformadora de picapes do país quando iniciou os estudos da Ibiza, em 1984, projeto que consumiu cerca de 2,5 milhões de dólares, segundo a empresa.

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“O desenho da Ibiza era completamente novo. Não era mais uma simples transformação, pois não havia mais nenhum componente da carroceria da F-1000”, conta Eduardo de Souza Ramos. “As peças de plástico reforçado com fibra de vidro eram apoiadas em uma estrutura autoportante tubular desenvolvida em parceria com a Lotus Engineering.”

Porta-malas da van Ibiza aberto
Vão do porta-malas tem 1,78 m de largura (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Marcada pela frente em cunha, a Ibiza lembrava o estilo da minivan norte-americana Ford Aerostar, mas seu porte era similar ao da grandalhona Ford Econoline. “O desenho original era ainda mais ousado, com grande quantidade de vidros curvos, mas foi descartado em razão do enorme custo envolvido”, conta Eduardo.

Nome Ibiza escrito ao lado da van verde
Ibiza é o nome de uma ilha espanhola (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Foi justamente para conter o custo de produção que a Ibiza empregava componentes de outros automóveis nacionais: o conjunto ótico dianteiro era o mesmo do Ford Del Rey, enquanto as lanternas traseiras vinham do Fiat Uno. Para facilitar o acesso dos passageiros, foi adotada uma única porta traseira, no lado direito.

Van Ibiza verde vista 3/4 de trás
Vidros planos e lanternas do Fiat Uno barateavam o custo de produção (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mesmo com essas limitações, seu desenho era bem mais atual que o da van Furglaine, produzida pela Furglass e distribuída pela concessionária Ford Sonnervig, também baseada no chassi da F-1000. E foi justamente em razão da boa aerodinâmica que a Ibiza apresentava um bom rendimento na estrada: mesmo pesando mais de 2,5 toneladas, o consumo de óleo diesel variava de 8,3 km/l a 9,9 km/l, dependendo da carga. Sua velocidade máxima era de 119,7 km/h, limitada pelos 83 cv do motor MWM 229 de 3,9 litros e aspiração natural.

Painel da van Ibiza visto do banco do motorista
Painel envolvente indicava a preocupação com a ergonomia dos comandos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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O torque de 25,3 kgfm também exigia paciência do condutor: para acelerar de 0 a 100 km/h eram necessários quase 40 segundos, situação agravada pelo elevado nível de ruído do motor. Movido a etanol, o motor Ford de seis cilindros e 3,6 litros era bem mais silencioso. Seus 25,9 kgfm e 111,5 cv melhoravam substancialmente o desempenho da Ibiza.

Detalhe interno da van Ibiza
Estrangulador de óleo diesel é o mesmo da F-1000. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O melhor era curtir a viagem sem abusar: a Ibiza equilibrava seus 5,5 metros de comprimento, 2,11 metros de largura e 2,3 metros de altura sobre a suspensão da F-1000, com eixo traseiro rígido e braços duplos (Twin-I-Beam) na dianteira. Assistidos, os sistemas de direção e freios eram suaves, mas o curso da alavanca do câmbio manual era muito longo.

Interior da van Ibiza visto da primeira fileira
Para conter gastos, a van Ibiza contava com elementos de outros modelos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Uma das maiores virtudes da Ibiza estava no conforto, com espaço de sobra para oito ocupantes e acabamento refinado, com carpete, bancos e forro do teto de veludo. Também poderia ser adquirida com quarta fileira de bancos (12 lugares) ou ainda como van comercial, sem bancos traseiros e vidros laterais.

Velocímetro da van Ibiza
O velocímetro é dos mais otimistas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Outra enorme vantagem era a homologação do fabricante: a Ibiza desfrutava da mesma garantia oferecida a qualquer modelo da Ford.

A Ibiza das fotos pertence ao acervo de um colecionador paulista e é um dos raros exemplares ainda em condições excepcionais de originalidade. Produto de nicho, a Ibiza integra a lista de modelos nacionais que sucumbiram à invasão dos importados no começo da década de 1990: a própria SR Veículos Especiais foi vendida a terceiros nesse mesmo período, encerrando suas atividades em 1996.

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Bancos da van Ibiza
Qualidade de construção e acabamento seguia o padrão do luxuoso Ford Del Rey (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ficha técnica: SR Ibiza 1988

  • Motor: long., 4 cil. em linha, 3.992 cm3, comando de válvulas simples no bloco, alimentação por bomba injetora, diesel
  • Potência: 86,4 cv a 3.000 rpm
  • Torque: 26,3 kgfm a 1.600 rpm
  • Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 551,2 cm; largura, 211 cm; altura, 230 cm; entre-eixos, 292 cm;
  • Peso: 2.524 kg
  • Pneus: 31 x 10,5 R15

Julho de 1987:

  • Velocidade máxima. 119,7 km/h
  • 0 a 100 Km/h – 39,4 segundos
  • Consumo médio – 9,3 km/l cidade / 9,9 km/l estrada
  • Preço – Cr$ 1.900.000,00 – Atualizado*: R$ 160.000

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