Fiat Toro Ultra 2024: versões diesel podem sobreviver a Titano e Rampage?
Lançada em 2016, a Fiat Toro mantém boas virtudes até então; porém, com a chegada da concorrência interna, precisará de algumas melhorias
O ano de 2024 poderá ser decisivo para a Fiat Toro com motor a diesel. É porque a picape terá dois grandes desafios pela frente. O primeiro, será conviver com a “prima” Ram Rampage, que pode ganhar ainda uma versão mais barata. O segundo, é a Fiat Titano, picape média que chega em março pra brigar com S10, Ranger e Hilux. Em todos os casos, o degrau de preços é ou será pequeno para a Toro.
Por isso, convocamos a Toro Ultra, a versão topo de linha com motor a diesel, para mostrar suas virtudes e em que ela precisa melhorar para não ser engolida dentro de casa. Essa picape tem novidades que chegaram na linha 2024, o que já é uma das jogadas da Fiat pra mantê-la atraente. Mas serão suficientes?
Mais chamativa do que nunca
Todas as versões da nova linha passam a ter a grade com abertura maior que, não por acaso, remete às picapes da Ram, e antes equipava apenas as versões Ranch e Ultra, e opcionalmente a Volcano. Na Ultra, a borda dessa grade é em preto brilhante – até a linha 2023, ela era em preto fosco.
Outras novidades da versão são os detalhes em vermelho, como a faixa acima da grade, próxima ao capô (veja na foto abaixo, com a carroceria em branco), e as bordas das letras do nome Fiat. Os faróis seguem inalterados, com iluminação total em leds, incluindo os de neblina e as luzes de direção. Os faróis principais têm facho alto e baixo automáticos. Na traseira, nada muda.
De lado, a única novidade fica para o desenho das rodas de 17 polegadas, que dão uma aparência mais parruda à Toro Ultra. O conjunto é formado ainda pelos pneus all-terrain 225/65.
O estribo é um elemento de série na versão topo de linha e combina visualmente, mas sua utilidade ou necessidade é duvidosa. Na prática, ele mais atrapalha do que ajuda a entrar ou sair da picape, que não é tão alta a ponto de precisar de apoio. Ou seja, é necessário que os ocupantes estiquem mais as pernas nos acessos – há ainda o risco de que eles sujem a calça ou as pernas ao esbarrar no estribo.
O destaque da versão Ultra é a capota rígida, que protege mais o que você estiver transportando na caçamba, inclusive da entrada de água. Vale dizer que. ainda assim, há entrada de água e poeira, mas em menores quantidades na comparação com a capota comum, de lona.
A capota rígida é basculante, mas caso você precise carregar algo mais alto dá para remover desencaixando os amortecedores, em um processo bastante simples. O problema é que, diferente da capota comum, não há como transportar a rígida quando ela é retirada. Neste caso, ela fica em casa.
Por falar na caçamba, são 937 litros de capacidade. Há também a capacidade de carga, de 1.010 kg, e a de reboque, de 400 kg.
Espaço, acabamento e equipamentos precisam melhorar
Se o espaço para levar bagagens é bom, o para levar pessoas não convence tanto. Quem for atrás não terá tanto espaço para as pernas e, no caso de acomodação de três pessoas, haverá uma disputa entre os ombros e as pernas terão que ficar fechadas. Em duas pessoas, é um espaço apenas suficiente.
O agravante para o conforto atrás é o formato do banco, um problema de praticamente toda picape. O banco é alto e tem assento curto, além das costas muito em pé, formando quase um ângulo de 90°. Uma inclinação maior seria mais confortável mas, novamente, isso aparece em toda picape. Também faltam saídas de ar-condicionado, e há apenas uma porta USB do tipo A.
Na parte da frente, a Toro passou por importantes mudanças em 2021, com uma reformulação de painel e console, além de melhorias em acabamentos e telas, adição de equipamentos e do aumento de porta-objetos, tudo isso problemas que a picape enfrentava desde o seu lançamento, em 2016. Melhorou, mas ainda pode melhorar mais.
Começando pelo acabamento. O painel é todo em plástico rígido, mas pelo posicionamento e preço da Toro, poderia ter material emborrachado. Compass e Renegade, que nasceram juntos com a picape, são mais caprichados. Tem estofado nas áreas de contato dos braços nas portas e no centro, mas apenas na dianteira. Quem for atrás terá que lidar com apoios de braço de plástico duro.
O quadro de instrumentos tem 7 polegadas, com leitura fácil e boa quantidade de informações, e a central multimídia é vertical, com 10 polegadas. Ela tem Android Auto e Apple CarPlay, ambos sem fio, e é bem fácil de operar.
Entre os equipamentos, há ar-condicionado digital de duas zonas, seis airbags, banco do motorista com ajustes elétricos, sensor de pressão dos pneus, piloto automático, sensor de chuva e carregador de celular por indução, com ventilação.
O pacote de ADAS (tecnologias de assistência à condução) da Toro, por sua vez, é reduzido. Ele inclui apenas frenagem automática de emergência, aviso de saída de faixa com correção e farol alto automático. Não tem piloto automático adaptativo, detector de pontos cegos ou alerta de tráfego cruzado traseiro. O que mais faz falta é o alerta de pontos cegos.
Mecânica e dirigibilidade em boa forma
Se tem uma coisa que não muda e permanece muito boa na Toro é a dirigibilidade. É aquele clichê de que é uma picape com jeito de SUV para dirigir, mas tem algo a mais. Ela tem uma direção leve, bem fácil para cidade e confortável pra estrada, e uma suspensão robusta.
Dá para passar por buraqueira, pegar terra, sem nenhum problema. Apesar de ter um ajuste mais rígido, justamente para aguentar terrenos mais acidentados, ela transmite essa robustez sem perder o conforto e a boa dinâmica. Isso também graças ao esquema multilink na traseira e aos pneus all-terrain. O único problema dos pneus são os ruídos, algo que é do jogo.
Assim como uma das opções da Volcano, além da Ranch, a Toro Ultra segue com o motor 2.0 turbo diesel de 170 cv e 35,7 kgfm. É o mesmo utilizado em Commander e Rampage. O Compass deverá ter o conjunto descontinuado ainda este ano. O câmbio é automático de nove marchas e a tração é 4×4 com reduzida e sistema de controle de descida para uso no off-road.
De acordo com a Fiat, essa versão vai de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos. O consumo urbano é de 10,1 km/l e o rodoviário é de 12,6 km/l. São números suficientes e nada surpreendentes. No desempenho, as versões flex são melhores. Com gasolina, a Toro Volcano 1.3 turbo flex leva 10,8 segundos pra chegar aos 100 km/h.
E dá para sentir a diferença de desempenho no dia a dia. A diesel pode até ter o torque mais pronunciado, mas o crescimento da velocidade não é tão acentuado, ela se esforça um pouco mais, especialmente em giros mais altos. Passa longe de ser lenta, porém.
O “problema” do desempenho também está diretamente ligado ao ajuste do câmbio, que privilegia marchas mais altas. Assim, as rotações do motor ficam mais baixas e, por consequência, há menor consumo de combustível. Por outro lado, prejudica o desempenho.
O que acontecerá com a Toro diesel?
Alguns rumores antigos dizem que a Toro pode ganhar o motor 2.2 turbo diesel que deve estrear na Titano, com 200 cv. Mas aí ela ficaria mais cara e faria ainda menos sentido. Outros rumores dizem que a Toro diesel vai sair de linha, e as versões mais caras farão como o Renegade e combinarão o motor 1.3 turbo flex a uma tração 4×4. Nada disso, porém, foi confirmado até agora.
Caso nada disso seja feito em um futuro próximo, a Toro precisará de algumas melhorias para se destacar diante das versões de entrada das rivais internas, como mais equipamentos e melhor acabamento. E a Fiat tanto sabe que isso vai ser um problema, que há alguns meses reduziu em até R$ 20 mil o preço de todas as Toro diesel. Mas aumentos naturais de preços já aconteceram.
Hoje, a Toro Volcano diesel, a mais barata com esse motor, custa R$ 195.990. A Ranch e a Ultra, saem pelos mesmos R$ 212.990.Consideremos que a Titano deve partir de aproximados R$ 240 mil, perto do que a Rampage mais barata custa hoje. E que ainda poderemos ter uma Rampage abaixo disso.
Ou seja, a Toro diesel corre algum risco, sim, especialmente porque, em 2023, ela representou 39,2% das vendas, segundo dados da Jato. Isso aconteceu também por causa do preço do diesel, que andou empacando as vendas de modelos com esse tipo de motor.
Mas sejamos justos: ela ainda tem seus argumentos, especialmente na versão Ultra, com visual diferenciado. Ela vai bem no asfalto, na terra, cumpre sua função de picape e, o mais importante, tem um ótimo tamanho pra rodar na cidade. E talvez o motor a diesel ainda seja um diferencial pra quem não quer uma picape média.
Ficha técnica – Fiat Toro Ultra 2024 diesel
- Preço: a partir de R$ 212.990
- Motor: diesel, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, 1.956 cm³, 170cv e 35,7 kgfm
- Câmbio: automático, 9 marchas, tração 4×4
- Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
- Freios: discos (dianteira), tambor (traseira)
- Capacidade de carga: 1.010 kg; reboque, 400 kg
- Dimensões: comprimento, 494,5 cm; altura, 167,4 cm; largura, 185,6 cm; entre-eixos, 298,2 cm; caçamba, 937 l; tanque, 60 l