Toyota RAV4 híbrido plug-in tem potência de BMW e roda muito sem gasolina
Dirigimos a versão plug-in do SUV, recém-chegada ao mercado europeu. Ela tem um motor a menos que a híbrida vendida no Brasil, e 84 cv de potência a mais
A Toyota nunca teve pressa em fazer lançamentos, e com a primeira versão híbrida plug-in do RAV4 não foi diferente. O primeiro híbrido recarregável em tomada da marca foi o Prius, lá nos idos de 2007. Mas parece que a espera compensou. O RAV4 PHEV (sigla que designa os híbridos plug-in), vendido por 49.500 euros (R$ 305.910), na Europa, tem muito mais que uma entrada de força para recarga.
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Para começar, a potência combinada entre os três motores (um a gasolina e dois elétricos) chega a 306 cv. É a potência do BMW M235i xDrive Gran Coupé. O motor 2.5 a gasolina de ciclo Atkinson gera 185 cv, enquanto os elétricos agregam outros 236 cv, dos quais 182 cv fornecidos pela unidade montada na dianteira e 54 cv pelo propulsor, na traseira.
Como comparação, o RAV4 híbrido vendido no Brasil emprega três motores elétricos, porém gera 222 cv. O 2.5 entrega 178 cv, enquanto o trio elétrico rende outros 120 cv. Quando o motorista convoca todos os 306 cv (o torque não é declarado pela marca, mas estima-se que fique entre 40 e 50 kgfm), o SUV passa a exibir comportamento de esportivo, caso da aceleração de 0 a 100 km/h em 6 segundos.
Ao contrário da quase totalidade dos híbridos da Toyota, o RAV parte no modo elétrico mesmo em acelerações fortes, e permanece assim até os 135 km/h, desde que a bateria tenha pelo menos 10% de carga. A propósito, ela é formada por 96 células, pesa 155 kg, tem 18,1 kWh e está instalada no piso. Isso resultou em um centro de gravidade 2 cm mais baixo do que no híbrido normal, além de 260 kg a mais no peso total (1.910 kg).
O câmbio é automático CVT e a tração é integral, garantida pelo motor elétrico na traseira. Com muito silêncio dentro e fora do carro, saímos para a experiência ao volante do RAV4 PHEV e percebemos boas reações, mesmo sem a participação do motor a gasolina.
À medida que a velocidade aumenta, o torque elétrico instantâneo perde um pouco de sua explosividade, mas a resposta é sempre satisfatória. Um dos responsáveis por isso é o motor elétrico dianteiro, que tem praticamente a mesma potência do motor a combustão.
Outro aspecto positivo tem a ver com o comportamento equilibrado, fruto da plataforma GA-K, que tem feito maravilhas pelos novos Toyota. Graças a ela, o motorista se sente mais envolvido na condução, com melhor controle dos movimentos da carroceria. A suspensão independente nas quatro rodas também ajuda.
Além dos modos de dirigir que já existiam (Eco, Normal, Sport e Trail), que alteram a resposta de direção, climatização, acelerador e sistema 4×4, existem programas específicos.
Um deles mantém a carga elétrica (quando se pretende economizar para uso urbano) e outro carrega a bateria usando o motor a gasolina. O volante tem borboletas que permitem variar a intensidade do grau de recuperação de energia.
No nível mais forte dá para dirigir praticamente sem usar o pedal do freio. Basta soltar o acelerador para parar o carro. Quanto mais o RAV plug-in rodar na cidade, mais longa será a autonomia. Pode até ficar muito próxima dos 98 km informados pela Toyota, o que significa que muitos motoristas podem fazer o trajeto diário sem poluir.
Para viagens longas, nem vale a pena pensar na média homologada de 100 km/l, porque quando a bateria se esgota o RAV4 consome gasolina, e ainda por cima levando nas costas todo o peso do sistema híbrido plug-in.
Nesse caso, o melhor é considerar médias perto dos 12 km/l. A Toyota divulga alcance de 75 km no modo elétrico entre cidade e estrada. Segundo a montadora, o carregamento em tomadas domésticas de 2,3 kW (16 A) leva 7h30, e o tempo cai para 2h30 em pontos de 7,4 kW (32 A).
Externamente o RAV4 PHEV ostenta grade mais esportiva, além de alterações nos dois para-choques, pintados de preto brilhante na parte inferior. Por dentro não há grandes novidades. Os materiais de revestimento são suaves ao toque na parte alta do painel e nas portas dianteiras, mas a zona intermediária do painel e as portas traseiras não receberam o mesmo cuidado. Segundo a fábrica, os vidros dianteiros são laminados com duas películas intercaladas por resina, para isolamento acústico.
A central multimídia com tela tátil de 9” inclui vários botões físicos, para facilitar o manuseio. O mesmo vale para os comandos de climatização, localizados abaixo da tela. O senão é que o visual dos controles e grafismo do visor estão ultrapassados. A qualidade de imagem da câmera traseira também não agrada. Da mesma forma, o aspecto do quadro de instrumentos é datado. Apenas a zona central é digital, enquanto as laterais são preenchidas por mostradores analógicos.
A cabine acomoda cinco adultos sem grandes problemas. O porta-malas tem 520 litros, ou 60 litros a menos que na versão híbrida normal, por causa da bateria. Há menos área útil sob a base do compartimento, embora ela possa ser utilizada para acomodar o cabo de carregamento.
Demorou. Mas, no conjunto, a versão plug-in é mais evoluída. Pena que a Toyota ainda não decidiu se vai oferecer esta versão no Brasil.
Veredicto: A inclusão de uma tomada para recarga, com a retirada de um motor elétrico, na comparação com a versão híbrida convencional, fez bem ao RAV4.
Ficha Técnica: Toyota RAV4 PHEV
- Preço: 49.500 euros
- Motor: 4 cil., 16V, injeção direta, 2.487 cm3; 185 cv a 6.000 rpm, 23,1 kgfm a 3.200 rpm
- Elétricos – 182 cv/27,5 kgfm e 54 cv /12,3 kgfm
- Câmbio: autom. CVT, tração 4×4
- Direção: elétrica, diâm. giro, 11,8 m
- Suspensão: duplo A (diant.), multi-braços (tras.)
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Pneus: 225/50 R19
- Dimensões: comprimento, 460 cm; largura, 185,5 cm; altura, 169 cm; entre-eixos, 269 cm; peso, 1.805 kg; porta-malas, 520 l; tanque, 55 l
- Desempenho: 0 a 100 km/h, 6 s; veloc. máx., de 180 km/h; tempo de recarga, 7h30 (2,3 kW) e 2h30 (7,4kW)