Citroën ZX nasceu dos ralis para brigar contra VW Golf e Fiat Tipo
Mesmo sem a tradicional suspensão hidropneumática, o hatch conquistou o mercado e quatro edições do Rally Paris-Dakar
A Citroën sempre foi reconhecida pelos avanços tecnológicos. Fundada por André Citroën em 1919, a empresa destacou-se por modelos como o Traction Avant, o 2CV, o DS, o SM, o GS, o CX, o BX, o XM e o eficientíssimo ZX, que marcou seu nome na história dos ralis.
A história do ZX começa em 1974, quando o presidente francês Georges Pompidou impediu a Fiat de assumir o controle da Citroën. E foi além: para afastar investidores estrangeiros, o governo francês garantiu um empréstimo para que a Peugeot absorvesse a Citroën em 1976. Era o início do grupo PSA Peugeot Citroën.
O apoio financeiro permitiu uma rápida recuperação da Citroën na década de 1980: além dos decanos 2 CV, GSA e CX, também eram produzidos o pequeno AX e o médio BX, já com DNA Peugeot.
O CX foi substituído pelo XM, em 1989. Para suceder o GSA, a Citroën iniciou uma parceria com o estúdio italiano Bertone para desenvolver o Projeto N2. O trabalho culminou com o ZX em 1991, marcado por um estilo sóbrio nitidamente inspirado pelo BX e pelo XM. Com cinco portas, ele competia em porte e preço com Renault 19, Fiat Tipo, Opel Kadett, Ford Escort e VW Golf.
Os fãs sentiram a falta das suspensões hidropneumáticas do GSA, mas novos tempos exigem novas soluções: apesar da suspensão dianteira McPherson, o ZX recebia uma suspensão traseira com barras de torção e braços arrastados apoiados em buchas com deformação programada para resultar em esterçamento passivo.
O espaço interno merecia destaque: além dos 2,54 m entre os eixos, o banco traseiro era basculante e reclinável, permitindo aumentar o espaço para as pernas dos passageiros ou o do porta-malas. A lista de opcionais incluía direção hidráulica, teto solar elétrico, airbags duplos e freios ABS.
Em 1992, surge a versão de três portas, batizada como Coupé. A versão básica era a Reflex, seguida da intermediária Avantage e da luxuosa Aura. A esportiva era a Volcane, com suspensão totalmente recalibrada para um comportamento dinâmico mais apurado. A perua de cinco portas chegaria em 1994.
Foram oferecidos sete motores a gasolina: 1.1 litro de 60 cv, 1.4 de 75 cv, 1.6 de 88 cv, 1.8 de 101 cv, 1.9 de 130 cv, 2.0 de 121 cv e por fim um 2.0 com 16 válvulas e 152 cv. O motor a diesel 1.9 rendia 65 cv ou 91 cv quando alimentado por turbocompressor. O câmbio era manual de cinco marchas ou automático de quatro.
Em 1997, o motor de 2.0 16V passa a gerar 167 cv, potência suficiente para levar o ZX de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, com máxima de 219 km/h. Estava no mesmo nível de concorrentes importantes como VW Golf GTI 16V e Honda Civic VTi.
O ZX também fez relativo sucesso no Brasil, onde chegou no final de 1991. Avaliado em dezembro daquele ano, o Volcane com motor 1.9 acelerou de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos, com máxima de 181,5 km/h.
A carreira do ZX nos ralis começou em 1990, quando o protótipo ZX Rallye Raid conquistou o primeiro e segundo lugares Baja Aragón. Seu motor central-traseiro 2.5 era sobrealimentado para gerar 330 cv, enviados às quatro rodas por um câmbio manual sequencial de sete marchas. Venceu o Rally Paris-Dakar quatro vezes (1991/1994/1995/1996).
O ZX foi substituído pelo Xsara em 1998. Quase 2,5 milhões de unidades foram comercializadas até 2013, contando o hatch Fukang e o sedã Elysée produzidos pela Dongfeng na China. O ZX também originou os Dongfeng Fengshen/Aeolus S30 até 2017 e ainda foi plagiado pelas chinesas JM Star, Shanghai Maple, Jiangnan e Lifan.
Ficha Técnica – Citroën ZX Volcane 2.0 1995
- Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1998 cm3, alimentado por injeção eletrônica, 121 cv a 5.750 rpm, 18 kgfm a 2.750 rpm
- Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
- Carroceria: fechada, 4 portas, 5 lugares
- Dimensões: comprimento, 408 cm; largura, 170 cm; altura, 138 cm; entre-eixos, 254 cm
- Peso: 1.055 kg
- Pneus: 185/60 R 14