Renault Boreal é rápido como Compass e surpreende pelo espaço e acabamento
Desenvolvido no Brasil segundo novo posicionamento da Renault no país, o Boreal destrói crenças por onde passa, a começar pelo significado de seu nome
No sentido literal, a palavra “boreal” remete ao Hemisfério Norte, como a aurora boreal. Mas, contrariamente ao senso comum, o Renault Boreal, o primeiro SUV médio da marca no Brasil, nasceu aqui, no Hemisfério Sul, com desenvolvimento e produção locais. Discussões geográficas e etimológicas à parte, esse é um lançamento importante para o mercado, que ganha mais uma opção no segmento, e para a Renault, que reforça o novo posicionamento no país.
Iniciado pelo Kardian, os planos da marca passam por oferecer modelos mais refinados e pensados para os mercados da região. No caso do Boreal, trata-se do carro mais tecnológico e sofisticado já feito em São José dos Pinhais (PR).
O Renault Boreal estreia em três versões, Evolution (R$ 179.990), Techno (R$ 199.990) e Iconic (R$ 214.990), posicionado contra Toyota Corolla Cross, Jeep Compass, VW Taos e, por que não, os chineses GWM Haval H6 e BYD Song Pro e Song Plus. Testamos a versão topo de linha do SUV, a Iconic.
As inovações do Boreal começam pelo design, um dos pontos-chave para o segmento, com temática triangular. Na dianteira, a iluminação full- -led é distribuída em diversos pontos, com formatos irregulares, como assinatura visual. Os faróis principais são automáticos (para facho baixo e alto), e há ainda os faróis de neblina na base do para-choque.
A traseira repete as linhas, mas tem lanternas horizontais e estreitas, e um para-choque pronunciado. De lado, o SUV traz vincos até nos apliques plásticos acima das caixas de roda, e na coluna traseira, que recebe uma peça prateada com baixo-relevo. As maçanetas das portas traseiras ficam camufladas nas colunas, e as rodas são de 19” na versão topo de linha. Nas inferiores são 18”.
Mas, além de um visual atraente e moderno, com claras inspirações nos europeus Symbioz, Austral e Rafale, e o conceito Niagara, o Boreal também chama a atenção pelo porte. São 4,56 m de comprimento, 1,65 m de altura e 2,70 m de entre-eixos.
Ou seja, são 16 cm a mais no comprimento e 6 cm no entre-eixos em relação ao Jeep Compass, maior rival declarado. O espaço interno de ambos é parecido, com boa acomodação de dois adultos de estatura média, na traseira, e um túnel central que restringe o espaço para as pernas de um eventual terceiro ocupante. Há saídas de ar traseiras. E o porta-malas se sobressai: são 522 l, contra 410 l no Compass.
Por dentro, o Boreal mostra cuidado e refinamento acima da concorrência, com uso de materiais emborrachados, revestimentos sintéticos no painel e nas portas, além de variações de brilhos e texturas por todos os cantos. Há ainda luzes ambiente com 48 opções de cores, que exibem desenhos formados no painel à frente do passageiro. Os bancos têm costuras centrais onduladas e são sempre em um discreto e bonito tom de azul na versão Iconic, assim como as faixas centrais de painel e portas.
Na dianteira, os bancos são elétricos com memória e massagem para o motorista, mas o sistema massageador precisa de aprimoramentos. As bolsas infláveis empurram demais o corpo e têm limitações de alcance, com apenas três níveis de altura. Poderia ser mais sutil e localizado, provavelmente com uma quantidade maior de bolsas. O mesmo vale para o ajuste elétrico de lombar, mas este pode ser menos inflado.
Entre os itens de série, o Boreal Iconic vem com ar digital bizona, console central refrigerado, carregador de celulares por indução, freio de estacionamento eletrônico, teto solar panorâmico, som Harman Kardon com dez alto-falantes, porta-malas elétrico, câmera 360o e assistente de estacionamento semiautônomo.
O pacote ainda inclui sensores de estacionamento dianteiros, laterais e traseiros, alertas de pontos cegos e de tráfego cruzado traseiro, assistente de permanência em faixa, ACC, frenagem automática de emergência, sensor de fadiga e leitura de placas de velocidade. É um pacote bastante recheado, mas não acaba por aí.
O quadro de instrumentos tem 10” e layout moderno, com diversas visualizações e espelhamento de mapa do smartphone. A multimídia tem 10”, Android Auto e Apple CarPlay sem fio, layout atraente e alta qualidade de imagem. Ela tem ainda o sistema Google nativo.
Nada literal
O Boreal é a prova de que nem sempre a ficha técnica é soberana. Ele é equipado com motor 1.3 turbo de 156/163 cv (gasolina/etanol) e 27,5 kgfm do Duster, consideravelmente menos do que os 176 cv do 1.3 turbo que equipa o Compass e os 175 cv do 2.0 aspirado do Corolla Cross.
Em nossos testes, entretanto, feitos com gasolina (ou seja, com 156 cv), o Renault foi de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos – ou seja, apenas 0,3 s mais lento do que o Compass e 0,6 s mais rápido do que o Corolla Cross. Ele ainda vence os rivais em todas as retomadas. A explicação para isso é clara: enquanto o Compass usa um câmbio automático convencional e o Corolla Cross, um CVT, o Boreal tem um de dupla embreagem de seis marchas (de caixa úmida), com trocas rápidas, certeiras e suaves.
O Boreal é um SUV médio, com agilidade e pegada de compacto. As respostas do câmbio e do acelerador podem variar bastante de acordo com os modos de condução, que são: Eco, Sport, Comfort, Perso (personalizável) e Smart (que se adapta ao tipo de condução do momento).
No modo Eco, onde as trocas precoces de marcha privilegiam o consumo, as médias obtidas em nosso teste (com gasolina) foram de 10,5 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada. Perto dos 10,5 km/l e 13,6 km/l, respectivamente, do Compass.
Mas o Boreal vai mais uma vez além da ficha técnica e surpreende na condução, sendo o SUV médio mais firme à venda no Brasil. E isso, acredite, é bom. O modelo tem um ajuste mais rígido da suspensão, que reduz (ou até exclui) balanços exagerados e rolagens da carroceria, e dá ótima estabilidade em curvas e velocidades mais altas. Isso mesmo que a suspensão traseira seja eixo de torção, enquanto o Compass conta com o eficiente multilink.
Não pense, porém, que esse comportamento resulta em desconforto. O Renault passa com firmeza por irregularidades do solo, mas sem incomodar quem está a bordo. Em pequenos buracos e emendas do asfalto, porém, é possível sentir uma pancada um pouco mais seca, reflexo das rodas grandes, de 19”. A direção segue a mesma receita, com acerto mais direto.
No conjunto, o Boreal estreia acima da concorrência em estilo, acabamento e equipamentos, e tem uma mecânica muito bem acertada para quem gosta de dirigir. Resta o mercado perceber que a Renault mudou.
Veredicto
O Renault Boreal conquista por visual, tecnologia, dirigibilidade e espaço, com destaque para o porta-malas. E custa o mesmo que SUVs compactos completos.




































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Teste de Desempenho – Renault Boreal Iconic 1.3 turbo
Aceleração
- 0 a 100 km/h: 9,7 s
- 0 a 1.000 m: 30,8 s / 173,8 km/h
- Velocidade máxima: 180 km/h*
Retomadas
- 40 a 80 km/h: 4,9 s
- 60 a 100 km/h: 4,9 s
- 80 a 120 km/h: 6,3 s
Frenagens
- 60 km/h a 0: 14,2 m
- 80 km/h a 0: 26,6 m
- 120 km/h a 0: 60,9 m
Consumo
- Urbano: 10,5 km/l
- Rodoviário: 12,9 km/l
Ruído interno
- Neutro / RPM máx.: 44,1 / 55,8 dBA
- 80 km/h: 65,7 dBA
- 120 km/h: não informado
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 2.500 rpm
Volante: 2,5 voltas
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 21 °C; umid. relat., 49%; press., 770 mmHg. Realizado no ZF Campo de Provas
Ficha Técnica – Renault Boreal Iconic 1.3 turbo
- Motor: flex, dianteiro, transv., 4 cilindros, turbo, 16 válvulas, 1.333 cm³, 156/163 cv (gasolina/etanol) a 5.250 rpm, 27,5 kgfm (etanol/gasolina) a 2.000 rpm
- Câmbio: automatizado, dupla embreagem, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: duplo A (dianteira), eixo de torção (traseira)
- Freios: disco (dianteira), disco (traseira)
- Direção: elétrica,
- Rodas e pneus: liga leve, 205/55 R19
- Dimensões: comprimento 4,55 m, largura 2,08 m, altura 1,65 m, entre-eixos 2,70 m, peso 1.348 kg, porta-malas 522 litros, tanque 50 litros
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