Peterbilt 389: dirigimos caminhão de 630 cv com quarto com TV e geladeira
Andamos em um dos 10 Peterbilt 389 produzidos exclusivamente para colecionadores do Brasil em uma iniciativa sem precedentes no mundo
A sensação de que você já conhece esse caminhão é real. Os Peterbilt aparecem em qualquer cena que se passe em estradas dos Estados Unidos, seja de filmes ou de séries. O Optimus Prime, de Transformers, é um Peterbilt. São tão onipresentes por lá quanto os Mercedes 1113 “Muriçoca” no Brasil. Difícil é identificar rapidamente de qual Peterbilt se trata.
Essa frente comprida, com grade do radiador gigante e a cabine que começa estreita e alarga-se atrás é característica da a linhagem de caminhões que começou com o modelo 280/350, em 1954. Eles evoluíram em tudo nos últimos 68 anos, mas sem abandonar o design clássico.
É tão marcante que colecionadores brasileiros se uniram para importar 10 unidades do Peterbilt 389 novos em uma operação sem precedentes no mundo. Porque importação de caminhões é comum, mas não para apenas integrarem coleções. É tão incomum que foi difícil convencer a Paccar, dona da Peterbilt, a vender estes caminhões.
A Peterbilt já vendeu caminhões Volkswagen brasileiros nos Estados Unidos, mas hoje pertence ao grupo Paccar. Foi a DAF, única marca da Paccar atuante no Brasil, fizesse a intermediação das negociações na Fenatran de 2019.
Deu tão certo que esses caminhões formam a série especial Legendary com numeração de chassi própria e que só existe no Brasil.
O caminhão das fotos é o exemplar 2/10, pintado em preto metálico, e já começou a ser customizado com para-lamas e para-choque traseiros de inox, além de lanternas com leds sequenciais. O proprietário ainda pretende cobrir por completo as longarinas. Afinal, esse caminhão nunca será conectado a um implemento.
Rei dos cromados
Para-choque, grade, filtros de ar, retrovisores, parassol, polainas, buzinas, os clássicos dutos de escape verticais e até os faróis destacados, presos à grade como há décadas, são de inox ou cromados por tradição.
O brilho de cada uma dessas peças é um convite aos outros caminhoneiros chamarem na buzina. A resposta sai da buzina a ar, acionada por uma corda pendurada no teto à esquerda do motorista, como nos filmes.
O barulho do motor não hesita em invadir a cabine e ouve-se nitidamente o ar sendo sugado atraves dos filtros a cada aceleração. O culpado é um motor Cummins X15, um seis cilindros de 15 litros moderno que no Brasil é usado apenas para aplicações navais, como rebocadores. Pesa 1.450 kg e nesta unidade, sem limitadores de rotação, entrega 630 cv e colossais 283,2 kgfm. Não por acaso, usa freios a disco acionado pelo sistema pneumático.
O mais curioso ao assumir a direção de um caminhão tão grande é notar como a cabine é pequena, com largura equivalente a de uma Ford F-250 ou Chevrolet Silverado. Além disso, há uma oscilação lateral que não existe nos caminhões rodoviários brasileiros, com entre-eixos mais curtos.
Os instrumentos são analógicos e têm aros cromados ao redor. Mas as telas do computador de bordo e da central multimídia garantem o acesso a outras informações providenciais.
Todos os 10 Peterbilt desta série estão com praticamente todos os opcionais disponíveis. O painel é emborrachado e tem apliques imitando madeira, os bancos dianteiros são pneumáticos e o câmbio é um automatizado Eaton com 18 marchas, sendo duas overdrive.
Atrás está a maior cabine sleeper disponível, praticamente um quarto de 4 m² com mais de 2 m de pé direito, uma janela de cada lado, saídas de ar-condicionado dedicadas, geladeira, smart TV, guardarroupas e uma cama de casal.
Deitado ali, ainda é possível comandar um gerador a diesel (APU) de 2kW instalado no chassi responsável por alimentar todos os eletrodomésticos quando o motor principal estiver desligado. Só não dá para chamar de suíte por não ter banheiro. Ainda assim, justifica seu longo reinado nas rodovias norte-americanas. E nas telonas.
Ficha Técnica – Peterbilt 389 Legendary Edition
Motor: diesel, dianteiro, longitudinal, Cummins X-15 6 cilindros, turbo, 14.900 cm3; 630 cv a 2.100 rpm e 283,2 kgfm a 1400 rpm
Câmbio: automatizado, Eaton Fuller, 18 marchas, 2 ovd., tração 6×4
Direção: hidráulica
Suspensão: eixos rígidos com molas semielípticas e a ar na traseita
Freios: a ar com discos sólidos
Pneus: 24.5-32
Dimensões: entre-eixos, 711,2 cm; leito, 198,1 cm; cabine completa, 332,7 m; capô, 186 cm
Peterbilt 389 em mais de 50 fotos