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Dodge Dart SE era V8 esportivo no visual e simplório como carro popular

Opção muito mais barata ao caríssimo Charger R/T, o Dodge Dart SE economizava nos detalhes para entregar desempenho por atacado

Por Fabiano Pereira
Atualizado em 24 nov 2024, 17h13 - Publicado em 24 nov 2024, 15h00

Dodge Dart SE

Ainda que você não seja afeito a esoterismos, há de concordar que a menção de duas consoantes é capaz de alterar a pressão arterial de um grupo de cinquentões e sessentões. Basta um R seguido de um T para que a mente deles seja banhada por grandes e vistosos carros de cor alaranjada acompanhados do sonoro borbulhar de seus V8… Um sorriso cúmplice entre os presentes não deixará dúvida quanto ao significado do R/T, Charger R/T, esportivo dos mais desejados, potentes e caros do Brasil, um ícone dos anos 60 e 70.

Embora o Charger tenha ficado na memória como o Dodge mais esportivo, não foi o único. Em 1972 surgiu uma opção mais simples e voltada ao público jovem que buscava desempenho sem se importar com detalhes de acabamento. Era o Dodge Dart Special Edition, ou SE, como ficou conhecido. Custava 4.000 cruzeiros (27.235 reais hoje) menos que um Dart cupê, e quase 19.000 cruzeiros (incríveis 129.366 reais!) mais barato que o R/T.

Dodge Dart SE

O Dart SE contrariava a prática da época de versões simplificadas aparentarem pobreza se comparadas às superiores. Grade, capô e a parte da traseira entre as lanternas eram pintados de preto fosco, que contrastava com as cores vivas disponíveis. Só os para-choques eram cromados.

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Rodas prateadas sem calota e faixa adesiva nas laterais salientavam sua esportividade. O volante era do tipo competição e os bancos, revestidos por tecido xadrez. Os dianteiros eram mais anatômicos e tinham encosto mais alto. O câmbio vinha no assoalho. Em vez de um “pé de boi”, o dono levava um cupê ao estilo dos muscle cars americanos.

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Entras as perdas, não havia esguicho no limpador nem desembaçador e faziam falta o retorno automático dos piscas e as luzes de cortesia. Já o V8 era o mesmo dos demais Dart, com seus impressionantes 198 cv e 41,5 kgfm. “Toda essa força aparece nas arrancadas e nas subidas, que para o carro parecem planos”, destacou QUATRO RODAS no teste do SE em junho de 1972.

Dodge Dart SE

A revista ainda elogiava o silêncio e a suavidade do motor, sua elasticidade, a estabilidade e a precisão da direção. Porém faltava eficiência nos freios a tambor, o SE pulava bastante em altas velocidades e a desmultiplicação da direção dava canseira com suas 6,5 voltas.

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A qualidade dos materiais, vedação e pintura eram outra queixa. Mas o texto concordava que para os que “quiserem o automóvel de série mais forte e mais veloz do nosso mercado sem ter de pagar demais, o Special Edition será a compra ideal”.

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Após melhorias no acabamento em 1973, o SE ganhou freios dianteiros a disco na linha 1974. Capô e traseira não eram mais negros, as faixas laterais ficaram duplas e mais curtas e o estofamento combinava com a pintura. Porém, após 4 107 unidades, o SE foi cancelado em 1975.

Teste Quatro Rodas – junho de 1972
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,7 s
Velocidade máxima: 171,43 km/h
Frenagem 80 km/h a 0: 27,8 m
Consumo: de 4 a 6 km/l
Preço (maio de 1972): Cr$ 29.868
Preço (atualizado IGP-DI/FGV): R$ 203.364
Ficha Técnica – Dodge Dart SE
Motor: dianteiro, longitudinal, V8, 5 212 cm³, carburador de corpo duplo, a gasolina; Diâmetro x curso: 99,3 x 84,1 mm; Taxa de compressão: 7,5:1; Potência: 198 cv a 4 400 rpm; Torque: 41,5 kgfm a 2 400 rpm
Câmbio: manual de 3 marchas, tração traseira
Dimensões: comprimento, 496 cm; largura, 181 cm; altura, 139 cm; entre-eixos, 282 cm; peso, 1 495 kg
Suspensão: Dianteira: independente, com braços triangulares, barras de torção longitudinais e amortecedores; Traseira: eixo rígido com feixes de molas semielípticas longitudinais e amortecedores
Freios: a tambor nas 4 rodas
Rodas: aço, 55 J x 14
Pneus: 6,95 x 14

O paulista João Carlos Bassetto é o único dono do exemplar 1973 fotografado. Ele já saiu da revenda com uma capa de napa nos bancos que preservou o revestimento xadrez. Foi restaurado em 2003 sob supervisão de filho Daniel. “Meu pai foi me buscar com ele na maternidade, eu ia para a escola nele”, afirma o analista de sistemas. Após quase quatro décadas, o SE, assim como o irmão rico, o Charger R/T, continua provocando emoções.

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