Mercedes-AMG G 63 é um híbrido nada leve de 600 cv e mais de R$ 2 milhões
Na linha 2025, o G 63 adota um sistema de eletrificação leve, mas isso fica para trás com tantos outros superlativos juntos
Encontrar uma palavra que possa descrever o Mercedes-AMG G 63 sem que ela soe como um palavrão é quase impossível. Isso porque ele é um jipão com mais de 2,5 toneladas, quase 600 cv, desempenho de esportivo, alto luxo e uma mistura visual entre o moderno e o retrô. Sem falar no preço, a partir de R$ 2.146.900. Para a linha 2025, as novidades incluem a versão Manufaktur, melhorias na usabilidade do sistema multimídia e a inserção de um sistema híbrido leve em seu potente motor V8 biturbo.
A versão Manufaktur possui um maior leque de personalização, algo desejado entre clientes de carros milionários. São 14 cores para a carroceria (que podem custar até R$ 31.000), 14 diferentes revestimentos no interior e três pacotes visuais (o da unidade testada é o AMG Night, que custa R$ 35.700).
Outras possibilidades estão nos cintos de segurança (paga-se R$ 6.400 para uma das quatro cores especiais, como o vermelho desta unidade), no painel (que pode ter apliques de fibra de carbono por R$ 48.400) e no volante, com opção de um visual mais esportivo, com acabamento de fibra de carbono, por mais R$ 13.000. Por fim, há mais duas opções de rodas de 22”, caso o cliente não escolha alguns dos pacotes opcionais. Elas custam até R$ 54.000.
Fora a personalização, o G 63 mantém sua aparência icônica e seu formato quadrado, em referência ao modelo original, da década de 1970, mas com elementos atuais. Na dianteira, os faróis são full-led adaptativos, com lavadores. As setas, mesmo posicionadas ao lado do capô, como nos modelos mais antigos, também têm leds na iluminação. A traseira repete as lanternas full-led e preserva o pneu sobressalente pendurado na tampa, cuja abertura é lateral e exige certo esforço.
Estão nas laterais os frisos centrais, o estribo e as saídas de escape, duas de cada lado. O que mais chama a atenção, porém, são as portas. Elas têm dobradiças aparentes e maçanetas à moda antiga, que dispensam sistemas de abertura presencial. Há ainda o trinco “raiz”, que exige uma aplicação maior de força para se fechar as portas e cujo barulho nos transporta aos anos 1970. De acordo com a Mercedes, tudo isso poderia ser mais moderno, mas os próprios clientes pedem para que elementos tão nostálgicos como esses não sejam alterados nos Classe G.
Se o exterior prioriza o vintage, o interior mostra a capacidade luxuosa do SUV. Há materiais e arremates de alto padrão, variedade de texturas e iluminação ambiente (até nas saídas de ar) em diversos tons e combinações. O console central passou por uma discreta mudança, com um redesenho dos comandos ali alocados. Ele também ganhou espaço próximo ao painel, já que o relógio analógico e os comandos físicos de multimídia ali presentes não existem mais.
Na prática, tudo isso ocorreu por uma melhoria na central multimídia, cuja tela tem 12,3”. Ela passa a ser (enfim!) sensível ao toque na linha 2025, dispensando os antigos comandos. O relógio analógico também virou um IWC digital, encontrado nos menus da central. O quadro de instrumentos, de 12,3”, não muda e segue com opções de visualização e riqueza de informações. Outras pequenas mudanças aparecem no desenho das saídas de ar centrais, que alocam comandos off-road, e no volante, agora com comandos sensíveis ao toque.
A lista de equipamentos inclui câmeras 360o, teto solar, ar-condicionado digital de três zonas, sistema de som Burmester 3D de 18 alto-falantes e 760 W, bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecimento, e sistemas ADAS, como ACC, frenagem automática de emergência, alertas de pontos cegos, entre outros. Mas ele não está imune a erros: fica devendo ventilação e massagem nos bancos, e retrovisor interno digital. Afinal, trata-se de um Mercedes de mais de R$ 2 milhões.
No quesito espaço interno, o G 63 vai bem, com ótimo espaço para quem vai atrás. Mas não espere as sobras que os 2,89 metros de entre-eixos podem sugerir. Para melhorar o conforto, há saídas de ar-condicionado com temperatura e ventilação independentes. Logo atrás, no porta-malas, são também bons 640 litros de capacidade.
Na mecânica, a novidade fica para o sistema híbrido leve (MHEV) de 48 volts, que dá 20 cv de potência e 20,5 kgfm de torque extras em situações específicas (como saídas) e por tempo determinado. Porém, como todo sistema MHEV, ele não traciona as rodas, responsabilidade exclusiva do motor V8 4.0 biturbo a gasolina, de 585 cv de potência e 86,7 kgfm de torque – sem adição do sistema elétrico.
O câmbio é de nove marchas e a tração, 4×4 com bloqueios de diferenciais dianteiro, central e traseiro. Em nossos testes, ele levou 4,3 s para ir de 0 a 100 km/h, número de esportivo e surpreendente para um carro sem apelo aerodinâmico e de 2.640 kg. O consumo foi de 6,1 km/l na cidade e 8,1 km/l na estrada.
Acelerar com o G 63 é diferente de tudo, tanto pelas credenciais já apresentadas quanto pela forma como ele entrega o desempenho. Ao afundar o pé no acelerador, o jipão sobe a dianteira e faz um estilingar acompanhado de um belíssimo e alto ronco, tipicamente rasgado de um V8. As saídas de escape laterais só melhoram a experiência por jogar o ronco (e os “pipocos” nas reduções de marcha) para as janelas. Mas tanto o ronco quanto a entrega de outros parâmetros podem variar entre os modos de condução oferecidos, selecionados por uma tela no volante.
O G também permite conduções tranquilas para o dia a dia, e as cumpre muito bem graças à suspensão AMG Active Ride Control, que não deixa que imperfeições do solo incomodem os passageiros. Mas é bom não abusar em curvas a velocidades mais altas. O G 63 não foi feito para corridas, e sim para o off-road, onde ele atinge a maestria, embora tenha desempenho de esportivo. Por fim, seu formato traz prós e contras. A visibilidade é boa, mas a posição de dirigir, mais vertical, não agrada tanto. Os ruídos de vento podem incomodar.
O Mercedes-AMG G 63 é um dos carros mais “fora da caixa” e superlativos que alguém pode ter. Não economiza em nada, nem na vontade de chamá-lo por um bom palavrão.
Veredicto Quatro Rodas
O AMG G 63 reforça sua exclusividade na linha 2025, mas não espere por um híbrido que poupa gasolina. E talvez isso seja um de seus pontos altos.
Ficha Técnica
Motor: gasolina, dianteiro, V8, biturbo, 3.982 cm³, 585 cv a 6.000 rpm, 87,6 kgfm entre 2.500 e 3.500 rpm, sistema elétrico 48 V
Câmbio: aut., 9 marchas, tração 4×4
Suspensão: braços duplos sobrepostos (dianteira), eixo rígido (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteira), disco ventilado (traseira)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: 275/50 R20
Dimensões: comprimento 4,87 m, largura 1,97 m, altura 1,72 m, entre-eixos 2,99 m, peso 2.640 kg, porta-malas 640 litros, tanque 100 litros
Teste Quatro Rodas
Aceleração
-
0 a 100 km/h: 4,3 s
-
0 a 1.000 m: 23,10 s / 217,50 km/h
-
Velocidade máxima: 220 km/h
Retomadas
-
40 a 80 km/h: 2,1 s
-
60 a 100 km/h: 2,5 s
-
80 a 120 km/h: 2,8 s
Frenagens
-
60 km/h a 0: 15,0 m
-
80 km/h a 0: 26,0 m
-
120 km/h a 0: 60,9 m
Consumo
-
Urbano: 6,1 km/l
-
Rodoviário: 8,1 km/l
Ruído interno
-
Neutro / RPM máx.: 49,6 / 93,8 dBA
-
80 km/h: 62,9 dBA
-
120 km/h: 69,2 dBA
Velocidade real a 100 km/h: 96 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 1.400 rpm
Volante: 2,5 voltas
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