Teste: Mercedes-Benz GLA 200, SUV e jovem?
A marca jura que ele é um SUV e busca trazer um novo público para suas lojas. Será que ele cumpre suas promessas?
O GLA é um dos responsáveis pela renovação da imagem da Mercedes-Benz em todo o mundo. Junto do hatch Classe A e do sedã CLA, o SUV busca um público mais jovem para juntar-se aos compradores mais tradicionais da marca.
Para reforçar toda essa ideia, o modelo passou por algumas alterações estéticas na linha 2018.
Para apresentá-las, escolhemos a versão intermediária e mais vendida do modelo, a GLA 200 Advance, que sai por R$ 175.900. É equipada com motor 1.6 turbo, entre a Style (R$ 158.900) e a Enduro (R$ 203.900).
No entanto, as mudanças são discretas e, muitas, difíceis até mesmo de serem descritas.
A maior parte das alterações está na dianteira: a grade perfurada (exatamente a mesma do grandalhão GLS) e o aplique metalizado na base do para-choque. Já os faróis redesenhados e full led são o chamariz tecnológico. As rodas também são novas, com desenho esportivo – têm 18 polegadas e pneus 235/50.
Na traseira as novidades são menores. Apenas a lanterna tem novo arranjo interno, com um interessante (e bonito) efeito brilhante causado por pequenos cristais. O visual se une à função de controle automático do brilho da iluminação das lanternas. Durante o dia, a luz emitida é mais forte.
À noite, a luminosidade é reduzida. Já quando o carro permanece aceso, mas parado, a emissão de luz atinge seu menor nível. Tudo para não ofuscar quem vem atrás.
Por dentro, as alterações seguem o ritmo do exterior. Os materiais utilizados no acabamento, como os tecidos dos bancos e a porção central do painel em alumínio escovado, são novos.
A versão Advance ganha ainda a opção de revestimento dos bancos na cor cinza, além do tradicional preto, sem custo adicional. Permanecem os bancos em concha e os pontos de luz indiretos por diversas partes do habitáculo.
O que também não muda é a iluminação amarelada dos botões, que dá aspecto de carro dos anos 90 e destoa completamente da proposta jovem do GLA, além de não conversar com o quadro de instrumentos mais moderno, com luz branca e visor digital ao centro. Os diversos botões no centro do painel, com comandos de telefone, também parecem vindos de algumas décadas atrás.
Para compensar, a central multimídia – embora de visual polêmico por estar destacada do painel, como um tablet – está mais moderna. Agora é possível conectar um smartphone com Apple CarPlay e Android Auto, com comandos de voz, leitura de mensagens, conexão com streaming de áudio, como Spotify, e os sistemas de navegação Waze e Google Maps.
Além da modernidade e da praticidade, a integração com as plataformas corrige (ou minimiza) mais um deslize do GLA: a falta de interatividade do sistema de entretenimento.
O sistema tem navegação e manuseio complicados, com funções espalhadas e a falta de seleção por toques na tela. Tudo é feito por botões físicos.
Nada práticos também são o câmbio e o botão do freio de estacionamento do GLA. O primeiro fica em uma alavanca na coluna de direção, normalmente onde ficam os comandos para os limpadores de para-brisa dos demais modelos. Já o segundo, fica à esquerda, próximo do joelho do motorista.
Mas e as funções dos limpadores? Bom, estes vão para a alavanca esquerda, a qual usamos para seta e faróis altos. Para faróis baixos e lanternas, há um seletor logo abaixo, abaixo do volante, como nos Volkswagen. Complicado? Sim! Porém, nada fora dos padrões utilizados há anos pela Mercedes-Benz.
Com exceção da configuração AMG, todos os GLA têm pacotes de equipamentos fechados, sem opcionais. No caso da Advance (lembrando, R$ 175.900), a lista é grande, mas tem seus poréns.
Câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, faróis automáticos full led, leds diurnos, rodas aro 18, partida do motor por botão, sistema multimídia completo, banco do motorista com ajustes elétricos e assistência de partida em rampas são de série.
Entre os itens de segurança, ele traz sete airbags, controles de estabilidade e tração, Isofix, pré-carregamento dos freios para situações onde o veículo identifica uma frenagem de emergência e secagem automática dos discos de freio quando os limpadores do para-brisa estão ligados.
Contudo, alguns mimos fazem falta, como ar-condicionado digital e teto solar (algumas pessoas se frustram ao entrar, olhar para cima e não se deparar com um tet0 envidraçado). Estranho também é o fato de que a chave é presencial apenas para ligar o motor, não para entrar no veículo.
UTILITÁRIO? ESPORTIVO?
A resposta para ambas as perguntas acima é sim. O modelo é o um caso raro de SUV que honra a sigla. Equipado com motor 1.6 turbo flex de 156 cv e 25,5 mkgf, o GLA tem boa disposição em circuitos urbanos e rodoviários, com retomadas e saídas ágeis.
Isso também graças ao câmbio de dupla embreagem com sete marchas, com bom escalonamento e trocas rápidas e suaves. Com gasolina, o modelo foi de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos. Consumo também é seu forte: as médias ficaram em 11,4 km/l em ciclo urbano e 15,3 km/l no rodoviário.
Em curvas o modelo também tem comportamento exemplar – e raramente você precisará dos sistemas de segurança descritos há pouco. Além da boa rigidez da carroceria e da direção firme, a suspensão traseira multilink ajuda a manter o carro grudado ao chão até mesmo em altas velocidades, como em rodovias a 120 km/h.
Mais do que um carro urbano com desempenho satisfatório, o GLA faz jus ao visual aventureiro. A suspensão off-road, que equipa os GLA 200 e 250, tem bom acerto para trechos com buracos e desníveis, tanto no asfalto, quanto na terra batida.
Firme, porém sem ser duro, o conjunto absorve as imperfeições sem que os ocupantes sofram com os impactos. Os pneus de perfil alto (235/50) também reforça o conforto a bordo.
Mas é bom pensar antes de se aventurar em lamaçais ou areia, são grandes as chances de o Mercedes de tração dianteira atolar. Apenas a configuração mais cara, GLA 45 AMG de R$ 359.900, tem tração nas quatro rodas – e, mesmo assim, focada em alto desempenho.
Todas as aptidões do GLA podem ser reforçadas com os quatro diferentes modos de condução: Sport, Eco, Comfort e Individual.
Sua mistura de utilitário e esportivo também pode ser vista no espaço interno. O porta-malas de 421 litros é bom, embora menor em relação a Audi Q3 (460 l) e BMW X1 (505 L), que dispensam o lado esportivo presente no GLA. Isso também se reflete no espaço para os ocupantes traseiros – apenas suficiente.
VEREDICTO
O GLA Advance tem duas missões no mercado: ser um SUV e conquistar os jovens. Se ele cumpre muito bem e honra as promessas da primeira missão, fica devendo na segunda. O visual, as lista de equipamentos e o desempenho conquistam, mas ainda há tradições que precisam ser deixadas de lado para atrair um novo público.
TESTE DE PISTA (GASOLINA) – MERCEDES-BENZ GLA 200 ADVANCE
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,6 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 30,9 s – 171,1 km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h (em D): 4 s
- Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 5 s
- Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 6,9 s
- Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 16/26,7/60,4 m
- Consumo urbano: 11,4 km/l
- Consumo rodoviário: 15,3 km/l
FICHA TÉCNICA – MERCEDES-BENZ GLA 200 ADVANCE
- Preço: R$ 175.900
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 1.595 cm3, 156 cv a 5.300 rpm, 25,5 mkgf 1.200 a 4.000 rpm
- Câmbio: automatizado, 7 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.) / multilink (tras.)
- Freios: discos ventilados (diant.) / discos sólidos (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: 235/50 R18
- Dimensões: comp., 441,7 cm; largura, 202,2 cm; altura, 152,4 cm; entre-eixos, 269,9 cm; peso, 1.435 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 421 l
VERSÕES – MERCEDES-BENZ GLA 200 ADVANCE
Além das alterações visuais e de equipamentos, o GLA ganhou uma nova versão: a Enduro, com aparência ainda mais aventureira. Com isso, a gama 2018 do modelo fica assim:
- GLA 200 Style (156 cv): R$ 158.900
- GLA 200 Advance (156 cv): R$ 175.900
- GLA 200 Enduro (156 cv): R$ 203.900
- GLA 250 Sport (211 cv): R$ 232.900
- GLA 45 AMG (381 cv): R$ 359.900