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Grandes Brasileiros: Ford Del Rey tinha acabamento exemplar

Derivado do Corcel, ele foi o mais sofisticado nacional da fábrica ao longo de quase uma década

Por Sérgio Berezovsky
Atualizado em 9 set 2022, 17h21 - Publicado em 21 set 2016, 21h47

Ford Del Rey

Quanto você pagou o litro de gasolina a última vez que abasteceu o carro? Quanto você julga que estará o litro de gasolina daqui a seis meses? Essas duas questões encerravam uma sabatina a que foram submetidos 1.000 convidados a responder uma pesquisa promovida pela Ford em maio de 1978.

Era uma época em que o consumo de combustível era fator decisivo de compra. Durante cinco dias, estiveram expostos no Clube Athletico Paulistano novos projetos do Maverick, variações da linha Corcel II e carros da concorrência, mais especificamente Opala e Passat.

Brindados com uma garrafa de vinho português Família Mor, os convidados – entre eles um infiltrado repórter de QUATRO RODAS – enfrentaram uma maratona de senta-levanta comparando os carros e respondendo a vários questionários.

O futuro novo Maverick de quatro portas, com mais espaço para passageiros, não vingou.

Mas lá estava o embrião do Del Rey, um três-volumes com o qual a Ford pretendia ocupar o lugar de seus grandes Galaxie e Maverick. Numa outra clínica, realizada quatro meses depois, as versões de duas e quatro portas do futuro Del Rey já apareceriam com as formas próximas das definitivas, evolução dos estudos que haviam começado em 1976.

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Ford Del Rey

Fazer carros confiáveis, confortáveis e com ótimo acabamento. Esses valores estavam cristalizados na mente dos consumidores. Acontece que a linha Galaxie vivia seu outono e os Maverick já haviam entrado para a história. E, embora não fizessem feio, os carros da linha Corcel não eram propriamente representantes da categoria luxo.

Enquanto a rival GM tinha os Opala nas versões Comodoro e Diplomata, a Ford ficaria a pé num segmento em que já havia sido referência. A idéia de criar um Corcel diferenciado deu a partida no projeto Ômega, que viria a ser o Del Rey.

No fim de maio de 1981, o novo Ford apareceu na forma de duas e quatro portas e em duas versões de acabamento. Com motor 1.6 do Corcel – o 2.3 usado no Maverick chegou a ser cogitado – a versão Ouro era a mais completa, com todos os opcionais disponíveis.

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Além dos cintos de segurança retráteis, havia trava elétrica das portas com bloqueio para crianças nas traseiras e acionamento elétrico de vidros, requintes não disponíveis nem mesmo no Galaxie Landau.

Acima de tudo ficava a marca registrada do Del Rey: um console no teto abrigava, além das luzes de leitura, um relógio digital com função de cronômetro num vistoso mostrador azul. Coisa de avião!

Ford Del Rey

Os bancos dianteiros ofereciam conforto e firmeza, e eram revestidos de um tecido de qualidade superior. Atrás, resolvido o problema da baixa estatura do Corcel, permaneceu o escasso espaço para as pernas.

A suspensão, melhorada em relação ao Corcel, era mais firme nas curvas, mas sem comprometer a suavidade ao rodar.

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Ford Del Rey

Aproveitando-se do mais que testado motor 1.6 que equipava o Corcel, de 69 cavalos, era de se supor que o Del Rey, que tinha 74 quilos a mais, tivesse uma agilidade econômica.

Isso melhorou em 1984, com a adoção do CHT, o aprimoramento do velho motor 1.6. Desde o ano anterior já estava disponível nas concessionárias a opção do câmbio automático.

Mas a esperteza do Del Rey melhorou significativamente quando o regime de comunhão de motores e plataformas do casamento entre Volkswagen e Ford, que começaram a flertar em 1986, deu origem à Autolatina. O romance proporcionou ao Del Rey o usufruto do vigoroso AP 800, o 1.8 da Volks, em 1989.

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Com suas qualidades congênitas mais os aprimoramentos mecânicos que se seguiram, o Del Rey foi um coringa da Ford no jogo do segmento de luxo dos carros nacionais e enfrentou com valentia a chegada de Santana e Monza.

A direção hidráulica passou a ser de série em 1986, um ano depois de o carro ganhar um facelift e as versões GL, GLX e Ghia, top de linha.

Quem tiver o privilégio de dirigir um Del Rey em perfeito estado nos dias de hoje, como o carro de Sérgio Minervini, vai se surpreender. Movido a álcool, ele (o carro) faz parte da turma de 1988 e conta com apenas 7.100 quilômetros registrados no hodômetro.

Ford Del Rey

Com uma suspensão com qualidades suficientes para encarar os dias de hoje, o carro roda firme e silencioso, ignorando os relevos asfálticos.

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Seu desempenho é compatível com as demandas urbanas atuais. Já não poderia assegurar a mesma desenvoltura numa estrada com limites mais altos de velocidade, com toda a família a bordo. Tanto a suspensão como – principalmente – o motor não nasceram para grandes performances.

Ford Del Rey

No teste publicado em março de 1988, aos 120 km/h, a versão Ghia do Del Rey apresentou alto nível de ruído, um sinal inequívoco dos limites do antigo projeto do motor. Melhor figura faz – ainda hoje – seu acabamento, coisa de servir de exemplo para os netos.

Fabricado ao longo de uma década, o Del Rey vendeu cerca de 350.000 unidades. Se em matéria de tecnologia e design ele não foi um “ponta-de-lança”, por outro lado cumpriu com heroísmo sua missão: com seus limitados recursos, enfrentou crises econômicas e soube defender os valores da marca no páreo dos carros nacionais de luxo.

Ford Del Rey

Ficha Técnica – Ford Del Rey 1988

 
Motor dianteiro, 4 cilindros, 1.555 cm3, 73 cv a 2.400 rpm, 12,9 mkgf a 2.400 rpm
Câmbio manual ou automático
Dimensões comprimento, 450 cm; largura, 168 cm; altura, 134 cm; peso, 1.092 kg
Opcionais ar-condicionado, retrovisores com comando elétrico, toca-fitas e câmbio automático

 

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