Nova BMW Série 2 Active Tourer é como uma Spin, mas luxuosa e híbrida
A segunda geração do Série 2 avança em tecnologia, conveniência e motores. Este híbrido plug-in é capaz de percorrer até 90 km no modo elétrico
A melhor maneira de reconhecer um BMW de última geração é pelo tamanho de sua grade dianteira. E a segunda geração do Active Tourer não foge à regra. No monovolume, a grade foi expandida, principalmente na altura, parecendo um pouco exagerada (como de costume nos lançamentos mais recentes da marca).
Outras diferenças relevantes: os faróis e as lanternas de led são mais finos e o diâmetro das rodas cresceu. Lançado em 2014 (e atualizado em 2018), o veículo de clara vocação familiar abriu um novo caminho para a fábrica.
Dentro da BMW, o modelo recebeu o apelido de “conquistador”, já que nenhum outro lançamento trouxe tantos clientes que nunca tinham comprado um carro da marca.
Foram adicionados 2,1 cm em altura, 2,4 cm em largura e 3,2 cm em comprimento, mas o entre-eixos da primeira geração foi mantido (2,67 m), o que significa que não há mudança no espaço para as pernas. Os bancos traseiros são um pouco mais altos que os dianteiros e ajustáveis em 13 cm longitudinalmente, para beneficiar os ocupantes ou o volume do porta-malas.
Essa mobilidade do assento traseiro, no entanto, não vale para toda a gama. No test-drive em Málaga, no sul da Espanha, escolhemos a nova versão 230e xDrive (326 cv), híbrida plug-in. Por causa da bateria e de outros componentes do sistema elétrico (que ocupam espaço atrás), o banco traseiro é fixo, como na primeira geração da Chevrolet Spin. O monovolume vem com o sistema PHEV de quinta geração.
A capacidade da bateria quase duplicou (para 14,2 kWh líquidos). Segundo a fabricante, ela permite autonomia elétrica WLTP (condições reais) de até 90 km (contra 59 km antes). A autonomia total chega a 605 km, contra 420 km do modelo antecessor.
A potência elétrica subiu de 95 para 122 cv (ou 176 cv durante a função boost, que pode durar 10 segundos no modo híbrido e 2 s no modo elétrico). Ao mesmo tempo, a capacidade do carregador de bordo dobrou para 7,4 kW: é possível recarregar a bateria em 2h30.
A opção da BMW de equipar todas as unidades de teste com a suspensão M, mais rígida e 15 mm mais baixa (além da direção esportiva), transforma o carro em um devorador de curvas, muito esportivo e estável, como pudemos confirmar na rota em zigue–zague pelas estradas montanhosas ao norte de Málaga.
A contrapartida é o menor conforto (os pneus 225/50 R18 aumentam essa impressão). Embora estivesse com essa configuração de suspensão, o híbrido plug-in 230e não é mais baixo, como as demais versões, devido à instalação da bateria no piso.
Porém, graças ao peso dela, o comportamento é o mesmo. O carro é muito estável, fácil de apontar para a entrada da curva, tem direção direta e não mostra tendência de inclinação da carroceria.
Acelerações rápidas
Em qualquer situação, a aceleração é muito rápida (5,5 s de 0 a 100 km/h dá uma ideia de como é a reação), graças à elevada potência elétrica e ao câmbio de dupla embreagem e sete marchas – que pode se tornar ainda mais divertido se você usar as borboletas no volante.
Os novos modos de dirigir são Personal, Efficient e Sport (selecionados no botão “My Modes” no console central) e afetam a resposta do motor/câmbio, dinâmica (sistemas de ajuda ao motorista) e direção. O modo Sport substituiu o Individual, com ajustes personalizados.
O design do painel mudou completamente. Existem duas telas, semelhantes às do BMW iX (solução chamada Curved Display): uma para a instrumentação (10,25”) e outra para a central multimídia (10,7”), ambas controladas por um novo sistema.
A intenção da BMW foi reduzir o número de controles físicos para dar uma aparência mais limpa e minimalista, mas a verdade é que, ergonomicamente, a primeira geração do Série 2 Active Tourer era melhor. Agora é necessário interagir com a tela do sistema multimídia para fazer quase todos os ajustes, incluindo o controle do clima. Funciona muito bem.
A tela é rápida e precisa ao toque, mas, por concentrar tantas funções, sua operação parece complexa à primeira vista. Sente-se falta da simplicidade dos controles físicos anteriores. Felizmente, o Active Tourer está equipado com um sistema bastante avançado de comando por voz, que atenua o inconveniente.
Responde às instruções de voz naturais e permite realizar mais ações do que o normal (por exemplo, levantar ou baixar os vidros, ativar o aquecimento dos bancos, as luzes internas etc.).
Uma vantagem desse sistema é que o navegador utiliza mapeamento hospedado na nuvem e é capaz de receber atualizações remotas, além de possuir função de realidade aumentada (a tela principal mostra imagens capturadas pela câmera frontal que são sobrepostas com indicações virtuais).
Além disso, há um head-up display projetado em uma lâmina de policarbonato, solução menos sofisticada do que a projeção no para-brisa. A qualidade dos materiais e o acabamento geral causam boa impressão aos olhos e ao toque. Os (poucos) controles no console e nas portas revelam sensação de precisão e firmeza.
Entre os bancos dianteiros existe um console flutuante, onde ficam a nova alavanca de marchas e os controles de áudio, de modos de condução etc. Sob o console há uma área (forrada com borracha antiderrapante, ao contrário dos porta-objetos das portas) e, logo na frente, outro espaço para acomodar celular e outros itens.
Os bancos são confortáveis e, se equipado com o pacote M, como “nosso” carro, oferecem bom apoio lateral. Aquecimento e programas de massagem estão disponíveis. O espaço em altura é generoso: no banco traseiro, mesmo os que têm 1,80 metro conseguem colocar quatro dedos entre a cabeça e o teto. O porta-malas é afetado pelo sistema híbrido plug-in: de 470 litros no 218i, o volume diminui para 406 l no plug-in.
Na Europa, o lançamento comercial ocorreu em julho. No Brasil, a BMW chegou a trazer o modelo anterior, em 2015. Mas informa que não há planos de vender o novo aqui.
Veredicto – Porta de entrada de novos clientes da marca, o Active Tourer melhorou bastante na segunda geração.
Ficha Técnica – BMW 230e xDrive
Motor: gas., diant., transv., 150 cv a 4.400 rpm, 23,5 kgfm a 1.500 rpm Elétrico: 176 cv, 25,2 kgfm; pot. comb., 326 cv; torque comb., 48,6 kgfm
Câmbio: automatizado, dupla embreagem, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), three-link (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Pneus: 225/50 R18
Dimensões: compr., 438,6 cm; larg., 182,4 cm; altura, 157,6 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, n/d; porta-malas, 406 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 5,5 segundos; velocidade máxima de 140 km/h; (elétrica); 205 km/h (térmica); consumo, n/d